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PRIMEIRA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA COMO PROFESSORA DE GEOGRAFIA: SUPERANDO EXPECTATIVAS RUINS

Por:   •  5/1/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.087 Palavras (13 Páginas)  •  491 Visualizações

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PRIMEIRA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA COMO PROFESSORA DE

GEOGRAFIA: SUPERANDO EXPECTATIVAS RUINS

Fernanda Beatriz Ferreira

O texto trata da minha primeira experiência em sala de aula como professora logo após a conclusão do curso de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Uberlândia.

Tal experiência se deu em uma escola pública da rede estadual de ensino de Minas Gerais, localizada na área central da cidade de Uberlândia, com alunos de sexto e sétimo anos do ensino fundamental. Com esse relato, trago alguns questionamentos, observações e reflexões sobre ser professora, a prática no ensino dos conteúdos e a relação-interação com os alunos no cotidiano escolar que essa experiência proporcionou-me. Ao contrário das expectativas ruins que geralmente cercam o início da carreira docente, as primeiras aulas dos professores novos, principalmente em escolas públicas, posso dizer que minha primeira experiência como professora de Geografia foi bastante rica e positiva. E em uma escola pública, após a peregrinação pelas designações de aulas em caráter temporário.

Ser professor iniciante significa um enorme desafio a cada dia e exige uma nova postura perante a sociedade. A prática docente requer grande esforço para se concretizar de forma próspera, tanto pessoal quanto profissionalmente, mas estar à frente da educação de um país é uma honra e ao mesmo tempo uma responsabilidade gigante, a qual deve ser mais valorizada.

Concluído o curso de Licenciatura e, portanto, estando já habilitada para a docência em Geografia, é hora então de cair na realidade. De designação em designação (aquelas seções de atribuição de aulas para professores  emporários, não concursados) vamos aprendendo o quanto é difícil conseguir trabalhar atualmente na área. Quanto maior o número de aulas que serão atribuídas por designação, maior é a concorrência, principalmente se for naquelas escolas mais famosas e mais bem localizadas, que sempre, independente do número de aulas e vagas, contam nas listas de chamada por classificação com profissionais que já têm mais tempo de serviço e experiência e, portanto, ocupando as primeiras posições na lista, o que dificulta o ingresso dos novos docentes.

Em uma dessas designações, consegui finalmente em maio de 2011 as aulas de Geografia para turmas de sexto e sétimo anos para substituir uma professora que entrara em licença por uma semana.

Concluído o processo seletivo e contratada para dar as aulas, me senti muitíssimo feliz, pois depois de tanta luta finalmente tive a oportunidade de testar minhas habilidades de forma autônoma e sentir como é a realidade escolar de perto. Na escola, a diretora se mostrou muito simpática e tanto ela quanto a sua equipe, com a qual tive contato no primeiro dia, se mostraram dispostas a me ajudar no que fosse necessário. Juntamente com essa satisfação vieram muitas dúvidas. Uma série de questões me vinha à cabeça sem parar: Como devo proceder no primeiro dia? Que postura devo adotar: amiga ou severa? Qual roupa é a mais adequada? Que estereótipo devo evitar passar? Qual a melhor forma de aplicar o conteúdo? Entre outras questões, precisava resolver, decidir e... testar para ver se daria certo.

Informada sobre o conteúdo que tinha que abordar com as classes, esforcei-me bastante para fazer um plano de aula que permitisse trabalhar o conteúdo da melhor maneira possível. Os temas eram “Urbanização Brasileira” (suas características, problemas sociais e ambientais relacionados) no 7º ano; e “Ilhas e água no planeta”, matéria do 6º ano. Confesso

que ao ler o livro didático me decepcionei um pouco, pois, além de ser escrito por uma jornalista, era meramente informativo e insuficiente, não auxiliava na edificação de um pensamento crítico e cidadão, nem trazia nada de novo que instigasse a leitura e estudo. Para o 7º elaborei um texto que consistia em frisar os pontos mais elementares do livro e introduzi

algumas outras informações que achei relevantes sobre o tema. Já para o 6º ano, tive o intuito de explicar a matéria verbalmente com o auxílio do livro, passando na sequência algumas perguntas.

Definido o que e como do conteúdo seria trabalhado em aula, assim como resolvida a questão da minha postura inicial, que foi tão imprescindível como um bom planejamento de aula, era hora de enfrentar a missão docente cara a cara.

No primeiro dia, ao chegar à escola tive a felicidade de encontrar com uma supervisora que fez questão de conversar comigo e dar umas dicas para principiante. Disse-me que era para entrar séria na sala, impondo respeito em primeiro lugar (que era a decisão que eu tinha tomado), e que isso seria o segredo do sucesso Fui para a sala e, como os alunos fazem muito alvoroço na porta, principalmente com os novos professores, a fechei e coloquei meus objetos na mesa, escrevendo no quadro a data e a disciplina. Como vi que a bagunça não tinha cessado, fiz cara de brava e gritei que eu

exigia ordem naquele instante. Eles todos se espantaram e se calaram. E já comecei ditando as regras: disse que eu era a nova professora de Geografia, que ia ficar somente uma semana, mas que não era porque eu ia permanecer por pouco tempo que as coisas seriam diferentes, que eu exigiria respeito máximo e que ia passar conteúdo de prova bimestral, inclusive valendo visto (que foi uma estratégia para dar mais seriedade ainda às aulas). Só depois disso falei meu nome e disse que meu intuito é que eles colaborassem para que tudo fosse harmônico, porque se o contrário acontecesse tudo seria pior e eu não mediria esforços para erradicar os maus comportamentos. Feito isso, iniciei a escrita do texto no quadro e toda hora que via que o nível de conversa ia se elevando, virava-me, olhava com cara de má e eles ficavam quietos. Porém, notei que passar textos no quadro pode ser cansativo e não muito eficaz, o que não o exclui do planejamento docente quando necessário.

Nas outras salas apliquei o mesmo método. Deu super certo! Assim, coloquei disciplina nas turmas e, depois disso, era só aplicar os conteúdos da melhor maneira possível de acordo com o que havia elaborado! Com isso, fui além do livro, pude levar revistas ilustrativas, explicar a matéria com poucas interrupções e fazer aquilo que eu sempre pretendi, que era exercitar a reflexão sobre a realidade e a cidadania com criticidade, apropriando em

minha fala dos “ganchos” e brechas do conteúdo. Conteúdo este que se fosse tratado apenas pelo livro seria muito limitado e enfadonho. Procurei então outra forma para abordar os temas e correlacioná-los com a realidade, buscando esclarecê-la e chamando a atenção dos alunos para papel de cada um no rumo das coisas. Usando uma linguagem jovem, algumas vezes com gírias e expressões populares, fiz com que os alunos se interessarem e tivessem curiosidade sobre os assuntos em pauta.

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