O ESTUDO DE CASO
Por: isabelamrtins • 3/10/2019 • Trabalho acadêmico • 1.408 Palavras (6 Páginas) • 128 Visualizações
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Centro de Ciências Humanas e da Educação - FAED
Departamento de Pedagogia
Disciplina: Educação das Relações Étnicorraciais
ESTUDO DE CASO
O caso se trata de um grupo de professores de uma escola municipal que se recusam a colocarem em seu plano de ensino a história e cultura africana e afro-brasileira, alegando que essa proposta parte de um viés ideológico e outro grupo aceita a proposta por entenderem a importância do assunto a ser levado aos alunos.
Durante a semana, diante de reuniões de planejamento e discussões sobre a importância da inclusão da lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio e as Diretrizes Curriculares para o Ensino de História e Cultura africana e afro-brasileira, o mesmo grupo de professores continuou resistindo à ideia, onde teria que se ter uma conversa direta com eles para explicar que é uma lei e que deve ser cumprida. Mas reforçando que não é apenas por ser uma lei que esses assuntos devem ser incluídos nos planos de ensinos, pois é um assunto muito rico e importante para apresentar a história do continente africano para os alunos sem ficar sempre no mesmo assunto e relacionando a África apenas à escravidão.
As coordenações pedagógicas promoverão o aprofundamento de estudos, para que os professores concebam e desenvolvam unidades de estudos, projetos e programas, abrangendo os diferentes componentes curriculares. (MÜLLER, 2013)
Para que se tenha uma compreensão dos professores de uma forma mais dinâmica e leve, sem deixar o clima do local pesado por conta de discussões sobre a implementação do assunto em seus planos de aula, seria proposta uma atividade para que de uma maneira mais descontraída podem ser discutidos assuntos que são de mais seriedade. A dinâmica proposta seria o “Jogo dos Privilégios”, onde os participantes, que no caso seriam todos os funcionários da escola, incluindo professores, secretários, pessoas que trabalham nos serviços gerais, merendeiras e outros funcionários que aceitarem participar da proposta, pois quanto mais gente
e mais variações de profissões dentro de um mesmo local, mais vai ser possível a visualização de certos privilégios que podem passar despercebidos no dia a dia em um mesmo ambiente de trabalho.
O jogo funciona da seguinte forma: os participantes se dispõem em uma linha reta como peças de um tabuleiro, onde serão feitas perguntas sobre privilégios e desprivilegios presentes no cotidiano das pessoas e dependendo da resposta, quem está jogando daria um passo para frente ou para trás. Perguntas mais sérias como “você estudou a história da sua cultura na escola?", "já ouviu alguma piada sobre sua pele ou cabelo?”, “sua religião já foi motivo de medo ou piada por alguém?" E também perguntas tidas como mais simples que podem passar despercebidas no dia a dia como “você estudou em escolas particulares ao longo da vida?”, “você encontra produtos para seu tom de pele?”, “você se sente representado nas propagandas e televisão?” por exemplo. No final do jogo, os participantes não estarão mais em uma linha reta, mas sim em posições diferentes, o que mostraria visualmente a desigualdade que existe dentro de uma única instituição, e fazendo eles refletirem como seria então esse resultado aumentando para proporções globais.
Depois do jogo seria feito um debate com os professores sobre os resultados obtidos na atividade, sobre como eles se sentem depois da realização dela, pois com esse debate e um questionamento sobre os privilégios explicitados, mesmo que em uma simples brincadeira, é uma forma de despertar nas pessoas que a desigualdade existe e precisa ser combatida. Tirar de algumas perguntas feitas assuntos para conversar, como por exemplo a pergunta “você se sente representado nas propagandas e televisão?", onde muitos poderão falar que tem negros sim na mídia, porém não percebem como a maioria dos negros representados na mídia acabam possuindo características muito parecidas: os traços finos. Isso se dá pelo conceito de branquitude, como fala a professora Lia Schucman no texto “Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana”.
A branquitude é entendida como uma posição em que sujeitos que ocupam esta posição foram sistematicamente privilegiados no que diz respeito ao acesso a recursos materiais e simbólicos, gerados inicialmente pelo colonialismo e pelo imperialismo, e que se mantêm e são preservados na contemporaneidade. (SCHUCMAN, 2014, p. 2)
É difícil associar no ensino a história do continente africano e seus países diretamente com sua história e cultura, pois geralmente o que se aprende sobre a África é resumido em escravização e pobreza, como se desde o começo da existência humana fosse assim. Outro ponto é a falsa representatividade negra nas mídias, em novelas se encontra um número razoável
de negros, mas sempre em papéis como empregadas de patrões brancos, bandidos e pobres. Mas vale ressaltar que, sempre quando os papéis são alguns desses, eles escolhem negros com traços mais marcantes no rosto, e quando eles estão interpretando papéis que recebem mais destaques positivos, a branquitude prevalece, tendo atores negros com traços finos, tentando aproximar o máximo possível de um padrão “branco”.
O parecer que definiu as "Diretrizes curriculares nacionais para a
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