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O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano

Por:   •  8/5/2017  •  Dissertação  •  1.089 Palavras (5 Páginas)  •  979 Visualizações

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Resenha sobre o Livro “O Erro de Descartes” Emoção, Razão e o Cérebro Humano de Antônio R. Damásio

Título: O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano

Editora: Companhia das Letras

Autor: Antônio R. Damásio

Ano: 1996

336 páginas

        Em seu livro “O Erro de Descartes” Antônio Damásio, aponta alguns “erros” de Descartes – a separação entre mente e o corpo. O que se passa no cérebro são operações mentais; isso influencia o corpo e vice-versa. O livro de Damásio é emocionante! Uma referência indispensável para psicólogos, neurologistas, pedagogos e todos interessados no estudo do comportamento humano.

        O autor a partir de questões levantadas, passa a apresentar uma série de argumentos anátomo-fisiológicos sobre a formação e processamento de imagens no cérebro e defende que o nosso raciocínio é feito de sequências ordenadas de imagens. Essas análises apontam para uma intrínseca relação entre as estruturas cerebrais relacionadas na gênese e na expressão das emoções (o sistema límbico) e a região do córtex cerebral ligado à tomada de decisões (ex. córtex frontal).

        Ultimamente vários estudos estão sendo abordados sobre o “antigo” tema das emoções e sua importância no controle do comportamento, incluindo as chamadas funções mentais superiores como a aprendizagem, inteligência, percepção e memória. Frisa em seu trabalho o autor, que é gratificante constatar que o debate sobre o tema superou a barreira dos laboratórios e da academia e passou a fazer parte do cotidiano de um público mais abrangente.

Compreende-se, portanto, o título do livro. A mente é fruto do cérebro contrapondo cartesianismo no qual a alma (razão pura) é independente do corpo e das emoções, e não ocupa lugar no espaço. Além disso, o método de estudo mecanicista proposto por Descartes é questionado. O autor Damásio defende uma fusão do estudo neurobiológico com a investigação psicológica numa abordagem integrativa das emoções e da razão. Trabalhos realizados subdividindo o fenômeno nas menores partes possíveis a fim de se entender cada uma separadamente, como propôs Descartes no seu livro “Discurso do Método”, não nos levariam a um compreendimento completo e amplo da tomada de decisões ou de qualquer outro fenômeno.

O dualismo cartesiano tem influenciado o pensamento filosófico e a pesquisa científica, em particular a inteligência artificial. Segundo Damásio, o entendimento de que a mente (entendida como processos cerebrais) é algo separado e/ou autônomo do corpo tem levado alguns pesquisadores a suporem que serão capazes de compreender o que somos biologicamente através da simulação de processos biológicos com computadores que só possuem uma “mente”. Nessa abordagem não há espaço à ideia de um corpo modificável em certas circunstâncias que chamamos emoções e à apreciação do estado deste corpo e da mente durante as emoções. Apreciação essa em que Damásio coloca como os sentimentos.

A primeira parte do livro retrata casos intrigantes de pessoas com lesões cerebrais. Um destes é o de Phineas Gafe que em 1848, teve parte frontal do seu cérebro transpassada por uma barra de ferro e espantosamente não veio a falecer. Entretanto, após esse acidente Gage passou a se comportar de uma maneira estranha. Ele que era uma pessoa responsável e trabalhadora, mudou seu comportamento, tornando-se imprevisível e com uma grande dificuldade de tomar decisões. Embora, após seu acidente, o seu raciocínio lógico, a sua memória consciente e habilidades linguísticas apresentavam-se normais. Outros casos posteriores que também apresentavam lesões do córtex frontal demonstravam uma incapacidade em tomar decisões. Uma análise neuropsicológica desses pacientes indicou uma baixa reatividade emocional. De posse dessa observação o autor sugere o déficit no comportamento emocional como causa da limitação de tomar decisões racionais. Segundo ele, a razão, por si só, não sabe quando começar ou parar de avaliar custos e benefícios para uma tomada de decisões. É o quadro referencial das nossas emoções que seleciona as opções.

A partir desse ponto Damásio inseri a hipótese do marcador somático, um dos objetivos centrais do seu livro. Essa hipótese é uma elaboração neuropsicológica da teoria das emoções de William James (1884). Segundo Damásio, existem emoções primárias e secundárias e sentimentos associados às emoções. As emoções primárias envolvem disposições inatas para responder a certas classes de estímulos, controladas pelo sistema límbico. As emoções secundárias seriam aprendidas e envolveriam categorizações de representações de estímulos, associados a respostas passadas, avaliadas como boas ou ruins.

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