PCC ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS
Por: Juliana Carvalho • 8/12/2019 • Relatório de pesquisa • 2.711 Palavras (11 Páginas) • 5.898 Visualizações
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ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Prática como Componente Curricular (PCC)
Observação e análise sociológica sobre os aspectos culturais existentes na comunidade local
Curso: Pedagogia
Juliana da Silva
201908568811
Bauru - SP
2019
OBJETIVO
O presente relatório tem a finalidade de estabelecer a relação entre a cultura e educação na comunidade na qual estive inserida até meados de outubro de 2019. O objeto de análise será a Escola Cidadã, mais especificamente uma turma de 7º ano do Ensino Fundamental, na disciplina de Língua Portuguesa, ministrada pela professora Ana Cristina Sizenando, com o conteúdo das aulas analisadas sobre Introdução à poesia, Poesia Concreta.
INTRODUÇÃO
Quando analisamos superficialmente a palavra cultura, temos o senso comum de vários significados podem ser adquiridos por esta palavra. Os mais comuns são: conhecimento, arte, ciência ou ainda dizer que uma determinada pessoa tem muita cultura.
No entanto, a sociologia define cultura como resultado de toda a criação humana que pode referir-se a ideias, costumes, leis, crenças, conhecimento, ou seja, tudo que advém do convívio social.
Não importa como a sociedade se agrupa, cada polo comunitário tem sua própria maneira de agir, pensar, sentir, expressar seu modo de vida, portanto, todos os grupos sociais têm sua própria cultura.
Segundo Camargo, não existe cultura superior ou inferior, melhor ou pior, mas sim culturas diferentes tendo, em suas concepções, funções bem definidas:
- satisfazer as necessidades humanas;
- limitar normativamente essas necessidades;
- implica em alguma forma de violação da condição natural do homem. Por exemplo: paletó e gravata são incompatíveis com clima quente; privar-se de boa alimentação em prol da ostentação de um símbolo de prestígio, como um automóvel; pressão social para que tanto homens quanto mulheres atinjam o ideal de beleza física.
O objeto de A Escola Cidadã tem em sua base de ensino a percepção de que o aluno deve, para além de aprender os conteúdos básicos, refletir sobre o ambiente em que está inserido, e sobre como as diferentes culturas e interações sociais podem impactar na vida da comunidade escolar e em suas vidas pessoais, trazendo, assim, uma análise de diversos aspectos em contextos históricos e sociais diferentes em todas as disciplinas ministradas no Ensino Fundamental em todas as séries desta etapa educacional.
Sendo assim, pautada por uma análise sociológica sobre a influência da cultura em geral, e mais especificamente a poesia em diversos momentos históricos, o objeto de análise deste relatório será a Escola Cidadã, mais especificamente uma turma de 7º ano do Ensino Fundamental, na disciplina de Língua Portuguesa, ministrada pela professora Ana Cristina Sizenando, com o conteúdo das aulas analisadas sobre Introdução à Poesia e Poesia Concreta.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foi realizada pesquisa teórica sobre cultura, seus aspectos sociais e históricos, bem como o impacto da cultura para o aprimoramento social e educacional dos alunos quando apresentados a diferentes realidades sociais e culturais.
OBSERVAÇÃO DAS AULAS
As aulas ministradas sobre o conteúdo apresentado acima, com o tempo para a realização deste trabalho dividido em seis aulas, foram elaboradas em três momentos distintos:
- apresentação e análise de poesias de autores canônicos da poesia mundial, correlação de imagens aleatórias e seus componentes poéticos, correlação da música, letra e melodia, para a compreensão da poesia como fenômeno cultural inserido no cotidiano social;
- apresentação teórica sobre as características do texto poético, suas relações com a produção textual na escola, características básicas da poesia concreta e análise de poemas de autores concretistas;
- produção textual individual e em grupo de poesia e poesia concreta.
Ao apresentar o conteúdo de poesia, a professora perguntou aos alunos quem na sala gostava de poesia, e a resposta foi algo óbvio, de uma turma com 26 alunos, apenas dois apreciavam poesia, o restante variava a opinião entre detesto e não gosto muito. Com a segunda pergunta, quem gostava de música, a professora iniciou a primeira reflexão do grupo, pois a turma foi unânime na resposta positiva, sendo que apresentou o seguinte questionamento: quem pode gostar de ouvir música, apreciar as letras delas e não gostar de poesia?
Os alunos passaram a refletir e opinar sobre esta questão, chegando à conclusão que a poesia estava inserida em suas vidas desde sempre e que “não gostar” poderia ser um reflexo da má compreensão do tema ou puro preconceito sobre a poesia em si, já que alguns relataram que poesia era “coisa de meninas apaixonadas sem muito o que fazer da vida”, palavras de alguns alunos.
Na sequência, foi apresentado aos alunos o texto de Álvaro de Campos, Poema em Linha Reta, poesia escrita pelo heterônimo de Fernando Pessoa, que reproduzimos a seguir:
POEMA EM LINHA RETA
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das
etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
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