História da Pedagogia, primeira parte, Capítulo V: “O Cristianismo como revolução educativa”
Por: Júlia Brito • 13/9/2019 • Trabalho acadêmico • 775 Palavras (4 Páginas) • 228 Visualizações
CAMBI, Franco – História da Pedagogia, primeira parte, Capítulo V: “O Cristianismo como revolução educativa”
O Cristianismo surgiu como uma nova religião, na atual região da Palestina no século I, dominada pelo Império Romano neste período. Criada por Jesus, espalhou-se rapidamente pelo mundo, transformando-se atualmente na religião mais difundida. A doutrina cristã foi fortemente perseguida pelo governo da época, já que promovia uma grande revolução cultural, social e política, rompendo fortemente com os interesses clássicos vigentes naquele momento. Pode-se afirmar que o Cristianismo reformulou a estrutura familiar, no que tange a hierarquia e ao domínio, e sobretudo ao acolhimento da mulher, dos pobres e doentes, pregando o amor universal. Reinventou também o mundo do trabalho, pregando uma relação mais respeitosa entre patrões e escravos e o âmbito da política, que deveria ser inspirado na solidariedade e igualdade. Somente em 313 d.C, com o Édito de Milão promulgado por Constantino, que a tolerância religiosa dentro do Império Romano foi estabelecida. Este fato afirmou o Cristianismo como religião do Império, ganhando espaço no campo político e também pedagógico, com base nos princípios religiosos e teológicos da Paidéia Cristã, que falaremos posteriormente.
Para compreendermos os processos educativos baseados nos princípios do Cristianismo, Cambi analisa documentos canônicos: os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), que descrevem o magistério de Jesus, na qual o processo acontece a partir da figura do mestre profeta; as Epístolas de Paulo, apresentando uma pedagogia extremamente disciplinar; o Apocalipse de João, que sugere um processo de educação limitadora, onde as pessoas deveriam esperar o tempo determinado de tudo que deveria acontecer. Em síntese, as pessoas não deveriam romper as barreiras do tempo, lembrando a docilidade dos corpos, muito presente em métodos educacionais atuais. Por último, é apresentado ao leitor o Ato dos Apóstolos, onde a presença do amor e da caridade na ação educativa são princípios essenciais, principalmente no momento que a religião cristã vivenciava de extrema perseguição religiosa e luta para propagar sua mensagem nas mais diversas culturas, sem alterá-la significativamente.
Com o surgimento da Igreja Católica, nasce também uma prática educativa inédita, exercendo um poder sobre a sociedade da época. Portanto, por estar fortemente ligada ao Império, a Igreja Romana assume um papel ainda mais centrado no Império. No campo da educação, o Cristianismo dos primeiros séculos possuía duas principais características: a) imitação da figura de Cristo como modelo que todos deveriam seguir e b) formação do cristão na cultura clássica, literária, retórica e filosófica. Entretanto, este último princípio apresenta uma clara contradição, já que o Cristianismo visava romper com os valores clássicos.
Retomando a ideia de Paidéia, que propunha uma formação integral e completa do ser humano, envolvendo as esferas físicas, intelectuais e espirituais, este termo é originalmente grego. A Paidéia Cristã é o fruto da influência do Helenismo sobre o Cristianismo, como por exemplo a ideia de logos, presente no verbo descrito por João na Bíblia e também pela aproximação da imagem de Cristo à de Platão.
Pode-se dizer que já nos primeiros tempos dos apóstolos há uma primeira fase do helenismo cristão, porém é Clemente de Alexandria quem consagra de fato a Paidéia Cristã, (re)interpretando a Bíblia segundo a teoria de Platão. É ele também, juntamente com Origenes, que apresenta uma nova perspectiva de educador, como um guia cultural e espiritual; neste mesmo período, há uma retomada do ensino da Filosofia e das Ciências, ainda que de modo restrito e dentro dos aspectos religiosos. Posteriormente, padres capadócios delimitaram a maneira como o processo educacional dos jovens deveria ocorrer seguindo os princípios da Paidéia Cristã. Portanto, pode-se afirmar que o Cristianismo propagou no mundo antigo uma nova cosmovisão, absorvendo a cultura intelectual greco-romana.
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