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Intertextualidade – as relações entre os textos

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Por:   •  13/10/2014  •  Trabalho acadêmico  •  1.540 Palavras (7 Páginas)  •  412 Visualizações

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3 - INTERTEXTUALIDADE – AS RELAÇÕES ENTRE OS TEXTOS

Comunicação e Expressão - Profª Denise Duarte

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores.

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

(DIAS, Gonçalves. Canção do exílio -1846)

Do que a terra mais garrida

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;

"Nossos bosques têm mais vida",

"Nossa vida" no teu seio "mais amores".

(Hino Nacional Brasileiro) data oficial 1909

Minha terra tem macieiras da Califórnia

(...)

Nossas flores são mais bonitas

Nossas frutas mais gostosas

Mas custam cem mil réis a dúzia.

(MENDES, Murilo. Canção do Exílio.) 1930

A citação de um texto por outro, a esse diálogo entre textos dá-se o nome de intertextualidade.

Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas: primeiro, para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado; e depois, para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para polemizar com ele.

Assim, um escritor, ao fazer uso da palavra, muitas vezes, recorre a textos alheios específicos para fundamentar sua fala, discordar da fala alheia, citar um conceito, aludir a um conhecimento coletivo ou ilustrar o que pretender dizer etc. Dessa maneira, estabelece-se um diálogo entre dois ou mais textos.

A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do repertório do leitor, do seu acervo de conhecimentos literários e de outras manifestações culturais. Daí a importância da leitura. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travam entre si por meio de referências, citações e alusões. Diz-se que todo texto remete a outros textos no passado e aponta para outros no futuro. Quanto mais elementos reconhecermos em um texto, mais fácil será a leitura e mais enriquecida será a nossa interpretação, ou seja, a intertextualidade é um fenômeno cumulativo: quanto mais se lê, mais se detectam vestígios de outros textos naquele que se está lendo. Reconhecer o GÊNERO a que pertence o texto lido é uma das chaves para a melhor interpretação do contexto.

A presença de vestígios de outros assuntos dá sustentação à tese de que intertextualidade constitutiva do texto é eminentemente interdisciplinar (o mesmo texto pode ser utilizado em diversas matérias com enfoques específicos a cada uma delas). O conjunto de relações com outros textos do mesmo gênero e com outros temas transforma o texto num objeto tão aberto quantas sejam as relações que o leitor venha a perceber.

A intertextualidade permite entender por que a leitura desfaz as divisões entre as diferentes áreas do saber. O significado de um texto não se limita ao que apenas está nele; seu significado resulta da intersecção com outros. Assim a intertextualidade refere-se às relações entre textos os quais permitem que um texto derive seus significados de outros.

Quando um texto de caráter científico cita outros textos, isso é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e em nota indica-se o autor e o livro de onde se extraiu a citação. Num texto literário, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito das obras que compõem um determinado universo cultural. A essa citação de um texto por outro, a esse diálogo entre textos dá se o nome de intertextualidade.

Pode-se então perceber que intertextualidade nada mais é do que o conceito mais importante nos dias de hoje quando se fala sobre criação artística , principalmente a literatura. É muito difícil nos deparar atualmente no meio da cultura e do entretenimento com alguma coisa que seja realmente original. E isso se deve ao exercício constante da comparação, em que se estabelece, quase sempre, aproximações entre uma criação e outra. Quando se percebe que um texto usa outro texto em sua construção, mesmo que sem a intenção do autor, o que se comprova é que ocorreu a INTERTEXTUALIDADE.

Observe os textos a seguir:

“ Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá.” (Gonçalves Dias)

“Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,

Cantar o sabiá!” (Casimiro de Abreu)

“Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar.” (Oswald de Andrade)

“Minha terra não tem palmeiras...

E em vez de um mero sabiá,” (Mário Quintana)

“Minha terra tem Palmeiras

Corinthians e outros times.” (Eduardo A. da Costa)

“Minha Dinda tem cascatas

Onde canta o curió.” (Jô Soares)

A Cigarra e a Formiga

Tendo a cigarra cantado todo o estio(verão), achou-se em apuros com a entrada do inverno. Não possuía nem um pedacinho de mosca, nem um vermezinho para se alimentar. Desesperada, foi bater à porta da formiga sua vizinha. Pediu que lhe emprestasse algum grão, a fim de poder subsistir até à chegada do tempo melhor.

─ Eu pagarei com juros, disse ela, antes de agosto. Palavra de honra.

A formiga não gosta de dar emprestado, nem é prestimosa: é esse o seu defeito.

─ Que fazias no tempo de calor? – a formiga perguntou-lhe.

─ Eu cantava

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