FICHAMENTO TERROR RACIAL E QUADRINHOS
Por: Aline8058743 • 10/10/2016 • Resenha • 2.081 Palavras (9 Páginas) • 425 Visualizações
JUNIOR, F. C. F. S. Imagens de raça e terror racial nos comics: x-men, espaços de diferença e imaginário norte-americano. Revista de História e Estudos Culturais. jan. 2013.
Imagens de raça e terror racial nos comics: x-men, espaços de diferença e imaginário norte-americano
Sobre os X-Men: Franquia de comics publicados pela editora Marvel, com várias revistas simultâneas com histórias se interligando. Comic é um gênero específico de histórias em quadrinhos, focado em personagens excêntricos, como super-heróis. Sua primeira história foi publicada em 1963, com a seguinte frase na capa: "Os super-heróis mais estranhos de todos". Os personagens possuíam poderes como dons telepáticos (Professor X), disparo de raios ópticos (Ciclope), gerar gelo (Homem de Gelo), habilidade corporais ampliadas (Fera), possuir asas (Anjo), dentre outros. A Marvel investe bastante em tal gênero, tendo outras franquias além dos X-Men, como Quarteto Fantástico, Homem-Aranha e Hulk.
Na trama há os mutantes do bem, que querem usar seus poderes para ajudar os humanos, e os do mal, que querem destruí-los.
Num filme da franquia, X-Men First Class, o menino judeu Erik (Magneto), perde seus pais no nazismo, um grande episódio histórico de e terror racial que visava exterminar determinados grupos. E futuramente se torna um terrorista racial, que pretende exterminar a raça humana para que os mutantes sejam livres de perseguição.
É apontado que o sucesso dessa franquia, se dá por ela representar analogamente as diferenças e hierarquizações que existem entre os seres humanos.
Sobre o trabalho: Este artigo mostra como se mantém os padrões raciais nos últimos cinquenta anos nos EUA, a partir de exemplos presentes nos quadrinhos dos X-Men. E mostra a possibilidade de se trabalhar a história cultural a partir de quadrinhos. Aborda questões como
"Qual a relação entre terror racial [sinônimo de racismo?] e entretenimento de massa, especificamente nos quadrinhos? Como essa relação atinge o imaginário, encadeando crises ou permitindo a atualização dos padrões culturais raciais numa dada sociedade?" (JUNIOR, 2013)
Para Júnior (2013) as diferenças nos quadrinhos das diferentes gerações de desenhistas e escritores são marcadas por padrões raciais. Com o passar dos anos as histórias ficam cada vez mais racializadas [isso seria diferenciar mais os personagens entre sí?]. A diferença entre os humanos e os mutantes se dava pela apropriação errônea de argumentos científicos, como a genética. [como na vida real, quando para justificar a escravidão os brancos argumentavam que os negros possuíam características biológicas inferiores]
Para este trabalho, foram analisados 3 momentos da história dos x-men, que foram relacionados ao momento histórico real:
- Surgimento dos personagens (anos 1960) - época dos movimentos americanos por direitos civis nos EUA
- Reformulação (anos 1970 e passagem para 1980) - retomada da guerra fria
- Imagens de terror racial (anos 2000) - ataque de 11 de setembro
Os X-Men, raça e os direitos civis na década de 1960
Na primeira aventura, os mutantes são reunidos pelo professor Charles Xavier, em seus Instituto para Jovens Super-Dotados, para auxiliá-los a lidar com seus poderes e para que estes não os marginalizassem. Xavier explica a aluna nova, Jean Grey, como funciona o instituto e seus princípios. Eles seriam os "mutantes do bem", que ajudariam os humanos e enfrentariam os "mutantes do mal".
Um representante desses mutantes ("raça mutante") do mal (grupo que também incluía Magneto, Feiticeira Escarlate, Mestre Mental e Grouxo) é o Magneto, que tem poder de controlar campos magnéticos e quer destruir a "raça humana" os intitulando "homo superior", fazendo referência a "homo sapiens". Magneto odeia a humanidade, desejando criar uma "mutanidade", enquanto Xavier almejanda o convívio pacífico entre as raças.
A característica principal dos mutantes é o super-poder [o autor coloca como uma "apropriação confusa de uma teoria da evolução" por que os super-poderes são colocados como uma vantagem evolutiva que fariam com que os mutantes fossem selecionados naturalmente, naturalizando as lutas e a superioridade que julgam ter sobre os humanos?]. O reconhecimento de marcas raciais nos corpos serve de argumento e justificativa para naturalizar as diferenças raciais.
As alterações físicas dos mutantes eram naturais, sem escolha destes, visto que muitas vezes não seguiam padrões sociais, como as asas do Anjo que o impediam de ser parecido como as outras pessoas. Mas para que o público se identificasse, a maioria dos personagens mutantes possuíam características que não poderiam ser visualizadas pelos demais, como a telepatia da Jean Gray.
As características sociais atribuídas ao Magneto e aos Sentinelas (robôs criado por um humano, BolivarTrask, para capturar e matar mutantes), são a partir da construção da imagem de racista, como raivoso, arrogante, megalomaníaco e intransigente. Trask dissemina medo dos mutantes entre as pessoas, falando que estes são perigosos. Perde o controle de seus robôs que partem para controlar a raça humana, porém ao ver que os X-Men só queriam protegê-los, se sacrifica para impedir suas criações. [O autor coloca que Trak e os Sentinelas foram "a façe humana do terror racial" por mostrar também o ódio vindo destes?]
O vilões que classificam racialmente de acordo com as diferenças utilizam práticas terroristas. "O terrorismo é a alternativa política de grupos que tentam elaborar formas de conduta violentas pela qual possam reivindicar espaços e exigir mudanças" (JUNIOR, 2013). Para Tosi (apud, JUNIOR, 2013) esse ato terrorista não é direcionado necessariamente às pessoas que influenciaram tal revolta [como nas guerras].
As ações de terror racial podem se dar de diversas formas como perseguição, assédio e assassinato. E a base ideológica para tal era a eugenia. "O outro é entendido como perigo contaminador da pureza de raça ou de uma comunidade" (JUNIOR, 2013) [o princípio eugenista é o de "purificação da raça” considerada superior, a partir de seleção reprodutiva, evitar miscigenação etc]. Essa ideologia pode ser notada nos mutantes do mal que partem do princípio de quererem isolar e eliminar os humanos, que segundo eles são inferiores.
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