Os Sentidos e a Experiência (Professores, alunos e métodos)
Por: kezia.anjos • 19/11/2018 • Resenha • 2.022 Palavras (9 Páginas) • 247 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ABAETETUBA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS
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I – IDENTIFICAÇÃO: | |
Disciplina: | Prática de Ensino na Escola Normal |
Professora: | Vilma Brício |
Equipe: |
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BIBLIOGRAFIA DO TEXTO ANALISADO: | VALDEMARIN, V. T. Os sentidos e a experiência: professores, alunos e métodos de ensino. In: SAVIANI, D. et al. O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores associados, 2004. |
II – ROTEIRO DE ANÁLISE (TÓPICOS): | |
A autora traz em seu texto a análise na perspectiva histórica, dos métodos de como ensinar e como estes podem ser considerados elementos definidores da profissão docente e estão entrelaçadas ao conteúdo a ser ensinado, aos valores considerados para a formação humana e à teoria do conhecimento que fundamenta o processo cognitivo do aluno. Portanto, Valdemarin dá enfoque aos métodos, sua natureza, seus propósitos e as concepções de Dewey; a autora deslinda um universo imbricado de refinamentos ideológicos, epistemológicos e até mesmo valorativos por fundamentar a formação humana na multifacetada gama que circunscreve os objetivos educacionais.
A didactica magna, publicada por J.A.Comênio em 1670, é a obra educacional que apresenta as diretrizes gerais para o funcionamento da instituição escolar moderna (organizada em séries destinadas a todos, com professores e matérias próprios), nessa obra pioneira, a necessidade da transmissão de conhecimento é proposta para todos os indivíduos devendo ficar a cargo de especialistas, é a esses especialistas que a obra de Comênio se destina, a fim de que consigam praticar metodicamente seu trabalho, nessa perspectiva Comeniana, a educação pode ser considerada a artes das artes, dado que a sua pratica possibilita a criação de seres humanos melhores, a educação deve utilizar o método de ensino como ferramenta para o bom desenvolvimento humano. No século XVIII é publicada outra obra, Emilio ou da educação de Jean-Jacques Rousseau, que se diferencia daquela de Comênio em diversos aspectos. O primeiro deles diz respeito à concepção política, determinantes para o entendimento desse tratado pedagógico. A reivindicação Comeniana de educação para todos é baseada em sua concepção religiosa (todos devem ser educados porque todos são filhos de Deus), que recebe outra configuração no texto de Rousseau: todos devem ser educados para o exercício da cidadania, isto é, a educação é o requisito para a igualdade política. Outra diferença é que o tratado pedagógico de Rousseau, não consiste num modelo a ser desenvolvido em escolas, é sobretudo uma apresentação de diretrizes gerais vinculadas a um projeto político específico. No entanto, para Rousseau a transformação da sociedade precisar ocorrer de duas maneiras concomitadas pelo contrato e pela educação. Segundo ainda Rousseau, tudo precisa de um método educativo que valorize não só as palavras, mas valorize a atividade, ou seja, o conhecimento. Tudo deve ser planejado e posto pelo mestre a quem compete a direção do processo educacional. Os dois autores Comênio e Rousseau, no entanto, ao afirmarem o método para ensinar como definidor do trabalho docente, amparam-se numa concepção sobre o conhecimento que tem nos sentidos humanos sua origem, da qual fazem decorrer os procedimentos didáticos propostas por cada um deles, que tem na experiência a ser vivenciada e na atividade seu elemento decisivo. Influenciado pelas teorias de Rousseau, Pestallozi foi um dos primeiros a por em prática o método intuitivo e o mesmo consistia na ação pedagógica que faz uso de objetos didáticos, conhecidos ou semelhantes àqueles conhecidos pelos alunos, para promover a aprendizagem. A mesma baseia-se numa concepção sobre o conhecimento humano segundo todas as noções de espírito têm sua origem na percepção da existência de semelhanças e diferenças entre os objetos proporcionado pelos sentidos, pois são eles que permitem a comunicação com o mundo. A escola ao educar esses sentidos, conseguirá obter o conhecimento desejado. É a partir desses pressupostos que surgem os materiais didáticos como ferramenta pedagógica nas salas de aula como: caixas para o ensino das cores, das formas, gravuras etc. E os livros antes vistos como apenas uma forma de “facilitar” as aulas, não motivando os alunos a pesquisar e investigar, torna-se um aliado do professor para conduzir suas aulas e a torná-las mais dinâmicas. Este método abrange três acepções principais: Colocar um objeto concreto aos olhos do aluno; Fazer ver, observar, tocar e discernir a qualidade de certos objetos por meio dos cinco sentidos; Conhecer objetos e fatos através da natureza e das indústrias. Nos manuais de Paroz (1875) e Saffray (1908), a prioridade é dada ao conhecimento dos resultados da ciência. Seus passos metodológicos se iniciam pela memorização e generalização