OS MOTIVADORES E DESMOTIVADORES ESCOLARES
Por: Tqfernandes • 7/5/2015 • Artigo • 2.857 Palavras (12 Páginas) • 298 Visualizações
OS MOTIVADORES OU DESMOTIVADORES PARA QUE OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS ENTREM E CONTINUEM NA ESCOLA.
Por Telma Queiróz e Adriana Sampaio2
Resumo
Este artigo tem a finalidade de analisar e discutir as possíveis motivações existentes entre a escola, o corpo docente, a sociedade e os alunos da Educação de Pessoas Jovens e Adultos que levam estes a adentrarem na escola ou desistirem da mesma. Esta análise se fundamenta a partir de visitas realizadas numa turma de alunos, na escola Amélia Ribeiro, no bairro do Cansanção, em Jequié-Ba, e a partir de uma revisão teórica fundamental na construção dos argumentos apresentados. Analisaremos também como está se dando o repasse de conhecimentos por parte do professor ao aluno de Educação de Pessoas Jovens e Adultos através de práticas diferenciadas de aprendizagem, com uma visão da educação como ato político, trabalhando na compreensão de que são agentes de transformação social, surgindo daí motivações para que possam dar continuidade aos estudos, pois como sabemos, são muitos os obstáculos que esses alunos enfrentam para estar na escola e continuar nela.
Palavras Chaves: Educador. EJA. Motivação.
Introdução
Os alunos da Educação de Pessoas Jovens e Adultos são considerados como grupo diferenciado, pois é composto por alunos que não puderam completar seus estudos em um tempo regular, devido a várias problemáticas. Na maioria dos casos, o estudante não deixou por sua própria vontade a escola, vários fatores contribuíram para isso, como a família ou o trabalho.
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1- Artigo produzido sob orientação da professora Cássia Brandão, para fins avaliativos.
2- Alunas do V semestre de pedagogia da Universidade do Sudoeste da Bahia – UESB, campus de Jequié.
Ficam anos longe da escola, alguns trabalham para sustentar a família, outros simplesmente se entregam aos afazeres domésticos, e ao despertarem para uma nova fase da vida – continuar os estudos – se deparam com pequenos cursos de alfabetização. Muitas vezes, os alunos começam a freqüentá-lo, mas são desestimulados pela falta de motivação por parte dos professores, estes que em sua maioria são despreparados e desprovidos de técnicas pedagógicas abertas à compreensão e interpretação daquilo que o aluno está aprendendo, ou então vêem na sociedade moderna outros atrativos que ocupam seu tempo, proporcionando-lhes alguma diversão ou conforto, algo que não os discriminem pelo que são e que os valorizem, mesmo que de forma ilusória, como discutiremos adiante. Os alunos que continuam estudando terminam na maioria das vezes, sendo tratados por alguns professores, como crianças ou incapazes, fato que prejudica seu processo de aprendizagem e que pode reduzir seu conhecimento à assinatura do nome ou a decodificação do alfabeto.
Na turma visitada, com um pequeno número de alunos freqüentando as aulas (quase metade dos matriculados), foi possível observar que a faixa etária estava entre os dezesseis e os sessenta anos. Desta forma, a professora precisava lidar com meios diferentes de persuasão para que seus alunos/as não desistissem das aulas. Mesmo assim, a maioria dos alunos se retirava da sala a partir das 21h00min, horário em começa a novela dos canais de televisão. A professora comentava que era quase impossível mantê-los na sala de aula depois deste horário, devido à influência que os meios de comunicação em massa os atraiam a estarem em casa, para assistirem a programação.
É importante reconhecer, que a maioria dos estudantes que procuram concluir seus estudos que havia ficado para trás, estão procurando recuperar sua auto-estima, ferida pela sociedade que o discrimina por não dominar o mundo letrado. Essas pessoas merecem encontrar as portas da educação abertas para eles, com qualidade de ensino, qualificação profissional, seriedade, compromisso, interação da sociedade e Estado, dando espaço para que aconteça a articulação da alfabetização com a educação continuada.
Escola
A escola é um fator motivador para o aluno, pois seu papel é de formar cidadãos, então além de ensinar os conteúdos curriculares, deve trabalhar também o lado humano e social do aluno, como ensinar a comunicar-se, a portar-se devidamente, a respeitar o espaço e as diferenças do outro, ou seja, a conviver em sociedade. O meio escolar é uma parcela da sociedade ali inserida, e os responsáveis pela direção das escolas precisam intervir com programas que possibilite o aprendizado dos alunos e ensine a trabalhar com as diferenciações existentes, pois em uma mesma escola tem-se o ensino regular e o ensino para o EJA, onde o ambiente pedagógico é importante e um grande motivador, por isso as salas de ensino da EJA não podem ser as mesmas das crianças, respeitando a individualidade dessa modalidade.
Na escola visitada, há mais de uma sala de EJA, com séries diferentes, bem como turmas do Programa Topa de Alfabetização. Mesmo assim, a estrutura da escola não oferece muito aos alunos da EJA. Não há biblioteca na escola, nem salas de leitura ou laboratório. Além das salas de aula, há uma sala de vídeo, onde os alunos da EJA têm acesso, mesmo que corriqueiramente e acompanhados da professora quando da ministração de alguma palestra ou para assistir a um vídeo. Na verdade, pode-se dizer que do que foi observado, a principal motivação daqueles alunos é a professora, que sempre busca se importar em saber como cada aluno/a está fazendo os exercícios ou comparecendo as aulas.
Sabemos que em geral a nossa educação é irregular e deficiente e não alcança a todos, e para se tentar um equilíbrio, a escola deve se preocupar em inserir uma educação de qualidade, “libertadora e transformadora” (FREIRE) e fazendo com que os alunos reflitam sobre as mudanças que a educação pode realizar em uma sociedade desumana e desigual. A escola não deve considerar o aluno de Educação de Jovens e Adultos como uma anomalia social, ou um marginal, mas sim como uma pessoa que teve muitas dificuldades na vida e começou seus estudos muito tarde, ou ficou ausente da escola por um período maior. Deve considerar que este aluno pode ser desmotivado a estudar facilmente, e por isso o cuidado no trato sem discriminações ou depreciações é extremamente importante.
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