Por que relatar a nossa prática pedagógica

POR QUE RELATAR A NOSSA PRÁTICA PEDAGÓGICA?

É comum ouvirmos de educadores questionamentos quanto ao relato de sua prática. Em que isso beneficia? Podemos considerar o relato como um diagnóstico de nossa ação, aquilo que nós empreendemos e realizamos, em que oferece informações que nos permitem reorganizar nossas ideias, observar onde podemos crescer e como suprir as necessidades vivenciadas no processo.

Se já planejei, por que tenho que escrever sobre o que aconteceu? O relato possibilita à relação do pensamento do professor posterior a vivência da ocasião. É um momento que carece da disposição do educador, pois o mesmo precisa retomar a sua vivência em sala de aula, sistematizar sua experiência e se dar a oportunidade de exercitar sua linguagem escrita como uma importante ferramenta de socialização de seu pensamento. Há sempre muita resistência, pois para escrevermos sobre a nossa prática, necessitamos escrever para o outro, diferentemente do planejamento e da rotina diária, que o autor é o próprio leitor. Precisamos expressar de modo claro a ação realizada com os educandos, o que foi possível trabalhar (eixo temático, conteúdos), os objetivos atingidos e os que necessitam de ajustes; as necessidades sentidas (pelo aluno e educador), as aulas complementares (as quais devem ser planejadas e nos ajudará a cumprir nossa carga horária) e o que gerou saberes para ambos. Sendo assim, no relato é apresentada uma breve descrição das atividades realizadas, considerando as situações que foram significativas, destacando falas que expressam aprendizagens; os avanços e dificuldades que se repetem frequentemente também são importantes.

Podemos ainda contar as dificuldades (pedagógicas e estruturais), pois elas quando refletidas construtivamente podem fortalecer o nosso trabalho. O que não deu certo é tão importante quanto os sucessos conquistados.

Lembremos que o relato do processo vivido e o seu resultado, só é possível a partir de um planejamento prévio e das produções dos aprendentes. Cunha (1997) ressalta que quando uma pessoa relata os fatos vividos, é possível perceber a reconstrução da trajetória percorrida com novos significados.

Se não houve coleta de material, registro de informações, não haverá êxito na produção do relato. Para tal, podemos seguir algumas estratégias, como:

• Reserve um tempo para registrar atividades e momentos que lhe parecer mais significativo;

• Peça a colaboração de seus alunos. Busque deles o que acharam das aulas, quais as suas aprendizagens, como avaliam os momentos de aprendizagem, o que mais gostaram... Anote as informações que considerar mais interessante.

• Releia seu Planejamento e sua Rotina Diária, busque mentalmente os momentos vivenciados no decorrer de sua aula. Recorde os momentos mais expressivos ou aqueles que você considerar mais difícil, assim como as contribuições dos alunos - comentários e produções;

• Após a produção do relato, procure se colocar no lugar do leitor – ajude-o a entrar em sua sala de aula e enxergar claramente a sua prática como se tivesse vivenciado a ação. Veja o que interessa a você e ao leitor. Se colocar no lugar do leitor permite que o autor selecione palavras e acontecimentos que foram expressivos.

Relatar nossa prática