O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS ESPECIAIS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS ESPECIAIS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: ESTUDO DE CASO COM ALUNOS DA APAE DE MARAU/RS

Litiane Filipi Fávero

1. Introdução

Outrora, qualquer portador de alguma deficiência era tratado como incapacitado, e nem sequer era realizado tentativas em prol do seu desenvolvimento. Atualmente, compreende-se que a deficiência é uma condição do sujeito, essa mesma pode ser amenizada, e por vezes revertida, o que não impede de o portador estar inserido na sociedade, pensando nisso, surgem espaços acolhedores como a Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Nesses espaços, a educação física é uma grande aliada, a mesma é trabalhada de uma forma diferente das escolas regulares em função das diversas patologias, há uma necessidade de as aulas serem pensadas e trabalhadas individualmente, sendo assim, acessível a todos, promovendo e facilitando a educação do corpo, motivando dessa forma autonomia e independência. Essas atividades dão oportunidades e condições favoráveis de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, por intermédio de ações psicossociais ou psicomotoras.

As vantagens trazidas pela prática de exercícios físicos são vastas para o ser humano, auxilia no desenvolvimento físico, mental e emocional, na prevenção de doenças e na qualidade de vida. Visto isso, observa-se a necessidade de que todos indivíduos sejam praticantes, inclusive, portadores de alguma deficiência.  Quando a educação física trabalha com crianças de 4 a 10 anos, com necessidades educacionais especiais, além dos diversos benefícios trazidos ao corpo, pois como mencionado anteriormente, é planejado para cada um individualmente, obtendo assim melhores chances de desenvolvimento, irá estimular habilidades cognitivas, afetivas e sociais.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997, p.31) a Educação Física é de extrema importância nessa fase do aluno, para que eles possam desenvolver e aprimorar habilidades corporais, também interagir, visto que o desenvolvimento humano é mais eficiente quando há interação social.

Conforme as considerações acima descritas, busca-se através deste, responder ao seguinte problema de pesquisa: Quais as condições necessárias para que haja desenvolvimento em crianças especiais de 4 a 10 anos através da Educação Física na APAE-Marau/RS? Trabalha-se com as seguintes hipóteses: a) Investir em instrumentos adequados para facilitar a prática, e em bons profissionais, preferencialmente com experiência em Educação física adaptada. b) Não havendo profissionais experientes, procura-se profissionais que tenham conhecimento teórico para desenvolver na prática. c) Profissionais sem experiência prática estão sujeitos ao fracasso, não havendo assim, desenvolvimento de crianças especiais através da educação física.

Nos últimos anos, a educação física tem obtido avanços, quando se tratando do atendimento especial a portadores de alguma deficiência, um exemplo, a criação dos Jogos Paraolímpicos, que devido a várias adaptações necessárias, propicia a prática por portadores de deficiência.  Porém, a educação física adaptada ainda é um desafio, sendo assim, vê-se, a necessidade de que os cursos de educação superior desenvolvam competências para esse fim, dessa forma os estudantes de Licenciatura em Educação Física estarão preparados para ingressar no mercado de trabalho. Com o intuito de que, tanto as escolas regulares, quanto as de educação especial, tenham acesso a profissionais competentes, assim trazendo resultados imediatos e satisfatórios quanto ao desenvolvimento de crianças com necessidades especiais.

Portanto, o objetivo desse trabalho será verificar os benefícios obtidos através da educação física, para a contribuição e desenvolvimento de crianças especiais de 4 a10 anos na APAE – Marau/RS. Averiguando qual foi a motivação para começarem a praticar exercícios físicos, conhecendo as diferenças notáveis na vida desses alunos após a inserção da educação física, e apurando como os estudantes se sentem na prática dos exercícios físicos.

2. Referencial teórico

Atualmente tudo parece avançar rapidamente, a modernidade leva a crer que todas as coisas estão evoluindo, porém, quando se trata de portadores de alguma deficiência, percebe-se, o como as conquistas são pequenas e lentas. A condição de pessoas com deficiência sempre foi motivo para preconceito e exclusão, visto que, os mesmos estão fora do padrão estabelecido pela sociedade, desta forma, por diversas vezes são considerados anormais, limitados e incapazes. Registros históricos mostram que por questões sociais e culturais, entre 1200 até 1940, pessoas com deficiência eram sujeitadas a diversos procedimentos que em muitos casos levavam à morte. Apesar das práticas discriminatórias se arrastarem ao longo dos anos, com o passar do tempo e a luta constante em prol dessas pessoas, conquistou-se muitos direitos, entre eles o direito à educação.

Em 24 de outubro de 1989, foi decretado e sancionado a Lei Nº 7.853, em apoio aos portadores de alguma deficiência. A mesma, assegura os direitos individuai e sociais, como também a integração dessas pessoas. Cabendo ao poder público e seus órgãos, garantir os direitos básicos, assegurando, educação, saúde, lazer, trabalho, e outros, que propiciem o bem-estar pessoal, social e econômico de pessoas que contenham alguma deficiência. Desse modo, eles encontram amparo e têm seus direitos garantidos na legislação, facilitando e possibilitando a exigência e concretização dos tais.            

Importante salientar que nem todos os deficientes já nascem com essa adversidade. Muitas vezes, a mesma é desenvolvida ao longo da vida, podendo ser ocasionado devido a situações desfavoráveis, como acidentes de trabalho, acidentes de trânsito, doenças que vão desenvolvendo uma deficiência, entre outros. Sendo assim, em poucos segundos é possível que uma pessoa considerada normal e apta a desenvolver alguma tarefa, se torne inapta para determinadas atividades. O relevante é que independentemente da situação a sociedade veja todos indivíduos como pessoas, cada qual com suas características, mas todas como pessoas dignas de respeito, aceitação e de uma vida o mais natural possível.

Hoje em dia mesmo havendo muitas falhas e questões a serem aperfeiçoadas na educação, deseja-se que todas as crianças tenham garantido seu direito ao ensino. Quando se trata de crianças com deficiência, cada etapa é vivida com ritmo e intensidade diferente dos geralmente vivenciados por crianças sem deficiência. Justamente pela particularidade do seu processo de evolução, indivíduos que tem alguma deficiência têm de obter mais oportunidades e incentivos no processo ensino-aprendizagem (CRUZ, 2008, p.21).  É necessário que se compreenda o ritmo e as necessidades de cada um, respeitando suas limitações e auxiliando aqueles que tem maiores dificuldades na aprendizagem, para que todos, sem exceção, tenham oportunidade de desenvolvimento.