RESENHA DE ARTIGO: POR QUE ESTUDAR CURRÍCULO E TEORIAS DE CURRÍCULO
Por: Elaine524 • 16/4/2018 • Resenha • 1.199 Palavras (5 Páginas) • 1.772 Visualizações
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RESENHA DE ARTIGO
SABAINE, Selma Maria Garcia (prof. PDE/2007)
Orientadora –Dra. Luzia Maria Bellini
POR QUE ESTUDAR CURRÍCULO E TEORIAS DE CURRÍCULO:
Proposta de estudo para reunião pedagógica
Elaine Cristina Bento Rabelo Marriel
DIRETRIZES CURRICULARES/CURRÍCULOS/TEORIAS DO CURRÍCULO
A autora do artigo, professora Selma Maria Garcia Sabaini, junto à orientadora Drª. Luzia Marta Bellini nos traz uma discussão sobre a necessidade da reformulação curricular no estado do Paraná. Posterior à implementação da Lei de Diretrizes e Bases Nacionais (LDB) nº 9394/96, os professores da rede estadual do Paraná foram convidados a participar do processo de reformulação curricular.
Baseando-se nos princípios da Secretaria de Estado da Educação SEED (2006) do Paraná, que são: a universalização do ensino; a escola pública gratuita e com qualidade; o respeito à diversidade cultural; o combate ao analfabetismo e a gestão democrática, fez-se necessário para atingir esses ideais, refletir sobre as diretrizes curriculares e os currículos, onde são consideradas transformações que ocorrem no conhecimento científico (ordem epistemológica e político-social) e a ausência de regras que favorecem a organização da escola e de suas práticas (ordem sistêmica).
Segundo elas, os registros feitos pela SEED (2006) colocam os professores e o currículo no centro das discussões propondo reflexões a respeito das teorias, tendências e intenções políticas que constroem um currículo.
A presença dos profissionais envolvidos demonstra que a Secretaria de Educação quer promover mudanças buscando um ensino de qualidade no estado do Paraná. A construção de um currículo tem como base: teorias acerca do conhecimento escolar; compreensão de que o currículo é produto de um processo de conflitos culturais dos diferentes grupos de educadores que o elaboram; conhecer processos de um conteúdo e não de outro (disputa de poder pelos grupos) (LOPES, 2006).
É importante compreender algumas definições de currículo:
Segundo Lopes, (2006) currículo é constituído pelo que cada participante da escola traz consigo para acrescentar na ação pedagógica, seja de sua cultura, memória, outras escolas e cotidiano em que vive.
Em contradição, Tomaz Tadeu da Silva (2005, p. 15) diz que currículo é sempre resultado de uma seleção, um universo mais amplo de conhecimento e saberes.
Em contrapartida, Sacristán (apud SEED, 2003, p. 15 ), juntando a definição de Lopes (2006) e Silva (2005) diz que currículo é o conjunto de matérias a serem superadas pelo aluno em uma modalidade de ensino; é a experiência recriada nos alunos e que os faz desenvolver; é tarefa e habilidade a serem dominadas; programa que proporciona conteúdos e valores levando os alunos a melhorar a sociedade em relação à reconstrução da mesma.
Lopes (2006), Silva (2005) e Sacristán (2000) têm o mesmo pensamento quando afirmam que currículo não é uma listagem de conteúdos e sim um processo constituído por um encontro cultural, saberes, conhecimentos escolares na prática da sala de aula, locais de interação professor e aluno.
Segundo as mentoras da proposta, essas reflexões devem orientar a ação dos profissionais da educação quanto ao currículo, além de estimular o valor formativo do conhecimento pedagógico para os professores.
É importante conhecer as teorias sobre currículo e entender para que serve, a quem serve e que política pedagógica o elabora.
Comparando uma proposta curricular com um discurso político, Silva (2005) entende que as intenções de ambos são facilmente comparadas pois são estabelecidas por um determinado grupo social.
