Isabel Marques Arte em Questões
Por: Alcione Rodrigues • 14/10/2015 • Trabalho acadêmico • 1.020 Palavras (5 Páginas) • 988 Visualizações
REFERÊNCIA
MARQUES, Isabel A. e BRAZIL, Fábio. Arte em Questões. 2ºed. São Paulo: Editora Cortez, 2014.
SÍNTESE
Os autores fazem uma análise das relações entre arte e educação, o que nos interessa é discutir e problematizar a relação processo-produto focando a questão da educação, do ensino e do aprendizado de arte em escolas, associações, ONGs, e instituições.
Vale, inicialmente, mesmo que de forma concisa, pensar a arte como produto significa lançá-la às leis de mercado, adequá-la ao mercado, torná-la mercadoria consumível em escala industrial. Favoráveis dessas ideias são os empresários da mídia, os gerentes da indústria do entretenimento e os artistas que conseguem de alguma forma sustentar-se como um elo dessa cadeia de produção. O público nesse caso é visto apenas como comprador/consumidor, ele abre mão da sua cidadania-cultural em nome da lei da oferta e da procura.
Infelizmente, algumas vezes, o embasamento teórico utilizado pelos favoráveis da arte como processo é utilizado também para justificar falta de acabamento. O produto é entendido por muitos desses artistas acadêmico como algo fechado e inacessível, sem retorno e sem chance de mudar. O produto visto apenas como algo enrijecido, imóvel, possivelmente também será visto como algo sem importância.
Enquanto nos meios artístico-acadêmicos a polêmica processo-produto mobiliza teses, trabalhos e algumas verbas, no contato com a educação e o ensino de arte ela ainda gera mais resultados discutíveis do que discussão.
De modo geral, a escola parece reconhecer apenas o que foi feito. As exposições dos trabalhos de Arte dos alunos - coreografias, pinturas, peças de teatro - são apresentações únicas, nas feiras-culturais, nas mostras de dança do município, no encontro dos corais etc. Ou seja, o produto acaba sendo experimentado e vivido pelos alunos como algo realmente fechado e ordinário, a primeira é a última chance de realizar-se o trabalho em sua totalidade, partilhado com a comunidade escolar. Isso, muitas vezes, compromete a escolha do tipo de trabalho a ser feito e a metodologia – processo - utilizada para sua realização.
No que referir-se à educação formal, revela-se somente diante de resultados, das produções e apresentações de arte já quase inerente às escolas; um debate real, teoricamente embasado que vise transformar as práticas, ainda é muito incipiente.
Enfrentando a imensa maioria de professores reprodutores de atividade, há os professores e coordenadores que lutam arduamente contra o produto “acabadinho”, apresentado pelo professor e copiado pelos alunos. São os defensores da arte na escola como processo. Muitos deles são os que acreditam que arte na escola é diferente, arte na escola não existe para formar artistas, e sim indivíduos, o aprendizado significativo está no processo, e não no produto.
Por que, no que pertence à Arte, os produtos podem ser “qualquer coisa”, contanto que tenham sido trabalhados processualmente e permitindo ao aluno que construa seu conhecimento em Arte, em termos educacionais seria interessante hoje pensarmos nos processos que se completam nos produtos, nos produtos que revelam os processos. Sabemos que isso não é exatamente uma novidade, principalmente nos meios artísticos, mas sabemos também quão pouco esse pensamento transforma-se em prática nas escolas os produtos apresentados revelam também a importância e o valor que se dá à arte como forma de conhecimento na instituição.
Talvez se mudar a formação tanto dos professores quanto dos artistas, pudesse iniciar a transformação que avaliamos necessária: fazer com que os alunos sejam os protagonistas dos processos de ensino-aprendizagem sem deixar de lado a qualidade dos do que os alunos desenvolvem e o conhecimento das linguagens artísticas.
CITAÇÕES
“... Aqui, a nós, interessa-nos discutir o papel do ensino de Arte nesse jogo de tensões sociais e interesses políticos e pecuniários.” (MARQUES, 2014, p.34).
“Quando o professor de Arte está com o conhecimento, leitura e contextualização das linguagens artísticas abrem aos estudantes possibilidades de vivenciar as relações humanas de outra forma: sem a violenta e eterna competição, sem vencedores ou perdedores, sem utilitarismos primários, sem obviedades superficiais na observação, apreensão e expressão do contexto em que vive.” (MARQUES, 2014, p.37).
...