A Ciência Do Desenvolvimento Humano: Ajustando O Foco De Análise

Para compreendermos a definição de desenvolvimento se precisa trabalhar de um modo interdisciplinar, onde várias áreas como a social, psicológica, biológica possam dar sua contribuição para essa compreensão. A ciência do desenvolvimento se detém nas trajetórias em que o indivíduo percorre durante o processo de vida, levando em consideração sua participação cultural, social etc. Diante a analise da ontogênese do ser humano ao longo do processo evolutivo compreendemos as mudanças biológicas e assim como se dá o desenvolvimento do indivíduo e suas implicações.

Como um organismo integrado ao ambiente, seu desenvolvimento é um produto das informações que adquiri ao longo da vida. As relações estabelecidas, a cultura inserida, as crenças, a geografia todos esses aspectos moldam e definem como se dará o desenvolvimento. Logo, desenvolvimento é o estudo das mudanças ao longo do tempo, assim como suas pré-disposições genéticas.

Porém nem todas as mudanças podem ser consideradas desenvolvimento (Valsiner & Connolly, 2003). Para que possamos considerar mudanças dentro do conceito de desenvolvimento precisamos ter uma direção a ser seguida de modo linear, ao menos para se deduzir teoricamente.

Existem relações entre ambiente, comportamento, atividade neural e genética. São uma série de processos que atuam integrados que modelam o organismo. Logo, devemos levar em consideração os efeitos produzidos, ou transformados, pelo gene, no qual chamamos de epigênese. A epigênese propõe que pode haver mudanças na ontogenia do individuo. Mudança a nível genético, que implica na mudança comportamental em um curto período de tempo, fazendo assim com que sejam adquiridas novas propriedades funcionais, estruturais e competências, tudo isso motivado por alguma emergência ou nova informação. Podemos afirmar que a estrutura cerebral é uma função não só de dados genéticos, mas também de experiência vivida pelo individuo. Com essa noção epigenética e de probabilidade do desenvolvimento, nos dá abertura para se obter dados cada vez mais empíricos e alinhados.

Dois conceitos andam juntos para explicar o processo de desenvolvimento: mudança e continuidade. A mudança de um comportamento existe em um espaço tempo e em um ambiente específico no qual o mesmo atua. A continuidade existe justamente nesse intervalo de relação entre individuo e mundo físico. A mesma refere-se a regularidade nos padrões do desenvolvimento, tanto no nível teórico, a aquisição de informação e repertórios do indivíduo ao longo da vida, e ao nível dos comportamentos observáveis, as mudanças ocorridas.

Porém a esses conceitos não cumprem todos os requisitos para a compreensão do desenvolvimento, pois precisamos analisar o desenvolvimento de forma sistêmica, ou seja, considerando o tempo de reorganização adaptativa, o dinamismo entre os diferentes sistemas, etc. E os mesmos se limitam a explicar os padrões relacionais e comportamentais no qual são transferidos em determinadas situações, somente fazendo com o indivíduo se adapte ao contexto.

A abordagem do curso da vida consegue dar conta de explicar o desenvolvimento de uma forma mais clara, a mesma inclui o funcionamento do ambiente como estrutura social, levando em conta a geografia, do nível macro até as esferas sociais menores, escola,