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MEMORIAL ACADEMICO

Por:   •  10/9/2016  •  Trabalho acadêmico  •  4.249 Palavras (17 Páginas)  •  532 Visualizações

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MEMORIAL

PARTE DA PESSOA QUE SOU, É EDUCADORA

Belo Horizonte/2014

A CRIANÇA QUE FUI E A ADULTA QUE SOU

Quando eu vim para esse mundo, eu não atinava em nada...

(Gal Costa)

Então hoje eu sou Gilmara: filha, irmã, esposa, nora, cunhada, mãe, educadora. Enfim, várias facetas da pessoa que sou.

Minha memória afetiva não é muito boa com datas. O relato que se inicia, são reminiscências que estavam guardados nos recônditos de minhas memórias. É por meio da memória que podemos retornar ao passado, ainda que por momentos fugazes, e recuperarmos sensações, alegrias, momentos de saudades, frustrações, enfim, lembranças que nos pertencem.

Bosi (2006) pontua que,

"Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e idéias de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é trabalho. Se assim é, deve-se duvidar da sobrevivência do passado, "tal como foi", e que se daria no inconsciente de cada sujeito. A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão, agora, à nossa disposição, no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual. Por mais nítida que nos pareça a lembrança de um fato antigo, ela não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós não somos os mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se e, com ela, nossas idéias, nossos juízos de realidade e de valor. O simples fato de lembrar o passado, no presente, exclui a identidade entre as imagens de um e de outro, e propõe a sua diferença em termos de ponto de vista (BOSI, 2006, p. 46) ".

Nesse sentido, as memórias são a principio pontes para o acesso as diferentes caminhos e vivências percorridos na minha trajetória pessoal e educacional.

DE ONDE EU VENHO... POR ONDE ANDEI.

“De onde eu venho todo mundo sabe como é. Onde eu moro todo mundo me conhece. Sei que é preciso caminhar com muita fé

Pois Deus só dá felicidade a quem merece.

Quem vem de lá sabe um pouco do que eu já passei.

Quem vem de lá dá seus passos conforme as leis. As leis de lá”

Grupo Balacobaco

Nasci na cidade de São Paulo. A minha família mudou-se para Minas Gerais, quando eu tinha quatro anos de idade. Sou a quarta filha, dos doze filhos de meus pais. Minha mãe era dona de casa e meu pai, pedreiro aposentado precocemente por acidente de trabalho. Passou o decorrer de sua vida fazendo outros trabalhos alternativos para complementar a renda. Em alguns momentos, minha mãe lavava e passava roupas para fora.

Crescemos sendo muito pobres e com muitas dificuldades. Mas minha mãe nos criou com muita dignidade e hoje somos exemplos de sua luta.

Da criança que fui tantas lembranças... Lembranças das brincadeiras na rua com os irmãos e vizinhos , correndo descalça,subindo no pé de goiaba com medo das lagartas sussuaranas , que na verdade chamávamos de sussaranas.Brincávamos de passar anel, caiu no poço,bandeirinhas,de fazer comidinhas de verdade, brincar de queimada com bola de meia,formando equipes da rua de cima contra a rua de baixo ou ficar sentada em frente da minha casa a noite,apenas jogando conversa fora com os amigos e irmãos.Naqueles tempos,podia andar tranquilamente pelas ruas, sem medo de perigos.Enfim, apenas sendo criança feliz apesar da pobreza.

Podia ir para a escola no centro da cidade, que ficava em um prédio emprestado, fazendo o trajeto pela orla da lagoa na companhia dos colegas vizinhos quando a nossa escola estava em reforma.

A primeira lembrança de escola que tenho, foi de meu irmão chegando correndo em casa e falando para a minha mãe que iria abrir uma escola na outra rua, perto de nossa escola e que era para ela me colocar lá.

Acredito que naquela época, tinha apenas uma escola de Educação Infantil na cidade e estava situada no centro da cidade, portanto longe para que eu pudesse freqüenta - lá.

A Escola era o Pré-Escolar Antônio de Castro Figueiredo. Não tenho lembranças profundas do prédio. Lembro-me apenas que se iniciou em uma casa que ficava em frente à Igreja São Sebastião e depois passou para outro lugar próximo.

As memórias mais marcantes que tenho de lá não são felizes. Assim como eu e minhas irmãs, éramos descriminadas por sermos muito pobres. Não tínhamos condições de ter material escolar e muito menos uniforme, o que acentuava a situação. A Caixa Escolar oferecia o tecido para quem não tinha condições de adquiri-lo, mas sempre ficávamos fora desse privilégio.

Acredito que fiquei lá apenas um ano. Tenho lembranças da minha primeira professora, Dona Agnéia, da funcionária que fazia a merenda e cuidava da limpeza assim como de outras professoras.

O que marcou como lembrança positiva, foi uma apresentação onde eu fui escolhida para ser a Rosa na apresentação da música “A Linda Rosa Juvenil”. Lembro-me do rancor das minhas colegas que moravam na minha rua por ter sido escolhida para representar a personagem. Acho que era por ser a única

criança loura e de olhos verdes da escola. Infelizmente a ignorância ainda é sinônimo de discriminação social.

Meus pais eram pessoas simples, que não tiveram oportunidade de estudar, mas sabiam ler e escrever. Minha mãe poderia ser considerada analfabeta funcional e meu pai apesar de não possuir diploma era uma pessoa letrada. Eles acreditavam que os filhos poderiam mudar a situação através dos estudos. Eram rigorosos a esse respeito.

Depois do pré - escolar, iniciei o ensino fundamental na Escola Estadual Cecília Dolabela Portela Azeredo. Ali também o fator social era determinante. Ser pobre era uma situação excludente. Não se valorizava o potencial do aluno. Íamos para a escola de chinelo de dedo. Como éramos muitos filhos, o uso dos chinelos tinha que ser feito em regime de escala. Encontrávamo-nos no meio do caminho e passávamos o chinelo de um para o outro. A nossa pasta era uma sacola feita com a embalagem plástica de leite. Mal tínhamos

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