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A CONSTITUIÇÃO DO PENSAMENTO NA ATIVIDADE PRÁTICA: IMPLICAÇÕES NO PROCESSO PEDAGÓGICO

Trabalho Universitário: A CONSTITUIÇÃO DO PENSAMENTO NA ATIVIDADE PRÁTICA: IMPLICAÇÕES NO PROCESSO PEDAGÓGICO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  30/5/2013  •  5.466 Palavras (22 Páginas)  •  635 Visualizações

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A CONSTITUIÇÃO DO PENSAMENTO NA ATIVIDADE PRÁTICA: IMPLICAÇÕES

NO PROCESSO PEDAGÓGICO

Maria Eliza Mattosinho Bernardes – USP

Resumo

O presente estudo apresenta uma síntese teórica sobre a lógica e as formas de pensamento na

atividade prática como decorrentes das relações entre o homem e a realidade objetiva e suas

implicações no processo pedagógico. O objetivo deste trabalho é identificar os possíveis

desdobramentos no desenvolvimento das funções psicológicas superiores, frente à não

consideração da constituição histórico-cultural da condição humana. Os aspectos teóricometodológicos

do estudo centram-se na psicologia histórico-cultural e no materialismo

histórico dialético. Conclui-se que os processos ativos de apropriação do conhecimento,

quando não consideram as relações lógico-históricas do desenvolvimento e da constituição do

psiquismo humano, criam limitações para que o pensamento e a linguagem sejam potenciados

pelo processo educativo. Decorre a isso a necessidade de revisão dos referenciais teóricos

presentes na formação de profissionais da educação e da psicologia em busca da finalidade

maior da educação que é o desenvolvimento das potencialidades humanas.

Palavras-chave: linguagem e pensamento; atividade prática; processo pedagógico.

Introdução

Os processos ativos de ensino e aprendizagem a cada dia vem sendo objeto de

investigação em diferentes referenciais teóricos, ora focando as relações entre os estudantes e

os objetos de estudo, ora focando as metodologias de ensino que criam situações para a

apropriação ativa do conhecimento por parte dos estudantes.

Este estudo tem como finalidade analisar algumas implicações da não

consideração da constituição histórico-cultural da condição humana diante dos processos

educativos instituídos no contexto escolar.

Para tanto, parte-se da constatação de que a educação encontra dificuldades em

fazer cumprir sua finalidade maior que é promover os elementos constitutivos do humano pela

via da apropriação do conhecimento elaborado historicamente. Tal finalidade da educação

objetiva-se no desenvolvimento das potencialidades humanas, mediado pelos processos

educativos disponibilizados pela agencia oficial instituída historicamente, a escola.

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Em estudo realizado sobre as mediações simbólicas na atividade pedagógica que

criam possibilidades de transformação da condição humana (BERNARDES, 2006), verificase

que um dos elementos presentes na análise do fenômeno social é a falta de conhecimento

teórico sobre o desenvolvimento e a constituição histórico-cultural das funções psicológicas

superiores por parte dos educadores. Conseqüentemente, as ações na atividade de ensino

deixam de contemplar elementos considerados essenciais para a compreensão das

dificuldades e das possibilidades no aprendizado e, conseqüentemente, para o

desenvolvimento do psiquismo humano.

Linguagem e pensamento, assim como as demais funções superiores,

permanentemente fazem parte do movimento de apropriação da realidade objetiva e dos

conceitos mediados no contexto escolar.

Assim sendo, este texto traz, em particular, algumas reflexões sobre a relação

entre linguagem e pensamento como funções superiores constituídas historicamente que se

organizam a partir das relações com os diferentes objetos sociais e pelas múltiplas relações

interpessoais possibilitadas nas atividades humanas e, em especial, na atividade pedagógica

que sintetiza a unidade entre a atividade de ensino e a atividade de estudo.

Para tanto, traz-se como objeto de estudo a natureza social elaborada

historicamente da constituição do pensamento e da linguagem e as formas e a lógica do

pensamento humano como elementos essenciais a serem contemplados no processo

pedagógico que visa a superação da condição humana como produto das múltiplas relações

criadas pela vida em sociedade.

A Linguagem como Instrumento Constitutivo do Pensamento

Rivière (1988), ao sintetizar as elaborações vigotskianas sobre a concepção

semiótica da consciência, resgata o conceito de linguagem utilizado originalmente na língua

russa. “Myšlenie i reč”, traduzido como pensamento e linguagem na linguagem ocidental,

não resgata a concepção ampla utilizada por Vigotski. De acordo com o autor,

O conceito de rec é amplo, e em Vygotsky se refere, sobretudo, à linguagem como

atividade funcional, incluindo, portanto, um sentido muito pragmático, que se pode

contrapor ao de linguagem como estrutura abstrata ou código analisável com

independência de seu emprego interativo. Não se trata, portanto, da fala como

realização

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