Fernando Pessoa
Por: Kelly Elizabeth • 23/11/2015 • Trabalho acadêmico • 4.020 Palavras (17 Páginas) • 175 Visualizações
Universidade de Coimbra
Faculdade de Letras
Fernando Pessoa e a [pic 1]sua Identidade Perdida
Metodologia do Trabalho Filosófico
Professor Doutor Mário Santiago
Aluna Kelly-Elizabeth R. Marques
Índice
Introdução 4
Fernando em Pessoa 7
A Dor do Desconhecimento 9
Personalidade Múltipla 13
Conclusão 17
Bibliografia 18
Introdução
A realização deste trabalho tem por objetivo enunciar algumas das pragmáticas mais conhecidas relativamente ao “Eu” em Fernando Pessoa. Iniciarei este trabalho referindo os aspetos biográficos mais importantes em Fernando Pessoa seguindo com a explicação da busca incessante por parte de Pessoa no processo do auto-conhecimento. Justificarei através das temáticas: a dor de pensar, ao fingimento poético e à nostalgia da infância como também o refúgio de Pessoa nas diversas personagens que Pessoa criou em si.
A própria heteronímia explica e sustenta a tese de que Fernando Pessoa não se conhecia, procurando outras identidades. Das personagens mais conhecidas entre as cerca de cento e quarenta personagens, até então descobertas, são: Alberto Caeiro conhecido por “guardador de rebanhos” ou por mestre; Ricardo Reis que defendia o epicurismo, o estoicismo e o neopaganismo e Álvaro de Campos sendo este o mais próximo de Pessoa a nível psicológico e literário.
Toda a informação que foi usada para a execução deste trabalho não pode ser considerada como absoluta uma vez que ainda decorrem estudos relativamente a Fernando Pessoa e ao tema principal que defendo neste trabalho.
Friso que este trabalho é uma reflexão subjetiva.
“Eu vejo-me e estou sem mim/ Conheço-me e não sou eu.”
Fernando em Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa, nascido a 13 de junho de 1888 pelas 15h22, em em Lisboa no Largo de S. Carlos.[1]
Mergulhando na infância de Fernando Pessoa através dos seus poemas e da análise da sua vida podemos justificar transtornos depressivos em Pessoa consequência da morte do seu pai, quando apenas tinha cinco anos de idade, da morte de seu irmão e da convivência com a sua tia que era portadora de doença mental grave (Malpique 2007, 19) demonstrando assim que este cenário pode ter provocado no autor a cisão entre pensar e sentir, como a sua dor de viver, a inquietação metafísica e na incapacidade de se conhecer a si mesmo.
Em 1905 Fernando Pessoa quando está prestes a ingressar na Universidade do Cabo onde vivia com a sua mãe[2] tem de regressar para Portugal onde se candidata à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que mais tarde em 1907 abandona. Desde o seu regresso de África, não volta a sair de Lisboa.
Podemos afirmar que Fernando Pessoa tinha como profissão tradutor e era poeta e escritor como vocação, uma vez que ser poeta e escritor não pode ser considerada uma profissão.
Relativamente ao seu retrato diz-se que Fernando Pessoa possivelmente seria um homem alto em média com 1,73 m de altura, magro, com o tronco meio corcovado e vestia-se com fatos de tons escuros, talvez de modo a comparar com a sua angústia, usava também um chapéu vulgarmente amachucado e ligeiramente tombado para a direita. Tinha uma face comprida e usava óculos redondos com lentes grossas.[3]
Apesar destes aspetos biográficos de Pessoa, a nível psicológico não podemos falar com certezas, apenas com aquilo que Pessoa nos desvenda nas suas obras, nos seus poemas. O podemos afirmar é que
Fernando Pessoa se demonstra como um ser solitário que procura a sua identidade.
Como Fernando Pessoa nos diz:
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.(…)”[4]
Infelizmente até os melhores poetas, aqueles que mais nos tocam, também falecem, Fernando Pessoa embebido na sua solidão refugia-se no álcool e é vítima de uma crise hepática tratando aparentemente de uma cirrose hepática provocada pelo excesso de álcool ao longo da sua vida, falecendo no dia 30 de novembro de 1935 em Lisboa, com apenas 47 anos.
Mas como Octavio Paz refere na sua obra, Fernando Pessoa como todos os outros poetas, não têm biografia, mas podemos afirmar que a sua obra é a sua biografia.
A Dor do Desconhecimento
É através dos poemas do ortónimo que conseguimos compreender toda a insatisfação em Fernando Pessoa relativamente ao seu “Eu”. Fernando Pessoa expressa o seu auto desconhecimento através dos seus poemas, que nos permite retirar algumas das suas características pessoais tais como a identidade perdida e a incapacidade de auto-definição, uma vez que, Fernando Pessoa a certa altura apercebe-se que não se conhece independentemente da procura incessante de si mesmo levando-o a “chorar” a insatisfação da alma humana. Fernando Pessoa pode ser definido como um ser triste e incapaz de atingir os seus objetivos desmedidos, e deste modo, Pessoa mergulha no tédio, numa vida sem sentido. Sinto que para Pessoa, viver não tem sentido, uma vez que se ele não se conhece a si próprio, deste modo ele não pode entender o significado daquilo que lhe rodeia, nem de si, nem do mundo que o envolve.
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