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SUICÍDIOS NAS EMPRESAS: UM CASO FRANCÊS

Por:   •  18/2/2019  •  Resenha  •  3.300 Palavras (14 Páginas)  •  230 Visualizações

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SUICÍDIOS NAS EMPRESAS: UM CASO FRANCÊS

O artigo intitulado “Suicídios na France Télécom” de Ulf Schäfer e Konstantin Korotov   apresenta um estudo de caso que aborda parte do histórico da France Télécom (FT) e o crescimento da atenção da população da França e da opinião internacional direcionados à empresa após uma onda de suicídios e tentativas de suicídios de seus funcionários.

A France Télécom figurou entre as empresas líderes no campo das telecomunicações abrangendo televisão digital, redes de telefonia celular, serviços de Tecnologia e Informação, internet. A tecnologia móvel wireless (sem fio) estava em franco desenvolvimento e assegurando expansão à marca Orange da France Télécom.

No entanto, com a redução dos valores das ações da Télécom e a urgência de sanar suas dívidas com os acionistas, além da concorrência acirrada proporcionaram uma intensa carga de privações para os colaboradores da empresa. Ao término de dois meses de manifestações, o Estado francês abandonou o Contrat de Première Embauche que se refere ao Projeto de Lei de Oportunidades Iguais, que melhoraria a vida dos jovens assegurando-lhes mais alternativas para o ingresso e permanência no mundo produtivo. Com a rejeição deste projeto, as empresas romperam o contrato de trabalho de colaboradores com faixa etária abaixo de 26 anos.

Consequentemente, a France Télécom procedeu cortes substanciais no se quadro de funcionários, e ainda determinou a relocação em várias funções. Ao longo de uma década de privatizações, a empresa extinguiu 40.000 cargos, alegando o pagamento dos acionistas, eficiência e melhoria nos seus processos. Sofrendo forte pressão pela empresa, os colaboradores passaram a optar pela saída extrema do problema, o suicídio.

Uma boa parte dos funcionários que cometeram suicídio deixaram cartas atribuindo ao desgaste, depressão, estresse ligados ao trabalho ou determinações emanadas da administração como motivações para seus atos extremos. Um dos exemplos, é de um colaborador de 52 anos que cometeu suicídio manifestou em carta que estava tirando sua vida em razão da gestão opressora, e exaustão que lhe atormentava na empresa, não haviam outras razões.  

Entre as mudanças adotadas pela empresa para adequar-se aos novos tempos citam-se: deslocamento do funcionário para uma função que não tinha domínio algum, os gerentes submetiam os funcionários a atividades que não podiam realizar, desprezo e marginalização do funcionário devido suas atividades, como não podiam demitir a moda antiga, passaram a submeter os funcionários a tal pressão que objetivava fazer com que estes voluntariamente pedissem demissão. Isso aponta para gritante desumanização do trabalho, e supervalorização das estratégias de administração que não consideram as dimensões humanas dos funcionários.

Para agravar mais ainda a situação, os funcionários estavam na casa dos 50 anos, longe da aposentadoria, e não acreditavam num processo de retreinamento, uma vez que estavam a tanto tempo executando certa atividade que não teriam animo para migrar para outra, se sentiam inúteis para a empresa. Assim, esse avanço não deve provocar mudanças impactantes no cotidiano do trabalhador, mas propiciar valorização e reconhecimento do trabalhador.

Nessa perspectiva, atuar diante das transformações no mundo do trabalho é desafiador para os colaboradores das empresas. Logo, as corporações também devem colaborar para a diminuição dos impactos de tais transformações no mundo do trabalho, principalmente com uma administração responsável, gestão pautada na ética, isso certamente preveniria efeitos inesperados, e até trágicos como os da France Télécom.

Diante desse cenário, a empresa propôs a admissão de outros 3.500 novos colaboradores objetivando diminuir a carga de trabalho dos funcionários mais antigos, extinguir a obrigatoriedade das transferências de trabalho que passaram a ser voluntárias, além da descentralização de decisões da administração nacional.

As pressões, assédios sofridos pelos trabalhadores no ambiente de trabalho podem causar danos irreparáveis na sua saúde psíquica e física, vida amorosa, na vida profissional, vida financeira, relações de trabalho, produtividade, na vida social e familiar.

Quanto às repercussões na saúde psíquica e física do trabalhador, apontam-se: mudanças de peso, depressão, estresse, reduzida autoestima, transformações no humor, nervosismo, transtorno do pânico, impaciência, insônia, entre outros.

 Na vida financeira se destacam baixos salário, com cortes de benefícios, além dos custos altos para tratamentos e compra de remédios que vão impedir por exemplo, a realização de uma viagem ou compra de itens prioritários.

Na vida amorosa os trabalhadores passam a pensar mais nos problemas, dando pouco espaço para carinhos, pois se sentem angustiados diante da situação desfavorável que estão atravessando, o que pode resultar em divórcios se o cônjuge não compreender este momento sofrido.

Na vida profissional, os colegas de trabalho passam a olhar de modo diferente, além dos patrões que tem interesses danosos para estes colaboradores, não medirão esforços para tornar a vida desses um “verdadeiro inferno”.

Na vida familiar, entre as dificuldades estão, a cobrança por um tempo que o colaborador não pode dar, pois está sendo atormentado e não gostaria de compartilhar com ninguém, deixa de ter animo para sair com os afamilhares, sempre dando uma desculpa, ou torna-se mais ausente na criação dos filhos, por exemplo.

Na avida social, devido ao trabalhador mostrar uma espécie de isolamento, ocorre o afastamento daquelas mais próximas, que por não desejarem interferir na vida do amigo tomam essa decisão.

É imprescindível discutir, analisar e estudar sobre as condições de trabalho nas empresas, até mesmo para se conhecer melhor o que passam os colaboradores, a que carga de estresse são submetidos, os fatores causadores das suas angústias, identificação dos seus problemas, para assim pensar em propostas de intervenção para amenizar os problemas causados no trabalho   Os tópicos abordados no texto são apresentados com uma linguagem clara e acessível, sem a presença de termos técnicos que dificultam a compreensão dos conceitos trabalhados.

Ainda pode verificado no texto que é necessário fazer uma reflexão profunda sobre os suicídios provocados em função de pressões sofridas por trabalhadores no interior das empresas. Chama a atenção ainda para o fato de que nas empresas ocorre uma supervalorização de questões gerenciais em detrimento das dimensões humanas.  

As empresas devem assegurar ambiente de acolhimento para os seus trabalhadores independente da função ou contexto que está passando a empresa, esse acolhimento refletirá no melhor desempenho dos colaboradores que se sentirão parte da empresa e não terão dificuldades de assumir os objetivos da empresa.

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