do conceito ou definição de algo, para depois então compreender outros objetos também gravados na memória, a preocupação inicial do autor é levar ao conhecimento do aluno as características das coisas produzidas pelo homem e menos o modo de produzi-las. Sobre um discurso de inovação, apresenta práticas escolares consolidadas e atualização do conteúdo. Paroz preocupa-se em divulgar os novos objetos produzidos e conhecidos pelo homem. Os passos metodológicos propostos no manual de Calkins (1950) priorizam o que poderíamos chamar de raciocínio científico típico do século XIX. Sua preocupação está sobre a passagem do raciocínio concreto para o raciocínio abstrato, todas as sequências das lições estão voltadas para a passagem de um raciocínio ao outro, esse método se detém nas diferentes mediações que começa com um objeto do cotidiano do aluno, aprende sua classificação e diferenciação, até então chegar à definição ou ao conceito, que se baseia na mediação de todos os dados aprendidos antes. As lições das coisas nas versões de Calkins (1950), Delon (1892) e Delon Delon (1913), o conteúdo escolar é definido conforme os acontecimentos do cotidiano do aluno, parte de fatos de fatos e objetos para entender as razões e causas não evidentes, o método e o conteúdo de ensino são escolhidos baseados na concepção de natureza, ao reino animal, vegetal e mineral. O professor deve trabalhar através dos cinco sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato), trata-se da aplicação do método intuitivo nas escolas, estando na questão de que o aluno aprende em contato com os objetos a sua volta. Um dos primeiros documentos sinalizando que novas concepções educacionais estão emergindo é o “inquérito sobre a instrução pública”, realizado em 1926 pelo educador Fernando de Azevedo e o jornalista Júlio de Mesquita Filho, para o jornal O estado de São Paulo. O inquérito foi uma investigação sobre os aspectos do ensino no estado, na educação primária, segundaria, profissionalizante e superior. Para fazê-lo foi enviado um questionário com doze perguntas para dezenas de pessoas envolvidas no ensino, das doze perguntas, três eram sobre o ensino superior, conforme as repostas eram recebidas, eram publicadas no jornal. A partir das respostas, a conclusão que se chegou foi de um ensino totalmente desconectado, com um alto índice de analfabetismo, pouco tempo de vida escolar, ausência de especialização para professores, faltava valorização do professor com melhores salários, material didático de boa qualidade, escolas e salas de aula com uma melhor estrutura e no caso das universidades elas simplesmente formavam profissionais para exercer a profissão, faltava profissionais críticos, com desejo de investigar e a prática da ciência.
Em meio às concepções de Comênio e Rousseau, surge uma nova concepção de educação defendida por Dewey em seu livro, Democracia e educação. Esta nova concepção consistia em um método de ensino definido pela aprendizagem do aluno, na qual, o próprio aluno se tornava protagonista de seu próprio ensino. Neste momento, o professor, segundo Dewey, passa assumir o papel de secundário do ensino. Apenas como mediador e incentivador do Aluno. O conhecimento e a experiência do aluno passam a ser valorizados e trazidos para dentro de sala aula. E o ponto de partida inicial sempre será a experiência do aluno e não do professor. É importante ressaltar que, segundo Dewey, os problemas levantados em sala de aula precisam partir do aluno, para que seja importante para o mesmo. O professor passa a não ter autonomia e se torna refém da prática do aluno, do que ele viveu ou não. Dewey coloca dois passos importantes para que esse método de ensino ocorra: O primeiro é a experiência do aluno, que precisa ser explorada pelo professor afim que seja o ponto de partida de sua aula, na maioria das vezes precisa ser a experiência do aluno e não a contida nos livros ou a de posse do professor para que a aula possua sentido ao aluno. E a segunda é a coleta de dados que consiste na busca de possíveis resultados para a experiência. Esse segundo momento, é a busca de sugestões, com o objetivo de ligar o desconhecido ao conhecido. Para Dewey, a teoria sem a experiência é inútil. Dewey afirma que a aplicação é importante, pois os alunos devem fazer, praticar para que assim acomodem melhor o conhecimento, para tanto diz que é necessário a escola possuir, laboratórios, jardins etc. As principais diferenças entre os métodos intuitivo e reflexivo, é que o primeiro utiliza os objetos já conhecidos pelos alunos, que tenham uma forte relação com a produção social e com a aplicação do conhecimento científico, a ligação com a vida, com o conhecimento cotidiano, é um pretexto para dar início ao novo conhecimento. O reflexivo tem como ponto de partida o problema, que guarda forte relação com a percepção do próprio indivíduo sobre a sociedade, percepção esta que depende das experiências já vivenciadas, a ligação com a vida não é pretexto, mas definição do conteúdo escolar.
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