RESUMO - O Diálogo Entre Ensino e Aprendizagem
Por: Professora Fabiana Costa • 26/1/2023 • Resenha • 5.354 Palavras (22 Páginas) • 149 Visualizações
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O diálogo entre o ensino e a aprendizagem
Telma Weisz com Ana Sanchez
Nota introdutória[pic 4][pic 5]
Condições em que o livro foi produzido:
- Colocar no papel as ideias em torno do trabalho de formadora de professores da autora;
- Com auxílio de Ana Sanchez, criaram o “livro-entrevista”;
- Livro ditado (enorme entrevista sobre o tema)
Tema do livro:
- Aspectos essenciais das mudanças em curso na educação (ensino e aprendizagem)
Os mesmos conteúdos aparecem mais de uma vez
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Capítulo 1: meu batismo de fogo
- Fez o curso normal e, ao longo do curso, quis parar (influência da família para não fazê-lo) - Cursou
Belas Artes (concomitante)
- Percebeu que não haviam vagas para crianças na 1ª série (saídas: aprovação coletiva, “construção de escolas precárias e normalistas convocadas para dar aula) – inciou a carreira com aulas para uma classe de alunos com 11/12 anos repetentes da 1ª série e que passaram por decreto (de 45 alunos, apenas 3 não eram negros; a maioria já trabalhava)
- Não eram todos analfabetos, mas não poderiam ser considerados alfabetizados – ficou inquieta e viu
que havia um “buraco” entre o que era ensinado no curso normal e a prática. Sentiu-se impotente
- Ficou perplexa com alunos que encontravam na rua e faziam cálculos rápidos em suas vendas (outro abismo: o conteúdo escolar e o que era usado na vida) – percebeu a representação da sociedade na escola (classe dominada)
- Nas conversas com as mães viu que muitas achavam natural ter filhos repetentes, pois acreditavam que eles não eram capazes e viu que a percepção das crianças sobre o mundo (de fracasso) era feita através da escola e de seu fracasso (se conformar)
- Trabalhou de diferentes maneiras com as crianças da turma (projetos, teatro, jogos, trabalhos em grupo) – o que a fez não ser bem vista na escola, pelos outros professores – os alunos nunca faltavam
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Capítulo 1: meu batismo de fogo
- Se sentiu ignorante no início, mas depois percebeu que o professor era um cego, pois seguia uma série de procedimentos para realizar a tarefa de ensinar (reprodução mecânica). A escola ainda considerava errados algumas respostas dos alunos, enquanto, na verdade, eles escreviam da “maneira deles”
- Nos 12 anos seguintes se afastou da educação. Acredita que essa experiência foi a origem de tudo o que fez depois e do rumo que sua vida tomou (a vivência com o fracasso que a classe dominada lida desde sempre)
- Concluiu que os professores ainda chegam às escolas com as mesmas insuficiências que ela chegou em 1962... E que acabam ganhando experiência positiva através da intuição ou negativa quando continuam cegos
- Diz que os professores podem se conformar (tendo a ideia, por exemplo, que os alunos possuíam algum tipo de deficiência) ou se inquietar (observando a sala de aula, refletindo enquanto age e interpretando as respostas que os alunos dão)
- Quando a autora voltou para a educação, procurou – e procura até hoje – que os alunos
tenham sucesso escolar – o que a levou a se tornar especialista em alfabetização.
[pic 8]Um novo olhar sobre
a aprendizagem
- Nos anos sessenta, época das primeiras experiências profissionais da autora, predominava, o ponto de vista “adultocêntrico”: concepção de aprendizagem das crianças a partir da perspectiva do adulto que já dominava o conteúdo que desejava ensinar.
- Sem “enxergar” o objeto de seu conhecimento com os olhos de quem ainda não sabe, cabia ao professor definir o que era mais fácil e o que era mais difícil para os alunos e quais os caminhos que eles deveriam percorrer para realizar as aprendizagens desejadas.
[pic 9]A metodologia embutida nas cartilhas de alfabetização contribui para o fracasso na escola
- Nos anos setenta, pesquisas realizadas evidenciaram os problemas que a metodologia embutida nas cartilhas cria para muitas crianças.
