Resenha da obra - Questões Sobre os Fins e Sobre os Métodos de Pesquisa em Educação.
Por: Alice Antonia • 1/10/2016 • Resenha • 1.398 Palavras (6 Páginas) • 1.186 Visualizações
ANDRÉ, Marli. Questões Sobre os Fins e Sobre os Métodos de Pesquisa em Educação. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v. 1, no. 1, p, 119-131, set. 2007. Disponível em http://www.reveduc.ufscar.br.
1. CREDENCIAIS DO AUTOR
Marli Eliza Dalmazo Afonso de André possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1966), graduação em Pedagogia pela Universidade Santa Úrsula (1973), mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1976) e doutorado em Psicologia da Educação - University of Illinois (1978). Professora Titular aposentada na Faculdade de educação da USP, atualmente é professora do programa de estudos pós graduados em educação: psicologia da educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Desenvolve pesquisas na área de formação de professores. Com relação a suas obras, a autora possui 86 artigos completos publicados em periódicos, 11 livros publicados, 85 capítulos de livros publicados e 1 texto em revista.
2. RESUMO DA OBRA
O artigo é parte de uma revista eletrônica de educação, cujo artigo em questão é composto por quatro títulos principais que tratam sobre as questões epistemológicas e metodológicas relacionadas à pesquisa em educação.
Na introdução há questões que foram debatidas na reunião da Academia Nacional de Educação (1991), referente à situação da pesquisa nos Estados Unidos, resultando em um grupo de trabalho que após oito anos produziram um livro sobre a pesquisa na educação. A atenção nesta introdução se dá ao enfatizar o tempo necessário para tratar sobre pesquisa e também na forma coletiva em que ela precisa ocorrer.
No 1º título há uma visão geral sobre as mudanças ocorridas na pesquisa educacional nos últimos 20 anos, apontando o grande crescimento nessas últimas décadas, observando-se também mudança dos temas que passam a ser fatores intra-escolares, enfoques nas abordagens críticas e maior preocupação com os problemas da área da educação. As abordagens metodológicas se destacam com estudos qualitativos e o contexto de produção passa a ser de situações reais do cotidiano escolar.
O 2º título aborda os fins e os métodos de pesquisa, destacando como a diversidade de temas e métodos ocasionaram alguns problemas referentes à caracterização do trabalho científico, critérios de avaliação, métodos e técnicas de investigação.
No item 2.1 há um questionamento apoiado na visão de Gatti (2001, p. 70-71) que indica uma tendência nos trabalhos da área para um pragmatismo imediatista. Segundo ela, a pesquisa não deve estar a serviço de solucionar pequenas questões do dia a dia e sim na busca de uma questão sem resposta evidente. Apresenta críticas, embasadas nas considerações de Mirian Warde (1990) afirmando que ainda mantemos em nossa área uma tônica técnico-administrativa, levando-nos a produzir com vistas à aplicabilidade (p.72).
Outra autora apontada por Marli André é Marília G. Miranda (2000) que focaliza a articulação entre ensino e pesquisa e na formação de professores. Elenca uma série de méritos ao professor reflexivo/pesquisador e ao mesmo tempo a preocupação com uma possível adoção acrítica dessa perspectiva. Seguindo essa linha de professor reflexivo, destaca-se no artigo um texto publicado por Gary Anderson e Kathryn Herr que mostra como essa questão de professor reflexivo ocorreu nos Estados Unidos sem preocupação com a qualidade necessária.
No item 2.2, Marli André discute os critérios e julgamentos da pesquisa, com ênfase nas abordagens qualitativas especificando os critérios de avaliação até então utilizados. Apresenta outros tipos de pesquisas/estudos como o tipo etnográfico e pesquisa-ação. Ainda sobre critérios de pesquisa destaca as contribuições de J. Beillerot, que em uma de suas obras trata sobre condições básicas para se considerar a existência de uma pesquisa (pesquisa educacional francesa).
O item 2.3 analisa as questões sobre os fundamentos dos métodos, indicando vários autores (André 2000; Carvalho, 1998; Gatti, 2000; Warde, 1993) que apontam problemas nas pesquisas em educação, quanto à fragilidade dos métodos, instrumentos precários e pouca fundamentação.
O título 3 apresenta a situação referente às condições de produção do conhecimento. No item 3.1, a autora destaca que o tempo de formação de um mestrando é relativamente curto (2 a 2,5 anos) para formar um pesquisador, além das dificuldades que alguns discentes enfrentam por não terem passado pela iniciação científica. As dificuldades também perpassam pelos doutorandos que já possuem experiência na pesquisa, porém enfrentam falta de condições, muitas vezes tendo que exercer atividade profissional concomitante aos estudos, sem bolsas para pesquisas.
No item 3.2 há um questionamento quanto às condições de produção de conhecimento dos docentes, pois nos últimos 10 anos, segundo Marli André, os financiamentos estão diminuindo, além disso, os docentes estão sobrecarregados com aulas, comissões e outras atividades burocráticas.
Encerrando o artigo, temos o título 4 que aponta alguns desafios e perspectivas suscitados pela autora como: assumir coletivamente os critérios de avaliação na pesquisa; defender a qualidade dos trabalhos; lutar por melhoria de condições e construção de espaços coletivos nos programas de pós graduação.
3. CONCLUSÃO DO AUTOR
De um modo geral, a autora apresenta as conclusões ao final de cada título. Na introdução, concorda com o grupo de pesquisadores dos Estados Unidos, esclarecendo que a qualidade da pesquisa deve ser algo coletivo e que demanda tempo. No item 1 conclui que as novas modalidades de investigação extrapolam o campo da educação, encorajando o diálogo entre especialistas de diferentes áreas doo conhecimento.
O item 2 apresenta conclusões acerca das finalidades da pesquisa, citando alguns autores, apontando a preocupação em justificar uma pesquisa, a supervalorização da prática, além de critérios de julgamentos dos trabalhos científicos. Alerta-nos sobre a preocupação que os orientadores de programas de pós-graduações devem
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