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O MEMORIAL ACADÊMICO

Por:   •  8/5/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.575 Palavras (7 Páginas)  •  261 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE UBERABA

DANIEL COELHO VITAL

PRÁTICA PEDAGÓGICA I

CARATINGA-MG

2019

DANIEL COELHO VITAL

PRÁTICA PEDAGÓGICA I

Trabalho apresentado ao curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade de Uberaba como requisito para aprovação na disciplina 980228 – Prática Pedagógica I.

CARATINGA-MG

2019

MEMORIAL ACADÊMICO

Minha família sempre morou na zona rural e foi assim que meus pais se conheceram, ambos moravam no campo a uma distância razoavelmente curta e em poucos meses de namoro chegaram ao matrimônio seguindo a tradição da época no ano de 1981, meu pai era 17 anos mais velho em relação à minha mãe que tinha por volta dos 19 anos e ele os seus 30 e poucos. Um ano após o casamento eles já esperavam pela primeira filha e com espaços de mais ou menos três anos minha mãe engravidava, até que chegou a minha vez, fui o quarto filho a chegar nesse mundo depois de mim veio minha irmã mais nova totalizando cinco filhos.

Meus pais que eram de família extremamente humilde não tiveram muitas oportunidades na vida, não puderam continuar os estudos pois tinham que ajudar nas plantações de milho e feijão para o sustento da família, minha mãe cursou a segunda série incompleta (sabe ler e escrever o básico) e meu pai não fez nem a primeira série até o final (analfabeto, só assina com a impressão digital).

Meu nome foi escolhido pela minha mãe e minha avó baseadas na história bíblica de “Daniel na cova dos leões”. Quando eu tinha três anos de idade minha irmã mais velha (que ainda era praticamente uma criança) teve que abandonar os estudos para cuidar de mim pois minha mãe havia acabado de dar a luz á minha irmã mais nova.

Aos sete anos de idade começa minha vida escolar, já entro diretamente na 1° série pois minha mãe que trabalhava na lavoura de milho não podia me levar e buscar na escola, queimei varias etapas pulando a educação infantil. Meu primeiro ano escolar foi o que definiu praticamente toda a minha vida na escola, sem ter passado pela educação infantil me encontro completamente desnorteado numa classe de alunos que já tinham uma base e eu nem o nome direito escrevia, me lembro como se fosse ontem do fardo que a primeira série foi pra mim, eu não tinha amigos, era completamente tímido e introvertido, sofria diariamente com os abusos de alguns colegas( na época ainda não se usava a palavra “bullying” para definir essas práticas), como se não bastasse a professora que deveria me auxiliar, me integrar à turma e me ajudar a ficar menos tímido só piorou as coisas. Essa professora era muito autoritária e buscava respeito dos alunos por meio do medo e dos castigos, lembro bem que ela tentava me ensinar algo e eu com muita dificuldade de aprender acabava deixando ela extremamente brava, todos os dias ela se irritava com  essa minha dificuldade e gritava “Daniel dai-me a santa paciência de Deus!”  meu irmão que também estudava na mesma escola em uma serie diferente ouvia os gritos da sala em que ele estava, e no caminho para casa eu era o motivo de piada entre meu irmão e minhas primas que repetiam varias vezes os dizeres da professora e riam de mim.

A história com essa professora não parava por ai, ela chegou ao extremo de bater com uma régua de madeira daquelas grandes de uns 50 centímetros na minha mesa fazendo um barulho ensurdecedor e me deixando apavorado, conforme os meses iam passando as coisas iam piorando e ela começou a me agredir fisicamente com puxões de orelha, ela que tinha as unhas grandes e pintadas de vermelho deixava minha orelha ardendo, avermelhada e por vezes sangrando. Ela também zombava da minha timidez (timidez essa que aumentava a cada abuso que ela cometia), na minha memória ficou marcada as vezes que ela me perguntava algo e eu com vergonha de responder perante a classe ouvia da professora o seguinte: o gato comeu sua língua? Logo depois ela se voltava para a turma e dizia: “gente o gato comeu a língua dele”, isso era o bastante para que todos rissem de mim e durante todo o recreio eu ouvisse meus colegas repetindo os dizeres da professora. Com tudo isso eu perdi o interesse nos estudos e não queria voltar, só que eu era obrigado pela minha família que a essa altura dizia que eu era preguiçoso e não queria ir para a escola.

Nos anos seguintes ainda estávamos nos anos 90 onde muitos professores tinham esses métodos de ensino pautados no autoritarismo, e tive a sorte de em meio a três professoras autoritárias ser aluno de duas que já tinham métodos que colocavam o aluno como um sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, eram respeitadas sem usar de ameaças e castigos e sobre tudo eram humanas, uma dessas professoras sabendo que eu era de família pobre me doava roupas, uniformes e acima de tudo respeitava a minha realidade e portanto trabalhava comigo dentro das minhas possibilidades, desenvolvendo minhas habilidades.

Os melhores momentos da minha infância eu passei brincando com meus irmãos na terra e no mato, a gente escorregava com papelão na grama, nadava no córrego, nessa época não tínhamos televisão, mas pelo rádio ouvíamos as músicas que marcaram essa época. Quando éramos crianças meus pais começaram a sair de madrugada para trabalhar em lavouras de café em outras cidades, só voltavam bem a tarde e eu e meus irmãos íamos ao encontro deles na estrada perto de casa quando o caminhão que trazia os trabalhadores estacionava no asfalto, quase sempre meus pais traziam laranja para a gente dos pomares no entorno das lavouras.

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