PRINCÍPIOS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA NA CONVIVÊNCIA ESCOLAR

PRINCÍPIOS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA NA CONVIVÊNCIA ESCOLAR 

 

SILVA, Marcilene Vieira Pedreira da^[1] 

CALDEIRA, Aisllan Max^[2] 

 

RESUMO

 

Uma sociedade só pode ser independente se a democracia for a base de toda a sua constituição. Neste contexto, cabe à escola, como uma instituição responsável pela primeira convivência do aluno em sociedade, promover ações coerentes com o exercício da cidadania, cujo objetivo é também a formação integral de indivíduos autônomos e participativos na sociedade a qual pertencem. A prática da gestão democrática constitui um dever para todos os educadores em atuação nas escolas e sistemas públicos de ensino. O Gestor e sua comunidade escolar devem estabelecer estratégias de mobilização social para a sua escola e comunidade externa com base nos recursos existentes. Pois a escola está passando por um período de busca e construção progressiva de autonomia, extremamente importante para orientar as ações coletivas destinadas a educação de qualidade e assegurar o sucesso escolar dos alunos. Colocar em prática na rotina escolar, uma proposta educacional que seja resultado da vontade das comunidades escolares e locais é um exercício democrático que promove uma maior autonomia pedagógica, administrativa e financeira da escola. Quando a autonomia é vista como uma maneira de inserir a comunidade no processo de tomada de decisão da escola, a gestão democrática torna-se uma prática presente e afasta as atuais práticas autoritárias e o exercício centralizado do poder, criando um caráter de participação e emancipação em toda a comunidade.

 

Palavras-chave: Escola. Gestão democrática. Descentralização. Autonomia. Participação. 

 

 

DEMOCRATIC MANAGEMENT PRINCIPLES IN THE SCHOOL COEXISTENCE 

 

ABSTRACT

 

A society can only be independent if democracy was the basis of all its constitution. In this context, it is up to the school as an institution responsible for the first living together in society of the student, to promote actions consistent with the exercise of citizenship, whose objective is also the integral formation of autonomous and participative individuals in society to which they belong. The practice of democratic management is a duty for all educators at work in schools and public education systems. The Manager and his school community should establish social mobilization strategies for their school and external community based on existing resources. Because the school is going through a period of searching and progressive construction of autonomy, extremely important to guide the collective actions aimed at quality of education and ensuring the academic success of students. Put into practice in the school routine, an educational proposal that is a result of the willingness of schools and local communities is a democratic exercise that promotes greater educational autonomy, administrative and financial school. When autonomy is seen as a way to enter the community into school decision-making, the democratic management becomes a present practice and away from the current authoritarian practices and centralized exercise of power, creating a character of participation and empowerment in all community.

 

Keywords: School. Democratic management. Decentralization. Autonomy. Participation. 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

A prática da gestão democrática constitui um dever para todos os educadores em atuação nas escolas e nos sistemas públicos de ensino. No Brasil, são muitos envolvidos nesse desafio. Eles reconhecem a importância dos processos de participação e procuram colocá-los em prática nas escolas onde trabalham.

 

A gestão escolar, numa perspectiva democrática, tem características e exigências próprias. Para efetivá-la, devemos observar procedimentos que promovam envolvimento, comprometimento e participação das pessoas dos diferentes segmentos da comunidade escolar. Para isto, torna-se necessário promover atividades e exercer funções que viabilizem a presença e o fortalecimento de toda a comunidade no interior das escolas. Assim sendo, o modo democrático de gestão requer o exercício do democrático poder, inclusive os processos de planejamento, tomada de decisões e a avaliação dos resultados alcançados. Trata-se, portanto, de fortalecer a participação das comunidades escolar e local no governo da escola, descentralizando todo o processo e dividindo as responsabilidades.

 

Nos sistemas de ensino, a gestão democrática tem por objetivo envolver todos os segmentos interessados na construção de propostas coletivas de educação, voltadas para autonomia e formação integral. Nessa ótica, os processos de gestão da escola vão além da gestão administrativa, pois envolvem ações que estimulam a participação e articulação dos aspectos financeiros, pedagógicos e administrativos para atingir o objetivo específico de promover uma educação de qualidade que “(...) abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº9394/96, art.1º).

 

2 GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA

 

A democracia supõe, além da livre escolha dos governantes, das decisões por maiorias, a convivência e o diálogo entre pessoas que pensam de modo diferente e querem coisas distintas. Ou seja, o reconhecimento da diversidade social e a superação das desigualdades sociais. O aprendizado democrático implica a capacidade de discutir, elaborar e aceitar regras coletivamente, assim como a superação de obstáculos e divergências, por meio do diálogo, para a construção de propósitos comuns. Na escola não é diferente. Nela encontramos, também, diversos modos de ser, de pensar e o conflito de interesses. Uma gestão democrática e participativa do ensino público busca, pelo diálogo e pela mobilização das pessoas, a criação de um projeto pedagógico com base na participação e nos princípios de convivência democrática.

A participação é educativa tanto para a equipe gestora quanto para os demais membros das comunidades escolar e local. Ela permite e requer o confronto de ideias, de argumentos e de diferentes pontos de vista, além de expor novas sugestões e alternativas. Maior participação e envolvimento da comunidade nas escolas produzem os seguintes resultados:

• Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e de concepções pedagógicas, mediante um diálogo franco, esclarecedor e respeitoso;
• Formulações de alternativas, após um período de discussões onde as divergências são expostas;
• Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados por toda a comunidade envolvida;
• Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em um espaço comum de decisões educacionais.

 

Gestão democrática implica compartilhar o poder, descentralizando-o, por meio de incentivo a participação e respeito às pessoas e suas opiniões; manutenção de um clima de confiança entre os vários segmentos das comunidades escolar e local; desenvolvimento de competências básicas necessárias à participação (por exemplo, saber ouvir e se expressar). Tais ações proporcionam mudanças significativas na vida das pessoas, à medida em que elas passam a se importar e sentir-se responsáveis por tudo que representa interesse comum. Assumir responsabilidades, escolher e inventar novas formas de relações coletivas fazem parte do processo de participação e trazem possibilidades de mudanças que atendam a interesses mais coletivos.