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Formação continuada

Por:   •  29/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.412 Palavras (10 Páginas)  •  525 Visualizações

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A aula teve, portanto, como objetivos, discutir sobre a formação inicial e continuada de professores: trajetórias e perspectivas, condições e problemas atuais. E ainda discutir o papel da prática profissional na formação inicial e continuada de professores.

Flores (2010) discute em seu texto aspectos essenciais na formação inicial de professores. De acordo com Calderhead; Shorrock (1997); Hauge (2000); Flores (2001); Flores; Day (2006) apud Flores (2010) tornar-se professor é um processo complexo, o qual implica em “aprender a ensinar”, a socialização profissional e ainda a construção da identidade profissional.

Para Flores (2010) os futuros professores possuem um conjunto de crenças e de ideias sobre o ensino e sobre o que significa ser professor que interiorizaram ao longo da sua trajetória escolar.

A literatura revela que esta “aprendizagem pela observação” (LORTIE, 1975), associada às predisposições pessoais, às imagens sobre o ensino, sobre a aprendizagem e sobre o que significa ser professor, constitui um elemento central para a compreensão do processo de aprender a ensinar (FLORES, 2010).

Tal situação constitui um desafio para os formadores de professores no sentido de encontrar “um equilíbrio entre responder às “verdadeiras necessidades” dos seus alunos para desenvolverem as suas competências de ensino e fazer com que sejam aprendentes ativos e promotores do desenvolvimento do seu próprio ensino” (FLORES, 2010).

Ensinar implica a aquisição de destrezas e de conhecimentos técnicos, mas também pressupõe um processo reflexivo e crítico sobre o que significa ser professor e sobre os propósitos e valores implícitos nas próprias ações e nas instituições em que se trabalha (FLORES, 2004 apud FLORES (2010).

Loughran (2009) apud Flores (2010) realça a importância do papel dos formadores de professores, chamando especial atenção para aquilo que o autor denomina de modelação e que implica a tomada de consciência dos aspectos “visíveis” e “invisíveis” na experiência pedagógica que podem influenciar a compreensão que o aluno tem da prática, sublinhando a necessidade (e relevância em termos de aprendizagem e de construção de conhecimento profissional) de ensinar sobre o ensino através da criação de espaços onde os alunos futuros professores e os formadores de professores possam analisar e discutir a pedagogia.

Diante disso, compreender e discutir a formação, as condições de trabalho e carreira dos professores, e, em decorrência sua configuração identitária profissional, se torna importante para a compreensão e discussão da qualidade educacional de um país, ou de uma região (GATTI, 2009).

Para Azevedo (2012), a formação inicial e continuada de professores precisa ser considerada no bojo das mudanças no mundo do trabalho e emprego, centradas em um tipo de gestão inspirada na lógica de mercado. Não ignorando esses fatores, e tendo como foco de discussão a formação de professores da educação básica, o autor siatua as deficiências dessa formação como uma das questões cruciais para os problemas que afetam a educação brasileira.

Para Azevendo (2012), o cenário dessas deficiências pode ser considerado a partir de três aspectos:

o institucional, no que diz respeito às más condições do trabalho docente, à insuficiência dos recursos disponíveis e às condições das políticas de gestão; o pedagógico, considerando a fragilidade epistêmica, a carência de postura investigativa na formação docente e na insuficiência da prática no processo formativo, além da formação disciplinar, levando a visão de um mundo fragmentado, incapaz de dar conta da complexidade do trabalho docente; o ético-político, pois a formação não dá conta de desencadear no futuro professor a decisão ética de assumir o compromisso com a construção da cidadania (SEVERINO, 2004 apud AZEVEDO, 2012).

Ao discutir os dilemas da formação inicial, Calderhead e Shorrock (1997) apud Flores (2010) argumentam que existe uma tendência para simplificar bastante o debate sobre teoria e prática na formação de professores ao identificar a “prática” com o que acontece na escola e “teoria” com o que acontece na universidade.

Segundo Gatti (2009) os fundamentos para discutir a qualidade formativa de professores e, portanto, qualidade educacional, estão na ênfase dos seguintes aspectos:

1. Que o fato educacional é cultural. A educação – enquanto pensamento, ato e trabalho - está imersa na cultura, em estilos de vida, e não se acha apenas vinculada às ciências. 2. Que o papel do professor é absolutamente central. O professor é figura imprescindível. O professor não é descartável, nem substituível, pois, quando bem formado, ele detém um saber que alia conhecimento e conteúdos à didática e às condições de aprendizagem para segmentos diferenciados. Educação para se ser humano se faz em relações humanas profícuas. 3. Que o núcleo do processo educativo é a formação do aluno. Esta formação se constitui pelo entrelaçamento de processos cognitivos, afetivos, sociais, morais, dos conhecimentos, dos fazeres, das tomadas de decisão, da solução de impasses, da lida com as ambigüidades e as diferenças, do uso das técnicas ou de recursos diversos, etc. 4. Que é preciso considerar a heterogeneidade cultural e social de professores e alunos. Estudar, conhecer e levar em conta esta heterogeneidade, produzindo, então, a diversificação nas práticas educacionais e meios, a flexibilidade da estrutura organizativa para atender a uma população heterogênea. 5. Que as práticas educativas institucionalizadas determinam em grande parte a formação de professores e, na seqüência, de seus alunos. Cabe aqui a constatação e a reflexão sobre como práticas formativas possibilitam ou não, favorecem ou não a aquisição de conhecimentos, valores, atitudes, de diferentes naturezas, e, quais conhecimentos, valores e atitudes (GATTI, 2009, p. 90-92).

Pensando assim, o desafio está posto e Gatti (2009) aponta a seguinte questão: que sociedade buscamos, que escola precisamos ter, quais professores para nela atuar?

Gatti (2009), aponta que o currículo escolar e formação de docentes baseiam se em modelos completos e de pronta entrega. Hoje as estruturas formativas de professores, seus conteúdos, as didáticas, estão colocados como um enorme problema político e social.

A autora ainda questiona alguns pontos, como: o que temos na formação real de professores? E em sua carreira? Para ela a questão da formação dos professores tem sido um grande desafio para as políticas governamentais, e um desafio que se encontra também nas práticas formativas das instituições que os formam.

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