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A ANÁLISE DO FILME “O QUARTO DE JACK”

Por:   •  18/6/2019  •  Relatório de pesquisa  •  4.015 Palavras (17 Páginas)  •  962 Visualizações

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RESUMO DO FILME: O QUARTO DE JACK

O longa dirigido pelo irlandês Lenny Abrahamson, também indicado ao Oscar, e é baseado no livro inspirado em fatos reais “Quarto”, de Emma Donoghue, responsável, aliás, pela adaptação cinematográfica, conta a história de Joy, interpretada por Brie Larson, que foi sequestrada aos 17 anos quando voltava da escola e vive há 07 anos trancada em um cativeiro de 10 metros quadrados, onde tem um filho chamado Jack (Jacob Tremblay) que acaba de completar 5 anos cujo é fruto do abuso sexual a que Joy foi submetida e Nick visita periodicamente os dois no quarto em que eles vivem no quintal de sua casa. Nessas visitas, Jack recebe a orientação de ficar escondido dentro de um armário, pelo qual visualiza por brechas algumas cenas do que acontece à sua mãe. Nick traz o que é necessário à sobrevivência dos dois, como alimentos e medicamentos, permanecendo indiferente ao garoto.

Já na primeira cena, somos apresentados ao ‘Quarto’ através do pequeno Jack que acaba de completar 5 anos. “Bom dia pia, bom dia armário, bom dia banheira”, vai nos apresentando lentamente ao cenário que será o ponto de partida da história.

O que se vê a seguir é uma sequência de atos rotineiros praticados por Jack e sua mãe, em um ritmo lento nos trazendo a percepção de ser um local pequeno, apertado e agonizante. Como ele não vai à escola, o local não tem telefones, tomado por um silêncio sepulcral que só é quebrado pelo som da TV e as brincadeiras de Jack, a angústia vai crescendo à medida que os dias passam iguais.

Contrastando com a energia (embora a palidez pela falta de sol seja visível) da criança, Joy exibe a cada cena expressões cada vez mais angustiadas e melancólicas. Para aguentar o isolamento e permitir que Jack tenha uma infância “razoável”, nem sei se podemos ver algo como razoável ou aceitável dentro daquela situação, sua mãe o educa como se aquele pequeno quarto fosse seu mundo. Fica explicito, na cena em que Jack tenta interagir com um rato, a falta de vitalidade que existe dentro daquele espaço. A mãe tenta matar o rato e Jack diz “Você fez ele fugir. Ele era uma coisa viva!” A angustia começa a tomar conta de Joy, quando finalmente conta ao filho a real situação deles, nisso suas lágrimas começaram a rolar descontroladamente, o que era real para o menino era tudo aquilo que ele podia sentir e ver, sem saber da existência de outras pessoas, sem ver nada além do que havia no quarto, o mundo era tudo aquilo que estava ao seu alcance. E a única coisa que tinha contado com o mundo exterior era a claraboia que mostrava um pedaço do céu, onde ele acreditava ser o rosto de Deus.

Então Joy começa a expor para Jack visões do mundo real, que antes eram encobertas para que ele aprendesse a aceitar aquele minimundo sem saber que estavam em cárcere, pois percebia que não dava mais para viver naquele “mundo”. Após um desentendimento na noite anterior, Nick (nome fictício, dado por Joy ao seu agressor por não saber seu nome real) corta a luz do galpão. Dado o ocorrido, a mãe se aproveita desse fato e cria um plano de fuga para os dois. Uma forte febre forjada não atinge o objetivo. O jeito é continuar com o plano e treinar o filho para que ele consiga se fingir de morto enrolado em um tapete e, no momento oportuno, fugir de Nick e conseguir a ajuda de terceiros, com um bilhete e um dente que caiu da mãe. Com a orientação das seguintes palavras: furgão. Saia. Salte. Corra. Alguém.

O plano de que ele ficou doente, devido ao frio intenso, e faleceu deu certo. Nick vai até o galpão pegar o corpo de Jack para enterrá-lo, o menino se finge e morto e pula da picape do sequestrador no meio do caminho gritando por ajuda e consegue escapar.

Joy volta a ter acesso ao mundo real e Jack tem vivência com outras pessoas pela primeira vez. Agora começa a fase da adaptação de Jack ao mundo novo e a readaptação de Joy a liberdade que ela havia perdido. Jack se mostra, no começo, resistente a ideia de realmente existir um mundo lá fora. É visível o desconforto e a dificuldade de mãe e filho se reintegrarem, no caso dele nascer de novo, ao que parecia ser toda a solução de seus problemas. A mãe tem sua fortaleza desconstruída fora do quarto ao passo que Jack vai se tornando mais forte fora dele. Os tons de voz vão se tornando mais ríspidos, o ambiente volta a ser claustrofóbico e é quando o filme parece ir se encaminhando para seu final. Em uma cena Joy chega a contar para o menino como eram bons os momentos na rede tomando sorvete na casa dos pais, lembrança que o garoto busca assim que chega à casa e pergunta da rede e quando se esbalda no sorvete. Mas agora Joy apresenta dificuldade de sentir alegria e prazer diante daquilo tudo que sonhou durante os 7 anos em que ficou presa é torturante e agonizante. Ainda que o Quarto tenha sido traumatizante para ambos, eles carregam consigo milhares de representações do lugar que acabou moldando e definindo muito o que se tornaram, Jack principalmente já que nasceu lá dentro.

Já na casa dos seus pais, o pai de Joy não consegue mais estabelecer um vínculo afetivo com o neto recém-descoberto. O que não ocorre com o novo parceiro da avó que tenta, com sucesso, estabelecer uma interação maior com o garoto. A avó tem que criar um ambiente acolhedor – e de formas diferentes – tanto para a filha, quanto para o neto. Mesmo com toda tentativa de harmonização do lar, o garoto ainda tem que presenciar uma tentativa de suicídio de Joy, inserida numa depressão profunda devido a todo trauma.

Durante a internação e tratamento de sua mãe, Jack pede para sua vó que corte seu cabelo longo e mande para sua mãe no hospital para que ela tivesse a mesma força que ele, remetendo a história de Sansão cuja sua força estava nos cabelos. E nos reencontros, há um claro sinal quase palpável do amor existente na relação deles. A redescoberta de um novo grandioso mundo não será fácil, muito menos simples, visto que o trauma que Jack e Joy tem que superar. Prova disso é o retorno que fazem ao local depois de tudo. “Ele parece bem menor agora”, exclama o garoto depois de conhecer o verdadeiro mundo, a mãe diz que o quarto sempre foi daquele tamanho e ele fala: “é porque a porta está aberta. O quarto só é o quarto com a porta fechada.” Ela pergunta se ele quer que ela feche a porta. Ele diz que não. Neste final já se percebe muito sobre o amadurecimento daquelas duas pessoas no mundo real. O Quarto de Jack foi lançado em 2015. O filme recebeu o Oscar de melhor atriz com a atuação de Joy e é muito notável por se tratar de uma história real.

ANÁLISE DO FILME

Segundo Jean Piaget

A perspectiva da Psicologia

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