O CURRÍCULO OCULTO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DE UM PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL

O CURRÍCULO OCULTO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DE UM PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL

BRUNA MIKAELY DE JESUS ALENCAR LIMA

(Graduandaem Pedagogia/UFPI/[e-mail])

PROFESSORA ORIENTADORA: HILDA MARA LOPES ARAÚJO

(Doudora em Educação/UFRN/

RESUMO

O estudo surgiu da necessidade de compreender a partir dos objetivos vivenciados, mas não declarados pela escola, como o currículo oculto pode influenciar na formação das crianças da pré-escola. Os acontecimentos, as aprendizagens, as regras, os valores e os comportamentos vão se constituindo em nossas vidas pela  inserção em redes de interdependência e, muitas vezes, não percebemos o poder dessas experiências ao longo da vida. A pesquisa desenvolvida considera esse aspecto, tendo como objetivo investigar os fatores que contribuem para as práticas pedagógicas do Currículo Oculto. O lócus da pesquisa foi uma escola pertencente à Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Teresina. De abordagem qualitativa, optamos pelos seguintes procedimentos metodológicos: técnicas de observação participante, diário de campo, entrevista semi estruturada e análise dos conteúdos difundidos através dos conhecimentos implícitos na ação educativa da escola.

PALAVRAS-CHAVES: Práticas pedagógicas. Currículo oculto. Pré-escola.

INTRODUÇÃO

        Este trabalho foi realizado como resultado de pesquisa que  tem por objetivo investigar a manifestação do currículo oculto na pratica pedagógica de docente na Educação Infantil.

       O interesse por esse tema surgiu após a apresentação de um seminário na disciplina de Teoria do Currículo e Sociedade do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí, ministrada pela professora Da. Hilda Mara Lopes de Araújo, onde estava centrado no capítulo” O Currículo como Construção social- a nova Sociologia da Educação “do livro DOCUMENTO DE INDENTIDADE” de Tomás Tadeu, que explica a existência do currículo oculto na sociedade, chamado também pelo autor de rituais e códigos realizados de forma implícita, mais que todos conseguem entender o que significa e aprender sem que alguém lhe ensine passo a passo como fazer ou onde fazer.

       Diante deste estudo buscamos ampliar o conhecimento sobre currículo oculto e compreender como ele ocorre na prática pedagógica. O currículo oculto se manifesta de diversas formas no espaço escolar, ele vai além daquele currículo utilizado nas disciplinas, e não está no planejamento diário do professor. Pode estar nas paredes da escola, e principalmente se encontra nas atitudes dos professores dentro e fora da sala de aula.

       Todo o ambiente escolar ensina, ou seja, produz conhecimento que tem como resultado a aprendizagem das crianças, que estão atento a tudo o que acontece dentro da escola, visualizam as ações de seus professores e começam a reproduzi-las em seu dia a dia. O professor precisa estar atento durante todo o período em que se encontrar no exercício de sua profissão, e agir de forma que suas ações não influenciem negativamente a formação de seus alunos.

        O currículo oculto influência muito além que o currículo formal na formação de crianças, o currículo formal leva ao conhecimento científico, que mesmo sendo utilizado na vida diária não afeta tanto quanto o conhecimento adquirido pelo currículo oculto, que é utilizado em todas as relações dentro de uma sociedade, esse currículo oculto visto e aprendido dentro do ambiente escolar vai levar a formação de um cidadão, um adulto inserido no meio da sociedade, deixando as mesmas marcas que foram por ele coletadas durante todo o seu processo de formação.

      No que concerne à metodologia, fizemos uso da abordagem qualitativa, que para MINAYO (2008) tem como parte importante a objetivação, que contribuiu para afastar a  inclusão excessiva de juízo de valor na pesquisa: são os métodos e  técnicas adequados que permitem a produção de conhecimento aceitável é reconhecido. A pesquisa foi realizada no Centro Municipal de Educação Infantil Maria Alves da Silva Brito, localizada na zona sul/rural da capital piauiense, no dia 23 de outubro de 2017, consistindo na observação de uma sala de aula com crianças de 4 a 5 anos. A observação abrangeu, ainda, outros espaços e momentos escolares (com a equipe pedagógica, planejamento dentre outros ̧).Para a coleta de dados utilizamos os seguintes procedimentos: roteiro de observação, que foi utilizado no contato inicial com o campo com a finalidade de obter as primeiras informações que ajudassem a interpretar a realidade da instituição, levando em consideração os objetivos da pesquisa,   sendo   composto   por   seis   eixos   de   apoio:

1. Observação espacial, socioeconômica, política e cultural da escola e seu entorno;
2. Características das crianças da escola;
3. Desenvolvimento das aulas;
4. Descrição dos conteúdos;
5.  Relação professor-aluno;
6. Disciplina.

Durante todo o Período na escola, utilizamos também o “Diário de Campo”, no qual estão descritas as diversas cenas das experiências vividas na escola e as sensações e impressões das pesquisadoras. Finalmente, foi realizada uma entrevista semi estruturada com a Professora, no qual utilizaremos o Pseudônimo Janaina, para preservar a identidade da professora observada e entrevistada. Janaina atua  na educação básica de ensino, da área de humanas, graduada em pedagogia e com especialização em gestão escolar. O tempo de formação é de em média 7 (sete) anos e de atuação como professor entre 13 (dez) anos, pois Janaina havia se formado no antigo Normal Superior. Ela atua dentro da sala de aula com objetivo de ensinar.

 

Estigmatização de um currículo oculto

Na Instituição Escolar existe um conjunto de valores, procedimentos crenças e atitudes que devem ser seguidas pelos seus funcionários e alunos, estas não são claramente explicitas, porém costumam ser esperados e exigidos comportamentos que geralmente são padronizados e estigmatizados por uma determinada sociedade. Podemos tomar como exemplo o modo como as crianças do sexo feminino deve utilizar o banheiro e sua postura ao se sentar, que é diferenciado do modo que as crianças do sexo masculino vão ao banheiro ou se sentam, nessa breve observação podemos perceber que o currículo oculto não se trata de uma teoria propriamente dita, mas de rituais, gestos e práticas corporais que vão muito além de um conteúdo da matriz curricular exposto em um papel. Jackson diz que “os grandes grupos”, se utilizam dos elogios e do poder combinado, para dar um sabor distinto á vida na sala de aula, ao mesmo tempo em que coletivamente vão se formando o currículo oculto, que cada estudante ou (cada professor) deve dominar com a necessidade de obter êxito na escola.