O Xadrez na Escola
Por: Bibliotecaeprsc • 27/5/2022 • Artigo • 3.721 Palavras (15 Páginas) • 98 Visualizações
A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE XADREZ – RELATO DA EXPERIÊNCIA NA ESCOLAS DOM VICENTE DE PAULA E 18 DE MAIO
Natalia Cristina Ferreira Sampaio[1]
Érica Camila Silva Pereira[2]
RESUMO
Nascido da necessidade de orientação pedagógica para o ensino do xadrez, este artigo traz o relato das experiências vividas no ministrar desta modalidade nas Escolas Dom Vicente de Paula e 18 de Maio, localizadas na cidade de Crato – CE, e participantes do Projeto Geração Olímpica, financiado pelo PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Em preparação para as aulas, buscou-se bibliografia sobre as estratégias didático-pedagógicas no ensino do xadrez, verificando-se a escassez de produções acerca do assunto. Assim, construiu-se este trabalho com o objetivo de analisar as estratégias pedagógicas utilizadas nas experiências vividas como bolsistas do Projeto. Destaca-se a utilização de diversos materiais que contribuíram muito para a aprendizagem dos alunos, de forma que um jogo considerado chato e monótono acabou por se tornar um hobby entre os estudantes das duas escolas. Buscou-se também fazer um paralelo entre as estratégias utilizadas nas escolas, as características específicas do xadrez e as orientações de autores como Darido (2001), Libâneo (1994) e Coletivo de Autores (1992). Destes autores, buscou-se a teoria que tentamos corroborar com as experiências práticas, percebendo ao final de tudo, como os recursos didáticos pedagógicos podem se tornar mais eficazes a medida que são adaptados à realidade onde se trabalha.
Palavras-chave: Xadrez, Jogo, Educação Física
1. INTRODUÇÃO
A experiência efetiva de ensinar, invariavelmente constitui um exercício de busca e preparação, de autoavaliação e correção. Se todo este processo ocorrer de forma adequada, culminará na evolução do aluno e na satisfação do educador. Um processo de ensino-aprendizagem adequado não implica necessariamente a inexistência de problemas, mas a sensibilidade de saber resolvê-los a aproveitar-se deles.
É neste último ponto, o aproveitamento da oportunidade gerada pelo problema, que germinou a semente deste trabalho. Ele relata as experiências vividas no exercício da docência, particularmente no ensino do xadrez, nas escolas Dom Vicente de Paula e 18 de Maio, ambas localizadas na cidade de Crato – CE e participantes do Projeto Geração Olímpica, que será discutido mais a frente.
Foi mergulhando no processo de busca e preparação para a docência do xadrez que percebemos uma deficiência quanto às produções bibliográficas voltadas para as questões pedagógicas que giram em torno deste jogo. Encontra-se muito material ensinando a jogar, ou falando dos benefícios gerados pelo hábito de jogar xadrez, mas pouco se fala do processo pedagógico do seu ensino.
Assim, partindo da posição privilegiada de acadêmicas, decidimos produzir aquilo que não encontrávamos, relatando nossas experiências e discutindo as questões pedagógicas. Optamos por focar no uso dos recursos materiais e suas implicações.
No caminho desta produção, nos norteamos principalmente pelo seguinte objetivo: Relatar as experiências vividas no exercicio da docência do xadrez nas escolas Dom Vicente de Paula e 18 de Maio, analisando e refletindo sobre as estratégias pedagógicas utilizadas.
Dessa forma, iniciamos as discussões com a apresentação do Projeto Geração Olímpica e sua chegada às escolas, seguida de uma revisão bibliográfica acerca do ensino dos jogos e do xadrez. Após, fazemos o relato das experiência vividas, buscando a relação com o que diz a bibliografia, terminando com a apresentação das expectativas e propostas a serem introduzidas nas respectivas escolas.
2. PROJETO GERAÇÃO OLÍMPICA: O CAMINHO ATÉ A ESCOLA
O Projeto Geração Olímpica iniciou-se em agosto de 2012, após a seleção dos vinte e quatro bolsistas, financiados pelo PIBID (Programa Instiucional de Bolsas de Iniciação à Docência) que iriam atuar em três escolas públicas da cidade de Crato – CE, também previamente selecionadas. Tal Projeto consiste em inserir nestas escolas, modalidades esportivas pouco trabalhadas nas aulas de Educação Física, a fim de permitir aos alunos a experimentação e possível descoberta de habilidades em determinado esporte. Por isso o termo Geração Olímpica, pois a habilidade descoberta na escola, pode, com encaminhamento correto, culminar na formação de um atleta olímpico.
Assim, são escolhidas pela coordenação do Projeto e pelos bolsistas, três modalidades de cada vez, que serão ministradas em um curto período de tempo, suficiente para a experimentação e descoberta de afinidade. Em uma segunda fase, os alunos da própria escola serão consultados sobre qual modalidade deverá se tornar prática permanente. O xadrez, porém, é ministrado ininterruptamente desde o início das atividades e deverá permanecer assim durante toda a vigência do Projeto.
Pois bem, designados os bolsistas que deveriam atuar em cada escola, iniciaram-se os trabalhos com a apresentação à gestão da escola e aos alunos. Obviamente realidades diferentes produziram situações diferentes. Na Escola Dom Vicente de Paula, a receptividade da gestão e, por consequência, dos educandos, foi enorme. A ponto de ser destinado na rotina escolar, um momento no qual os alunos foram reunidos no pátio para que os bolsistas pudessem explicar sobre esta “grande novidade que estava chegando”.
Na escola 18 de Maio a receptividade inicialmente não foi tão boa. Houveram alguns problemas com a gestão, mas assim que foram contornados, a adesão dos alunos atingiu níveis médios.
Divulgado o Projeto e cadastrados os alunos, começaram as aulas de xadrez. Isso implica que os bolsistas, agora no papel de docentes, precisaram uscar informações e capacitar-se para ministrar as aulas. Isto foi feito através das capacitações promovidas pela coordenação do projeto e pela busca de bibliografia específica. Foi neste instante que nos deparamos com a primeira dificuldade, já citada anteriormente: a escassez de material com orientações pedagógicas para o ensino do xadrez.
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