O Papel expansionista da escola contemporânea
Por: Verolinha • 22/5/2018 • Resenha • 1.832 Palavras (8 Páginas) • 269 Visualizações
Resenha: O papel expansionista da escola contemporânea
Com base no artigo apresentado pode-se observar e analisar que vivemos, na atualidade, um fenômeno que podemos denominar educacionalização do social, ou uma obsessão contemporânea pela educação. Recorrentemente, a educação é apontada como instância de solução para uma variedade de problemas sociais que se vinculam a áreas bastante distintas. Problemas da ordem da saúde, da produtividade, do emprego, do uso de drogas, da gravidez na adolescência, se tornem problemas a serem gerenciados pela educação. Pode-se assim questionar: será que nós seres humanos estamos atentos e preparados para as mudanças educacionais e sociais? Verifica-se que a educação, como estratégia de governo, é insistentemente convocada por políticas, programas e discursos públicos para solucionar as mazelas sociais. Partindo desse pressuposto, o presente texto pretende apresentar uma discussão que problematiza a articulação entre os campos da educação e da assistência social, analisando, a partir de lentes foucaultianas, as implicações que determinados fenômenos contemporâneos produzem no papel da escola. Ao questionar e problematizar esse caráter expansionista da escola, não estamos querendo dizer que a escola não deva atentar para questões sociais, pessoais, biológicas ou psicológicas das crianças e deixar de considerá-las em suas práticas cotidianas. Porém, um aspecto é o envolvimento com um conjunto de circunstâncias sociais e pessoais que trazem em sua história de vida. Diante de tais fatos analisa-se que a contemporaneidade, é inegável, tem testemunhado um alargamento progressivo do raio da ação escolar, consubstanciado na multiplicação do rol de incumbências de seus profissionais, por sua vez, lembra que a educação e a escola têm sido frequentemente acionadas como elementos complementares e até mesmo essenciais para a viabilização de iniciativas, programas e/ou campanhas que envolvam as mais diversas dimensões da vida humana. Como quarto ponto analisado nas Diretrizes Curriculares Nacionais (2013) está a organização de uma base nacional comum que deverá abranger conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente. Ademais, o documento também afirma que sejam previstos o desenvolvimento de habilidades intelectuais, afetivas, sociais e políticas. Ou melhor, é preciso que os currículos não se limitem aos conhecimentos, saberes e valores, mas que sejam capazes de incentivar a aprendizagem de habilidades para que os sujeitos aprendam a fazer escolhas, sejam responsáveis por si e conduzam suas vidas dentro das prerrogativas atuais. Destacamos no trabalho do referido autor o deslocamento de uma sociedade de ensino para uma sociedade de aprendizagem, em que os sujeitos devem estar aptos a aprender por toda a vida e, para isso, devem ter certas habilidades que façam parte dessa lógica e sejam conduzidos para esse fim. Para tal, consideramos a necessidade de elaboração de orientações sobre a educação, a escola e a docência que atendam a essa finalidade. De certo modo, foi essa a discussão que procuramos empreender até aqui, mostrando a visão trazida nos documentos oficiais que regulam e orientam a educação brasileira atual. Talvez, a elaboração de uma base nacional comum que especifique saberes, conhecimentos e habilidades para a Educação Básica brasileira vá remeter a esses preceitos. Nas próximas seções iremos aprofundar o papel da escola e da docência que – atravessadas por essas questões – estão se reconfigurando. Para tanto é preciso lembrar que essa reconfiguração no papel da escola, acontece de forma imanente, com o fenômeno da educacionalização do social. Além disso, pode-se perceber que tal alargamento das funções da escola entra em funcionamento por meio da proliferação de programas e projetos sociais que vemos se desenvolver no interior da escola contemporânea. Se o fenômeno da educacionalização do social convoca constantemente a educação como forma de resolução de uma variedade de problemas é, exatamente, por meio de projetos e programas sociais e assistenciais que tudo isso entra em funcionamento. A partir de tais fatos observa-se uma proliferação de políticas programas e projetos que utilizam a escola como mecanismo de efetivação para agir sobre o social, conduzindo a vida dos sujeitos de determinados modos e com isso gerenciando o risco que muitos podem produzir a si e ao restante da população. Isso pode ser visualizado nos discursos materializados nos documentos analisados nesse texto e que encaminham a discussão de uma base comum nacional que parece secundarizar o ensino e incluir outras habilidades que relacionam-se aos âmbitos sociais, emocionais, afetivos, etc. Nessa visão, indicamos nossa preocupação com essa instituição e com os docentes que nela atuam, pois podem estar se afastando do ensino e do conhecimento e estejam se aproximando de outras funções, como a de dar conta das mazelas sociais e da condução das condutas dos sujeitos. Assistimos as inúmeras transformações que povoam o cenário contemporâneo. Dentre essas mudanças, podemos dizer que a escola também se transformou e não é mais o único lugar que nos ensina. Somos a todo o momento convocados a nos comportar de uma ou de outra maneira, subjetivados pelas diversas instâncias que nos educam, nos ensinam e nos moldam. Hoje isso não é mais necessário, pois o controle está disseminado em todos os lugares e transforma as então permanentes características sociais trazendo à tona significativas mudanças Portanto no decorrer do texto, analisou-se o intento de debater qual o papel que uma base nacional comum poderia ocupar no cenário educacional contemporâneo. Sem querer esgotar o tema ou chegar a uma verdade, trazemos nosso modo particular de olhar, considerando que cada prática surge em uma determinada época por condições de possibilidades que a fizeram dessa forma e que servem a racionalidade que vivemos hoje.
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