O TEXTO SOBRE FILOSOFIA
Por: Jeovanabg • 23/9/2022 • Artigo • 650 Palavras (3 Páginas) • 95 Visualizações
O poço e a barbárie
O filme “O poço” é um longa-metragem, lançado em 2019, pela Netflix e teve como diretor o Galder Gaztelu-Urrutia. O filme conta a história de um lugar misterioso, uma prisão vertical em um buraco profundo, onde são 333 níveis, e em cada nível fica dois prisioneiros. Existe uma plataforma descendente contendo comida para todos eles. É uma luta desumana pela sobrevivência, visto que a comida não chega para todos os níveis devido à falta de solidariedade. A comida é o recurso - quanto mais em cima se está, mais recursos estão disponíveis, até que não sobre nada para quem está abaixo.
O filme tem como personagem principal o Goreng, um homem viciado em cigarro que escolheu ir para esse até então reabilitação, porém, ele não imaginava até chegar literalmente no poço que se tratava de uma prisão desumana. Nos níveis mais baixos as pessoas não tinham o que comer e se viam obrigados a matar seus companheiros e comerem a carne dos mesmos, na tentativa de sobreviver a fome.
Contudo diante de toda desumanização presente no filme, observa-se uma relação com o ato de “barbárie”, um dos assuntos tratados no texto do Adorno “Educação após Auschwitz”. A monstruosidade que acontece durante o filme é literalmente uma barbárie, pessoas morrendo sem um mínimo de culpa, se matando por falta de comida, sem poder sair do poço, sem se despedir de suas famílias, foram colocados ali para morrer de fome ou serem assassinadas, paralelamente ao texto, Adorno fala dos campos de concentração onde as pessoas morriam ser ter culpa ou escolha de viver, apenas por serem diferentes. Contudo, a culpa de toda desumanidade seria da civilização que tem em suas origens atos de criação desde a infância e que durante o desenvolvimento dessas pessoas, se tornariam pessoas más que fazem esses tipos de monstruosidade. Como fala Adorno:
“Contudo, na medida em que, conforme os ensinamentos da psicologia profunda, todo caráter, inclusive daqueles que mais tarde praticam crimes, forma-se na primeira infância, a educação que tem por objetivo evitar a repetição precisa se concentrar na primeira infância” (ADORNO, 1995, p.3)
Falando especificamente sobre a “infância”, Adorno deixa claro que tudo o que um adulto venha a se tornar, é o reflexo do que foi ou deixou de ser a infância de uma criança. Fazendo uma relação indiretamente com o filme, observa-se em uma cena um adolescente com Síndrome de Down, ele é alimentado por Goreng e Baharat, e então o rapaz com Síndrome de Down pergunta se o seu amigo vai morrer, pois ele estava sem comer a muito tempo, e Baharat responde que se o rapaz cuidar de seu amigo ele não iria morrer, porém o rapaz responde da seguinte forma: “Ele vai morrer de qualquer jeito, vou sufocar ele com travesseiro”. Se podemos considera-lo com características intelectual de uma criança, isso se torna absurdamente espantoso, aquele rapaz passou muito tempo vendo coisas ruins acontecendo e com isso ele aprendeu a ter as mesmas atitudes, dá mesma forma ocorre com as crianças, por exemplo quando maltratam animais, ou batem no coleguinha na escola, essas atitudes devem ser repreendidas pelos pais, pois são esses pequenos atos que vão se desenvolvendo e que na fase adolescente/adulto podem se transformar em algo mais sério, como por exemplo atos que são considerados crimes diante da lei. Existia uma criança que vivia no último nível do poço, aquela criança não tinha nenhuma característica agressiva, pois como nos últimos níveis não tinha ninguém vivo e a criança era alimentada pela mãe que subia e descia sempre, a menina não tinha contato com os outros prisioneiros e consequentemente não desenvolveu nenhum tipo de característica de canibalismo como o resto dos prisioneiros.
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