Os conceitos de uma teoria organizam e estruturam nossa forma de ver a realidade, por isso Silva (2005, p. 17) diz que as teorias do currículo se caracterizam pelos conceitos que enfatizam e as subdividem em 3 grupos:
Teorias tradicionais: tem como objetivo preparar o aluno para adquirir habilidades intelectuais através da prática de memorização.
Teorias críticas: argumenta que não existe uma teoria neutra, já que toda teoria está baseada nas relações de poder.
Teorias pós-críticas: nessa perspectiva o currículo é tido como algo que produz uma relação de gênero, pois predomina a cultura patriarcal. Critica a desvalorização do desenvolvimento cultural e histórico de alguns grupos e os conceitos da modernidade, como razão e ciência.
As teorias curriculares possuem características que ressaltam que o que é essencial para qualquer teoria é saber qual conhecimento deve ser ensinado e justificar o porquê desses conhecimentos e não outros devem ser ensinados de acordo com os conceitos que enfatizam.
Já paramos para refletir sobre Teorias de Currículo e o Currículo no cotidiano escolar? Ao organizar um planejamento bimestral, anual pensamos sobre aquela distribuição de conteúdos de forma crítica? Questiona Selma. Discutimos como professores, que um conteúdo é importante porque fundamenta a compreensão do que o sucederá no próximo bimestre ou no ano que vem e que é necessário o aluno aprender um conteúdo para entender o seguinte. Quando adotamos esse comportamento, nos posicionamos como docentes tradicionais ou críticos? E porque tal atitude?
Precisamos entender os vínculos entre o currículo e a sociedade, e saber como os professores/as, a escola, o currículo e os materiais didáticos tendem a reproduzir a cultura hegemônica e favorecer mais um do que outros.
SARUP (apud SACRISTÁN, 2000, p. 157) distingue a perspectiva crítica da tradicional da seguinte forma: A finalidade do currículo crítico é o inverso do tradicional que tende a neutralizar os acontecimentos, ou seja, o currículo crítico tenta submeter os alunos a questionar atitudes e comportamentos que consideram naturais oferecendo uma visão de realidade mutante contínua onde os agentes são os seres humanos em condição de realizar sua transformação.
O currículo não precisa ter uma realidade fixa pois entendemos que o conhecimento e os fatos sociais são produtos históricos e poderiam ter sido diferentes.
Diante do contexto usado pela autora, entendemos que precisamos sim estudar a reformulação de nossos currículos escolares, uma vez que os currículos não são neutros e sim elaborados com orientações políticas e pedagógicas, ou seja, é produto de grupos sociais que disputam poder.
É na sala de aula que efetivamente concretizamos o currículo, ferramenta principal do docente, pois é a partir dele é que são elaboradas as aulas e acontece o processo ensino-aprendizagem. Como a professora descreve, a participação dos professores na elaboração do currículo é de suma importância, pois são eles que passam a maioria do tempo com os alunos, e é através desse convívio que eles observam qual a melhor forma de ensinar, mas sem perder a ênfase no conhecimento clássico que compõe a grade curricular como afirma Saviani quando diz que o fundamental hoje no Brasil, é garantir uma escola que possibilite o acesso à cultura letrada para o conjunto da população. Evidencia todos os esforços para a alfabetização, o domínio da língua portuguesa, o mundo dos cálculos, os instrumentos de explicação científica disponíveis para todos indistintamente. Deixemos de lados os temas transversais e alguns projetos especiais, juntamente com a ideia de novas disciplinas, o que precisamos é trazer de volta o currículo básico, (Português, matemática, história, geografia e ciências) garantindo assim que nossas crianças cresçam e se tornem adultos capazes de decidir seus próprios caminhos, e até mesmo interferir nas decisões do país.
Finalizamos enfatizando o que disse Sacristán, (2000, p.125):
“O estudo das teorias do currículo não é a garantia de se encontrar as respostas a todos os nossos questionamentos, é uma forma de recuperarmos as discussões curriculares no ambiente escolar e conhecer os diferentes discursos pedagógicos que orientam as decisões em torno dos conteúdos até a racionalização dos meios para obtê-los e comprovar seu sucesso”.
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