- As crianças constroem conhecimentos sobre a escrita desde muito cedo, a partir do que observam e refletem a esse respeito (hipóteses sobre a escrita e seus usos) - Crianças mais pobres têm as hipóteses mais simples
- A escrita da criança vai evoluir a partir do trabalho do professor (muleci = moleque) – se ele trabalhará a partir da reflexão e da ação ou através de livros que fazem um trabalho mecânico e repetitivo
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É possível enxergar o que o aluno já sabe a partir do que ele produz e pensar no que fazer para que aprenda mais
- Salto sobre as questões do ensino e aprendizagem – o professor já consegue[pic 11]
identificar quais informações são necessárias para que o aluno evolua
- Processo de aprendizagem = resultado da ação do aprendiz (professor criador de condições para que o aluno possa exercer a sua ação de aprender)
- O que já sabe um aluno que escreveu muleci?
- escrevemos com letras e essas letras representam sons;
- não é qualquer letra que representa qualquer som;
- provavelmente, pela sua experiência de empregar o “c” para escrever casa e cavalo, considerou que a mesma letra serviria para escrever o que de moleque. Não se pode negar que exista muita lógica no raciocínio do aluno, embora a sua escrita não coincida com a escrita convencional da palavra. Para interpretar adequadamente o que está acontecendo com a aprendizagem de seu aluno, o professor precisa de um conhecimento que é produzido no território da ciência.
[pic 12]É preciso considerar o conhecimento prévio do aprendiz e as contradições que ele enfrenta no processo
- Na concepção de aprendizagem que se tem chamado de construtivista – na qual o conhecimento é visto como produto da ação e reflexão do aprendiz – o aprendiz é compreendido como alguém que sabe algumas coisas e que, diante de novas informações que para ele fazem algum sentido, realiza um esforço para assimilá-las.
- O conhecimento novo aparece como resultado de um processo de ampliação,
diversificação e aprofundamento do conhecimento anterior que ele já detém.
- Por exemplo, uma das primeiras hipóteses que as crianças constroem sobre o sistema de escrita é a que diz que nomes diferentes não devem ser escritos com as mesmas letras. Trata-se de um conflito cognitivo que vai gerar necessidade de superação das hipóteses inadequadas através da construção de novas teorias explicativas.
- Nesses momentos, a intervenção do professor é fundamental.
[pic 13]Para aprender, a criança passa por um processo que não tem a lógica do conhecimento final, como é visto pelos adultos.[pic 14]
- Do ponto de vista construtivista é preciso aceitar a ideia de que nenhum conceito – nem o número, nem a quantidade, nem nada – nasce com o sujeito ou é importado de fora, mas precisa ser construído (esse processo não tem a lógica do conhecimento do adulto)
- Foram necessários anos para que se produzisse um conhecimento que pudesse servir de referência a uma prática pedagógica apoiada nessa concepção de aprendizagem.
[pic 15]O primeiro grande salto no caminho que percorremos para chegar até aqui. E o que não deu certo
- Nos anos 20, chega ao Brasil a visão da criança não como um adulto em miniatura, mas como um ser com características distintas – uma visão do aprendiz como um ser ativo (ideias da Escola Nova) - o mesmo princípio norteador: a valorização do indivíduo como ser livre, ativo e social.
- Pensadores construíram um modelo de ensino: a aprendizagem por descoberta (A escola deveria permitir às crianças se autorregularem, buscando o conhecimento na medida de suas necessidades (refutava a ideia de decidir a priori os conteúdos do ensino, o que levou, através de uma ideia distorcida, a uma onda de práticas espontaneístas).
- Era como se tivessem esquecido que a escola é uma instituição cuja função social é claramente
colocada: formar o cidadão daquele momento histórico, naquele país, naquela circunstância.
- Com o foco exclusivamente no processo de aprendizagem, o movimento da Escola Nova deixou de lado o produto dessa aprendizagem (o que se acabou fazendo foi “entortar a vara para o outro lado”)
- Ideia predominante: o papel do ensino deveria ser o de criar possibilidades para que o aluno pudesse “aprender a aprender”, não importava o quê.
[pic 16]O primeiro grande salto no caminho que percorremos para chegar até aqui. E o que não deu certo
Escola nova:
- “desinteresse” em relação aos conteúdos escolares
- profundamente criticada no Brasil nos anos 1970
- pressupostos que não funcionavam: orientações que ficavam no nível das recomendações gerais (o trabalho em grupo, a cooperação, a criatividade, estimular a curiosidade)
- discurso construtivista com prática era empirista.
- Montessori: pedagogia centrada na percepção da criança. Método apoiado em uma série de materiais específicos e caros, confeccionados especificamente para o ensino escolar.
- Freinet: trouxe o mundo social para dentro da escola. Foi um dos primeiros a reiterar a
importância do trabalho do aprendiz
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