Resenha o Lado Sombrio dos Contos de Fadas
Por: monnywil • 30/8/2022 • Resenha • 1.106 Palavras (5 Páginas) • 143 Visualizações
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Resenha Crítica
Aluno(a): Simone Wilfing
Disciplina: Literatura Infantil
Professora: Amábili Braga (professoraamabilibraga@gmail.com)
Instituição: FAOSC Curso: Pedagogia Semestre: 02/2022
Data de entrega: 26/09/2022
Hueck Karin, O lado sombrio dos contos de fadas, 21 dezembro 2016.
Karin Hueck é jornalista, escritora e autora, foi editora da revista Superinteressante e colaborou para Época, O Estado de S. Paulo, Veja, TED.com, Plan Internacional. É autora de 5 livros, entre eles "O Lado Sombrio dos Contos de Fadas". Atualmente, é colunista do Uol.
No livro, "O Lado Sombrio dos Contos de Fadas", escrito em 9 capítulos, a autora faz uma análise psicológica e também histórica dos contos de fada, pois de início eram contos só para adultos e com o passar do tempo foram se adaptando para crianças. Karin fez uma pesquisa intensa sobre as obras de Perrault, Grimm, Andersen, entre outros, para nos apresentar explicações e fatos sobre a origem dos contos. Ela nos conta nesse livro sobre a cultura da época em que foram escritos, os hábitos e costumes daquela sociedade, muito machista, sexual e violenta, que podemos observar em vários contos.
A autora também faz uma análise sobre a maternidade no 4° capítulo, naquela época em que as pessoas não tinham escrúpulos e tudo era válido. No 5° capítulo, ela explora o feminicídio, a mulher tratada como um bem, sem vontades próprias, sem direitos a nada e perdendo a vida por qualquer motivo. O canibalismo, a fome e a miséria, também fazem parte dos contos, bem como um extenso relato sobre bruxaria e as torturas por elas sofridas durante a Inquisição. O livro desvenda o que por trás desse maravilhoso mundo do conto de fadas, que encanta crianças e adultos quando ouvem o ‘era uma vez’ e através deste entendem que o ‘felizes para sempre’ era bastante questionável.
O livro tem como principal contribuição nos mostrar as condições em que as pessoas viviam na época dos contos, principalmente as mulheres, ele foca bastante na questão do gênero por a autora ser ativista feminista, como as mulheres eram submissas até pouco tempo atrás. Leitura fácil e prazerosa, um estudo de fácil compreensão e esclarecedor, através dele conhecemos o que a por trás da fantasia, da imaginação humana, dos costumes de tempo e lugares diferentes, do mágico ao trágico, com certeza mais trágico.
No conto de Branca de Neve, observamos mais um exemplo das adaptações dos contos de fadas para os dias atuais, pois não havia nada de bonito ou encantador na versão contada no princípio. A estória que conhecemos e tanto ouvimos falar, diz que uma menina linda mora em um castelo com seu pai que se casa novamente com uma rainha muito vaidosa, que possui um espelho magico, no qual se admira todos os dias e perguntando quem é a mais bela do reino, ele claro responde que é a rainha, ate o dia que sua enteada cresce e faz 7 anos e passa a ser a mais bela do reino, o que deixa a madrasta/bruxa furiosa, ela manda o caçador levar a menina até a floresta e a assassinar e lhe trazer seu coração, o qual iria comer, o caçador fica com pena e liberta Branca de Neve que foge, encontra os anões e fica morando com eles. Mas a bruxa ao descobrir que ela está viva se transforma em uma velinha e vai ate a casa dos anões levando uma maçã envenenada a enteada, que morde um pedaço, se engasga e desmaia. A bruxa imagina que ela está morta e vai embora. No fim um príncipe passa pelo local e vê Branca de Neve em um caixão de vidro e se apaixona perdidamente por ela, lhe dando um beijo de amor verdadeiro, o qual faz com que ela volte a vida, eles se casam e vivem felizes para sempre.
Mas esse não é o conto original, no qual na festa de casamento a madrasta é convidada, ela vai, pois não sabe que a enteada está viva e é a noiva. Mas antes mesmo de chegar no local, sapatos de ferro já tinham sido aquecidos em uma fornalha e ela foi obrigada a calçar os sapatos quentes e dançar no salão até cair morta. Sem contar que a menina só tinha 7 anos quando tudo isso se passou, o que por si só já é muito bizarro. Ainda em algumas versões diferentes o príncipe teria estuprado a menina e assim a maçã teria caído de sua boca.
Entre os séculos 15 e 17aconteceu uma verdadeira caça às bruxas na Europa, bruxas essas que eram mulheres normais, mas que por algum motivo eram assim consideradas. Por entenderem de ervas que curavam os doentes, por serem parteiras, por serem muito bonitas, por serem viúvas e viverem sozinhas, por intriga e fofocas de vizinhos, qualquer motivo que fosse considerado um pouco fora do comum. As bruxas daquela época não tinham poderes nenhum como a bruxa de Branca de Neve, mas muitas mulheres foram torturadas com tanta crueldade que confessavam qualquer coisa para pararem de machuca-las, era melhor morrer logo do que sentir tanta dor. Além disso, elas eram obrigadas a dar nomes de outras bruxas, falando os primeiros nomes que lhe vinham na cabeça, o que ocasionou uma interminável caça às bruxas.
Muitos poucos homens foram acusados de bruxaria, em sua grande maioria eram mulheres, por serem consideradas o sexo frágil, segundo eles, elas eram facilmente manipuláveis, dependiam do marido para tudo e não podiam ter opiniões próprias. A maçã era considerada o objeto preferido para os feitiços, assim como a bruxa de Branca de Neve, que a envenenou com a fruta. Esse mito vem desde a Bíblia onde a serpente ofereceu uma maça, que era o fruto proibido, para Eva, que o comeu e assim como castigo de Deus ficou conhecendo o pecado. Foi o catolicismo que iniciou a guerra com as bruxas. Com isso percebemos que através dos tempos a mulher sempre foi o ser menosprezado, inferior aos homens, mais fraca e vulnerável, tinha que obedecer, era torturada, estuprada e morta sem que houvesse qualquer consequência para o responsável, e isso está presente em praticamente todos os contos.
As crianças de hoje em dia com certeza não estão preparadas para os contos de fadas originais, por isso da adaptação com o passar do tempo, afinal não queremos deixar nossas criancinhas traumatizadas com a realidade dos nossos antepassados, que ainda se faz muito presente hoje em dia, mas claro de forma camuflada. E o que os pequenos diriam se soubessem que o ‘felizes para sempre’ não é tão feliz e muito menos para sempre.
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