REFLEXÕES SOBRE A INDISCIPLINA ESCOLAR
Por: Leocir Vanessa Backes • 9/12/2021 • Trabalho acadêmico • 4.944 Palavras (20 Páginas) • 187 Visualizações
REFLEXÕES SOBRE A INDISCIPLINA ESCOLAR
Vanessa Rodrigues Backes¹
Raphael Teodoro Hubert²
RESUMO
O presente trabalho visou ampliar o conhecimento e a compreensão acerca da indisciplina no âmbito escolar, identificando suas causas, analisando as sérias consequências e apresentando estratégias para combater esse problema educacional. O envolvimento da família também se faz necessário, sendo uma ação conjunta através da parceria escola/família/. Para enfrentar o problema da indisciplina, educadores devem utilizar estratégias diversas na sala de aula.
Palavras-chave: Escola. Família. Indisciplina escolar.
1. INTRODUÇÃO
No eixo educacional, este é um tema muito presente na vida de qualquer professor em sala de aula, seja ele de qualquer segmento. A indisciplina, representa uma angustia muito grande ao professor, por ser desafiadora e muitas vezes extremamente exaustiva.
Hoje os desafios são diferentes, os alunos são outros, a instituição não é mais a mesma e, diante deste novo cenário, o professor também precisa se inovar. Temos que concordar quando Phillipe Perrenoud diz que “nunca foi tão difícil ser professor”. Porém, devemos acrescentar que nunca foi tão rico o resultado da aprendizagem como nos dias atuais. Hoje nossos alunos, principalmente os da educação infantil, podem colocar suas ideais e sugestões, podem também trocar experiências e conhecimentos com os colegas, aprendendo e ensinando em parceria. Neste segmento a educação ficou muito mais lúdica. Hoje, o professor da educação infantil faz mil e uma coisas nas 4 ou 8 horas do dia que fica na escola. Canta inúmeras músicas, é música antes das refeições, músicas sobre higiene, sobre alfabeto e números, sobre os animais, as cores, pesos e medidas, entre outros, além de todas as músicas virem acompanhadas de uma “dancinha” que já estimula e desenvolve a coordenação motora. Além das músicas, os professores dos pequenos desenvolvem diversas estratégias lúdicas e práticas para a transmissão do conhecimento científico.
Comparando a educação escolar de 25 anos atrás com a atual, mais especificamente voltado para a realidade da educação infantil. Para começar, íamos muito mais tarde para a escola. Iniciávamos nossas atividades escolares aos 4 anos, se não mais tarde. Podíamos brincar de correr na rua com os amigos, jogar bola, andar de patins e gastar toda a nossa carga energética diária. As informações eram escassas, para ser mais exata, vinham somente através do conhecimento cientifico adquirido da escola. Não tínhamos informações em tempo real vindas de diversos meios, precisavam esperar o horário do Jornal televisivo no final do dia. Internet? Tablet? Smartphone? WhatsApp? Facebook? Instagran? Não, não tínhamos. Se quiséssemos conversar, precisaríamos ligar para um amigo, ou então, ir até a casa dele. Não havia outra forma. Ou seja, pouca informação recebida para ser processada e muita energia gasta. Hoje, as crianças vão à escola muito mais cedo, muitas com apenas 4 ou 5 meses de vida. A maioria dessas crianças praticamente perdeu o maior espaço lúdico e motor que tínhamos: o brincar na rua! Hoje moram em pequenos espaços, já não brincam mais de pular corda, amarelinha ou elástico. As informações (milhares e milhares delas) chegam a qualquer momento através do acesso fácil ao celular, do notebook e demais aparelhos eletrônicos que a família possui. Há estudos que apontam que “[...] crianças de 6 anos, ao ingressar no processo escolar, já assistiu pouco mais de 5 mil horas de TV ao longo da vida”. Ou seja, muita informação a ser processada e pouca energia gasta. Tanta informação se encontra na sala de aula.
Em uma sala de aula da educação infantil temos, em média, de 10 a 20 alunos aproximadamente. Cada um dele com uma carga de quase 5 mil horas assistidas de TV, acrescida à inúmeras horas pesquisando na internet temas variados, mais a rapidez com que ele sabe se comunicar através dos aplicativos de comunicação, inclusive àqueles que ainda não sabem escrever, se comunicam por áudios, entre outros estímulos que recebem. Do outro lado, temos o professor, muitas vezes, um único professor. Frente a esta sala faminta por conhecimento e trocas. Diante deste aflitivo cenário, deixo aqui uma reflexão: Será que podemos estar confundindo tanta sede por conhecimento e informações com a tão questionada indisciplina?
O aluno que está na sua sala de aula hoje é, com toda a certeza, muito mais ativo se comparado aos alunos de 20, 15 ou 10 anos atrás. Inclusive, sabem muito mais se comparado a você, enquanto professor, sobre tecnologias e dinossauros. Hoje, nossos alunos possuem um pensamento muito mais acelerado, conseguem fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, estão mais críticos e reflexivos; e possuem uma curiosidade que não sabe (e nem deve) esperar. Com tantas informações rápidas e de fácil acesso, nossos alunos acabam exigindo de nós professores, um planejamento rico para suprir, ou tentar, as necessidades de conhecimento. Tanta necessidade, faz com que os alunos se comportem de maneira diferente em sala de aula. A conversa, muitas vezes, aparece, principalmente na educação infantil. E é exatamente aqui que precisamos pensar com muita calma e analisar o que de fato vem a ser indisciplina.
Tudo está chegando pronto e de forma muito rápida para o nosso aluno. Não exigindo desafios, criações, descobertas e contemplações. Porém, ao chegar à escola, este aluno passará a ser cobrado quanto seu poder criativo. Todo o conhecimento dentro da escola é construído em conjunto com o aluno. Surge aí então, uma cenário característico e muitas vezes alguns alunos apresentam muita dificuldade e resistência ao novo, ao fazer coletivo e criativo. Será esse um dos pontos geradores para a indisciplina escolar na educação infantil? Ao questionar alguns professores da educação infantil sobre se há indisciplina na sua sala de aula, a resposta é sempre pronta e positiva: “sim, eles conversam demais!”. Não vamos confundir conversas com indisciplinas. Indisciplina está mais para um comportamento de desobediência ou negação à alguma ordem, gerando algum tipo de prejuízo para o aluno em si, e/ou para um colega da sala ou professor. A conversa pode atrapalhar a aula sim, porém, pode ter certeza de que uma turma que não conversa é bem mais difícil desenvolver conhecimentos. Quando há conversa, há diálogo e há troca de vivências, ou seja, uma sala na qual existe conversa existe também construção do saber. E é assim que o ensino fica mais gostoso e leve para o professor e muito mais significativo para o aluno.
...