Ética e Psicologia Clínica: pensando o atendimento psicológico a partir da abordagem existencialista de Sartre
Por: Hallefy Moraes • 9/10/2019 • Bibliografia • 3.896 Palavras (16 Páginas) • 289 Visualizações
SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA REDENTOR
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
ALICE REZENDE VIEIRA, HALLEFY MORAES DA SILVA SANTOS E RODRIGO DA SILVA NOGUEIRA
ARTIGO CIENTÍFICO
Itaperuna – RJ
2019
ALICE REZENDE VIEIRA, HALLEFY MORAES DA SILVA SANTOS E RODRIGO DA SILVA NOGUEIRA
ARTIGO CIENTÍFICO
Atividade Supervisionada apresentada como requisito parcial para conclusão da disciplina de Ética Profissional em Psicologia do 5º Período do Curso de Psicologia do Centro Universitário UniRedentor.
Professora: Renata Domingues Gonçalves Caveari de Sousa
Itaperuna – RJ
2019
Tema
Ética e psicologia clínica: pensando o atendimento psicológico a partir da abordagem existencialista de Sartre.
Objetivo Geral
Relacionar a postura ética do psicólogo frente à autonomia do cliente na abordagem existencialista de Sartre.
Objetivos Específicos
Levantar bibliografia referente à atuação do psicólogo clínico e os limites de sua prática;
Identificar os aspectos éticos da prática do profissional de psicologia;
Compreender a atuação do psicólogo em relação às decisões do cliente, abordando os conceitos de liberdade e de angústia em Sartre.
Metodologia
Este estudo configura-se como uma revisão bibliográfica a partir das fontes Scielo, Pepisic, Psicologia Revista dentre outras bibliografias sobre a temática, as quais servirão para a concretização do objetivo deste trabalho.
Problema
Há uma representação social do psicólogo como o profissional capaz de resolver os problemas daqueles que lhes procuram como se fosse detentor do saber necessário à resolução de qualquer sofrimento que se apresente a seus pacientes. Tal representação social pode acabar sendo incorporada pelo profissional que, paramentando-se com seu conhecimento teórico, incorre o risco de se colocar nesta posição de alguém apto a resolver os problemas alheios.
Essa postura é muito perigosa por diversos fatores. Em primeiro lugar, figura-se como um desrespeito à ética profissional, uma vez que o primeiro princípio fundamental do Código de Ética (2005) versa sobre o respeito e a promoção da liberdade do ser humano, sendo o papel do psicólogo promover a autonomia de seu paciente.
Do ponto de vista da teoria de Sartre, cabe destacar que a liberdade se dá no processo de escolha, não na conquista dos objetivos, pois, segundo o autor, “O conceito técnico e filosófico de liberdade, significa somente: “autonomia de escolha”” (SARTRE, 1943, P.563). Fornecer a esse sujeito que o solicita aquilo que considera a solução de seu problema, disto decorrem dois erros fundamentais: Primeiro, desconsidera a subjetividade do sujeito, uma vez que cada pessoa possui uma concepção de problema e de solução. Segundo, se avaliarmos a partir da visão sartreana, este profissional estaria dificultando a esse indivíduo a tomada de consciência e, por consequência, o reconhecimento do mesmo de si como alguém que é livre para escolher e que é responsável por si.
Apresenta-se a problemática de como o psicólogo de abordagem existencial posicionar-se-á de forma ética à demanda do paciente, compreendendo que o manejo adequado da situação será determinante para que este faça o enfrentando das questões que apresenta, reconhecendo-se como responsável diante da própria vida.
Justificativa
A reflexão e exposição sobre o tema proposto figura como um caminho possível para a mudança de algumas condutas que se observa largamente não só na clínica psicológica que se dá no consultório, mas na clínica em uma concepção ampliada, que se refere ao contato do profissional da psicologia com o sofrimento do paciente onde quer que ele se apresente.
A postura ética do psicólogo existencial pode permitir ao paciente tomar consciência para ser protagonista de sua existência, compreendendo-se como o único capaz de promover mudanças na sua realidade psíquica e, por conseguinte, na sua realidade social.
Resumo
O artigo tem como proposta avaliar, refletir e concluir acerca do o posicionamento clínico do psicólogo, valendo-se de uma abordagem existencialista através dos conceitos de Sartre, considerando veementemente o Código de Ética profissional. Tal postura infere diretamente no ato clínico que compete com a autonomia do cliente e não à dependência, vide que, no contato clínico, em qualquer esfera, o psicólogo pode ser visto como um profissional que tem o “poder” de resolver problemas. É a partir de todas relevâncias e nuances que o proposto artigo articula através da reflexão, as relações terapêuticas advindas do caráter ético e linha existencial valendo-se de revisões bibliográficas de metodologia qualitativa. Fica claro o quão determinante é, para a boa prática psicológica o respaldo e diretrizes advindos do Código de Ética, que concomitante ao domínio de respectiva linha culminam em uma prática qualificada que vise a saúde e a qualidade de vida.
Palavras-chave: Psicologia; Ética; Existencial Fenomenológica;
Introdução
O presente artigo trata-se de uma reflexão acerca do papel do psicólogo, destacando a ética como valor fundamental que orienta a sua atuação e, portanto, imprescindível para o cuidado na clínica. Aborda-se a ética desse profissional a partir do Código de Ética Profissional do Psicólogo, documento que estabelece padrões a serem adotados pelos profissionais da psicologia em sua atuação (BRASIL, 2005). Tendo-se em vista, contudo, que a ética se cria a partir dos comportamentos morais, contemplando as condições subjetivas e objetivas que se encontram em sua gênese (MARTINS,1989),o trabalho do psicólogo, em sua dimensão ética, deve se ater não só aos princípios e diretrizes dispostos no Código de Ética, mas a uma concepção de homem que norteará a interpretação do indivíduo em contato com sua realidade.
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