Vygotsky ao Grande Público
Por: mjsdreyfuss • 12/5/2016 • Resenha • 1.009 Palavras (5 Páginas) • 252 Visualizações
Instituto Singularidades
Prática de Leitura e Escrita
Professora Cris Mori
Mariana Dreyfuss
1° ano Pedagogia Noturno
Vygotsky ao Grande Público
O livro Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: Um processo sócio histórico, de Marta Kohl de Oliveira, volume da série Pensamento e Ação no Magistério é leitura mais que recomendada aos estudantes de pedagogia e interessados por educação. Nele, a autora faz uma competente síntese das ideias do russo Lev Vygotsky, que apesar de ter nascido nos anos finais do século XIX, apresenta uma perspectiva até então não discutida, em que considera o constante desenvolvimento da sociedade e dos seres humanos que a constituem. No prefácio do livro, Jaan Valsiner afirma que “Vygostsky foi um dos poucos estudiosos da metade deste século que insistiu, de maneira persistente e firme, em assumir uma perspectiva centrada no desenvolvimento a respeito de todo tema que abordou.” (apud Oliveira, 1994:8).
O trabalho de Oliveira se estrutura em cinco capítulos e apresenta uma visão abrangente da obra de Vygotsky. O primeiro capítulo conta a história do autor, sua formação, atividade profissional, produção teórica, colaboradores, até sua morte prematura em 1934, aos 37 anos. É possível pela leitura desse capítulo situar o leitor e contextualizá-lo sobre quais serão os temas desenvolvidos em maiores detalhes nos capítulos seguintes, mas a autora já adianta quais são os três pilares do pensamento do russo: o suporte biológico das funções psicológicas, as relações sociais como fundamentação do funcionamento psicológico que desenvolvem-se num processo histórico, e finalmente a mediação simbólica na relação homem/mundo.
O capitulo 2 dedica-se ao estudo da mediação simbólica, por meio de exemplos claros e precisos. Mediação, segundo Oliveira “é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento.” (1994: 26) A autora usa o exemplo de um indivíduo que tira a mão ao colocá-la na chama de uma vela, como processo direto, e que, em um momento posterior não precisa mais queimar a mão para tirá-la da chama, basta que se lembre da dor sentida anteriormente, sendo essa uma relação mediada pela lembrança entre a chama e a retirada da mão. Os processos mediados, mais complexos que os diretos, acabam se tornando, ao longo do desenvolvimento do indivíduo, predominantes nas relações entre esse indivíduo e o meio, e essa mediação pode se dar de duas maneiras, pelo uso de instrumentos e dos signos. O uso de instrumentos, como elementos físicos entre o indivíduo e seu objeto de trabalho, para a transformação da natureza, e o uso de símbolos como instrumentos psicológicos, ferramentas para o controle da atividade psicológica. Para Vygotsky, tanto os instrumentos quanto os signos são fornecidos pelas relações sociais entre os homens, e a linguagem, sistema simbólico básico dos grupos humanos, tem papel fundamental na comunicação e no estabelecimento de significados compartilhados.
O capítulo 3 trata do Pensamento e Linguagem, sendo esse inclusive título de um dos mais importantes livros de Vygotsky. Depois da explicação geral sobre as funções básicas da linguagem, Oliveira divide o capítulo em três seções. A primeira seção trata do desenvolvimento do pensamento e da linguagem, e a autora explica com muitos exemplos as fases Pré-linguística do Pensamento e a Pré-intelectual da Linguagem, além do momento no desenvolvimento filogenético em que as duas trajetórias se encontram e o pensamento se torna verbal e a linguagem racional. Segundo Vygotsky este é um momento de extrema importância no desenvolvimento da espécie, em que o biológico se torna sócio-histórico. De maneira análoga, a autora cria um paralelo deste desenvolvimento na história humana com o desenvolvimento de um indivíduo, desde que ele nasce até a aquisição do pensamento verbal, o que deixa para o leitor a explicação desse conceito mais palpável, facilitando seu entendimento. As duas outras seções do capítulo tratam do significado das palavras ao longo da história e no processo de aquisição da linguagem da criança, e do discurso interior e a fala egocêntrica. Nesta última seção a autora faz um interessante paralelo com a teoria de Jean Piaget, “a questão da fala egocêntrica é o ponto mais explícito de divergência entre Vygotsky e Piaget” (1994:53), inclusive fazendo uma citação de um trecho da resposta de Piaget aos comentários de Vygotsky sobre sua obra, presente no apêndice da edição norte-americana do livro Pensamento e Linguagem.
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