Resenha Crítica Estratificação Social entre jovens no Brasil 1960 a 2010
Por: Tcharley Vaz • 5/7/2022 • Resenha • 1.052 Palavras (5 Páginas) • 148 Visualizações
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Unidade Divinópolis
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
TCHARLEY VITOR VAZ SILVA - 16-56541
Resenha Crítica: Estratificação Social entre jovens no Brasil: 1960 a 2010
A expansão do sistema educacional nas últimas décadas tem sido uma das principais forças que levaram um aumento na padronização das transições para a vida adulta, e com ela, houve uma diminuição das desigualdades de classe, gênero e região nos padrões de transição para a vida adulta. Contudo, foi a partir dos anos 1980 que se acelerou o acesso ao ensino fundamental, porém um grave problema é que uma enorme proporção da população brasileira se encontrava até a década de 1970 nas regiões rurais onde não havia escolas suficientes para todas as crianças e jovens. E essa dificuldade de acesso, ilustra uma das complicações e limitações da vida rural na época, o que pode vir a justificar a origem do êxodo rural e sua acentuação.
Na busca compreender em que medida a relação entre características de origem socioeconômica e as desigualdades de oportunidades educacionais (DOE) mudava ao longo do tempo, formulou-se dois conceitos, o de desigualdade maximamente mantida e a da desigualdade efetivamente mantida. A desigualdade maximamente mantida através de um “efeito teto”, diminui as desigualdades de classe entre os níveis educacionais para os quais observa-se saturação do acesso para classes mais altas, desloca as desigualdades para os níveis educacionais mais altos, onde ainda não existe saturação das taxas de participação para nenhuma classe de origem. Dessa forma neste modelo, nota-se que uma redução constante nos custos da escolarização tende a manter constantes as desigualdades de classe, pois impactaria de maneira uniforme entre classes.
Por outro lado, o conceito de desigualdade efetivamente mantida baseia-se em propor a aproximação da literatura sobre progressão no sistema educacional à noção de segmentação curricular. Nesse modelo a desigualdade se daria não apenas na progressão ao longo do sistema educacional, mas entre tipos escolares e currículos, independente da escolha do indivíduo.
O sistema educacional brasileiro passou por reformas importantes que impactaram sobre a estruturação normativa das carreiras educacionais e, por conseguinte, nas formas de mensuração da escolarização nos Censos. E fica evidente que posição dos indivíduos em sua trajetória educacional depende, fundamentalmente, de sua idade.
Felizmente, a evolução das taxas de transição entre os jovens brasileiros demonstra que a capacidade de absorção do sistema educacional cresceu substancialmente entre 1960 e 2010 no que diz respeito aos níveis básicos de ensino. E isso tem potencial relação com os estímulos a educação e pesquisa no país, que devem ser estimulados de forma contínua e estratégica, reconhecendo que esses avanços dizem sobre o desenvolvimento do país. Outra relação com as mudanças de acesso ao ensino básico observa-se graças ao processo de descentralização da gestão a partir da Constituição Federal de 1998, dos fundos de financiamento da educação, além de programas de transferência de rendas.
Dentre o conjunto de variáveis determinantes utilizadas nas estimações das probabilidades de progressão educacional podemos mencionar o sexo, com a evolução da escolarização média das mulheres no Brasil, ao ponto de atingirem escolaridade média mais alta do que os homens, acredita-se que mulheres apresentam chances mais alta de realização de transições; atrelado a esse processo e graças ao acesso de políticas públicas para a saúde e a métodos contraceptivos, a mulher escolarizada passou a escolher e definir sobre sua saúde intima, ocasionando uma redução da taxa de fecundidade que, combinada à entrada das mulheres no mercado de trabalho e à urbanização, levou a uma redução das desigualdades sociais e regionais históricas.
A cor/raça é uma dimensão protagonista entre a desigualdade educacional no Brasil, variando entre especificações dicotômicas que separam brancos e não brancos e especificações que distinguem entre pardos, pretos e brancos. Na atualidade, as políticas de ação afirmativa para o ensino superior têm sido especialmente importantes para a diminuição dessas desigualdades raciais, uma vez que a posse do diploma superior dos pais tem impacto decisivo no alcance educacional. Quando se analisa esta variável ao longo do tempo, nota-se que há uma diminuição na magnitude do efeito da cor da pele nas chances estimadas de sucesso em completar as transições educacionais, tanto para pardos como pretos. O que indica que houve ao longo do tempo uma ligeira melhora no acesso e na progressão dos jovens pretos e pardos na escola no Brasil ao longo dos últimos 50 anos.
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