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TRANSTORNO DEFICIT DE ATENÇÃO HIPERATIVIDADE

Por:   •  28/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  12.752 Palavras (52 Páginas)  •  312 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Os maiores marcos da minha vida escolar foram nas relações com colegas e professores, existe um conjunto limitado de conteúdos que posso dizer que fizeram diferença na minha formação, geometria, percentagem, razão e proporção por exemplo. As decorebas dos nomes dos rios, afluentes, datas e a seqüência de presidentes pouco me ajudaram a ser mais dinâmico ou a melhorar minha consciência social. O martírio que sempre vivi com o português em saber se a oração era coordenativa, sindética ou assindética temporal, termos como complemento nominal, predicativo do sujeito, pretérito mais que perfeito do subjuntivo, só para vestibular ou concursos, por não terem criado nenhum mecanismo mais inteligente e eficaz para classificar as pessoas pelo seu potencial em absorver conteúdos.  

Dos professores que fizeram a diferença na minha vida escolar, nenhum se destacou pelo conteúdo que passou, mas pela postura positiva ou negativa que apresentaram em algum momento de nossas relações, lembro–me das escolas que estudei, sempre relacionado-as a eventos e amigos, e  de poucos momentos em que aprendi determinado conteúdo que tenha causado uma emoção marcante. Essa constatação fortalece minhas dúvidas sobre a eficácia da escola presencial e da formação que elas promovem, permitindo inclusive fatores sociais de pressão, como vestibular ou mesmo as notas, definam sua finalidade sem levar em conta o desenvolvimento dos valores que contribuirão para a melhor interação dos estudantes na vida planetária.

Quando penso nisso, sou um pouco saudosista, lembro-me dos meus tios pitando seus cigarros na sombra das árvores, no descanso do meio dia, numa vida em harmonia com a natureza e mais tranqüila do que atualmente. Eles tinham 5, 6, 8 ou 11 filhos como meus tios e meu pai, todos saudáveis, utilizando produtos naturais em sua alimentação e relativamente felizes, sem possuírem celular, Internet, TV a cabo ou mesmo sem Air Bag em seus carros. Uma vida moderada com religiosidade, caráter e valores. Eles usavam as informações para gerar conhecimento, se fizermos uma relação com a velocidade e volume de informações que eles tinham diariamente, eles geraram conhecimentos suficientes para atender as suas necessidades com as informações de que dispunham. É interessante questionar que atualmente o planeta se apresenta em estado precário sendo que muitos dos atuais dirigentes tiveram como formação na infância o que acabei de descrever.

Alguma coisa falhou neste projeto, pode ter sido a forma ingênua como encaravam os problemas ou podemos enunciar inúmeras possibilidades geradoras do extenso rol de problemas que envolvem o mundo carregado de situações que ameaçam a vida.

Outra questão decorrente desse confronto com diferentes contextos de formação humana é enunciada quando questionamos se atualmente as pessoas são mais felizes e se sente mais realizadas?

O confronto entre diferentes momentos civilizatórios nos obriga a refletir sobre o que podemos fazer com os recursos atuais para ampliarmos a qualidade de vida e o grau de satisfação das pessoas e usá-los para gerar sabedorias, não apenas informações.

A Escola de nossos pais respondia, de certa forma, aos interesses daquele momento, a escola que nós tivemos em nossa infância nos contribuiu para sermos o que somos, mas cabe refletir em que medida essa escola apenas representava o interesse de gente naquela época e em que medida a escola que temos hoje também atende aos interesses que mobilizam nossa realidade.

Um fato importante é a velocidade em que ocorriam as mudanças tecnológicas na época em que nós e nossos pais éramos freqüentadores da escola era bem menor que o ritmo frenético que as mudanças atuais.

Esses argumentos podem instrumentalizar uma reflexão no sentido de desafiar a escola atual a buscar meios e recursos que correspondam a capacidade instalada de tecnologia que permitem que as informações, não importando de onde, sejam transmitidas em tempo real e a produção de materiais e bens de consumo se realizam quase sem o envolvimento da mão humana.

Nos 15 anos em que atuo como professor, freqüentando a sala de professores, ouvi os seguintes comentários:

* O aluno X acabou com minha aula;

* A turma Y não me deixou dar aula;

* Os alunos que precisam de reforço, não apareceram;

* Os pais dos alunos que estão para ser reprovados só apareceram no final do ano;

Esses comentários carecem de uma reflexão mais comprometida por parte dos professores que em alguns momentos se isentam, da mesma forma, as famílias que se isentam da responsabilidade com o que ocorre nas salas de aula. Em alguns casos o professor e/ou a Escola não têm nenhum controle sobre esses fatos e não possuem recursos que poderiam ajudar a superar alguns desses problemas. Atualmente se propagam e se multiplicam as ferramentas de Educação a Distância (EAD) principalmente por meio de atividades de complementação de conteúdo e mudança na forma como se faz educação, rompendo com a tradição de que o modelo escolar é suficiente.

A EAD facilita o controle do professor e dos pais sobre as ações dos estudantes, possibilitando um registro histórico das respostas às tarefas e desafios propostos aos alunos, o que na escola convencional isso é impossível, ainda mais se considerarmos que as turmas nas escolas convencionais têm de 30 a 40 alunos em uma só sala com tempo também cada vez mais reduzido.

No Projeto Político Pedagógico (PPP), de uma escola a que este trabalho se reserva o direito de não citar o nome consta como parte da sua concepção de educação que no contexto dinâmico que vivemos se deve valorizar o desenvolvimento, no ser humano, de uma consciência social e ambiental realista e apoiada na esperança de que os potenciais de renovação possam ser organizados para recuperar eticamente a dimensão do humano.

É discutível a crença de que os conteúdos passados na sala de aula contribuem para estimular o educando a aprender a aprender, a perspectiva de  desenvolver suas potencialidades. Também é questionável a visão de que as aulas convencionais apoiadas apenas em conteúdos, promovam a interação entre os diferentes atores do processo, abordem a cooperação e a postura fraterna e desenvolvam a intuição, a criticidade, a sensibilidade estética, o sentimento e a integração intercultural dentre outras ações formativas consideradas importantes para o bom desempenho de cada pessoa como cidadão planetário comprometido com a vida com reciprocidade e cooperação.

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