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A DOUTRINA DE FÉDON, IMORTALIDADE DA ALMA

Por:   •  10/11/2022  •  Artigo  •  3.049 Palavras (13 Páginas)  •  102 Visualizações

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INSTITUTO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA MATER ECCLESIAE

JOÃO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR

A DOUTRINA DE FÉDON, IMORTALIDADE DA ALMA

        PONTA GROSSA        

2022

JOÃO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR

A DOUTRINA DE FÉDON, IMORTALIDADE DA ALMA

Trabalho apresentado para conclusão do semestre e adquiri nota na matéria de Metodologia cientifica no curso de filosofia no Instituto de Filosofia e Teologia Mater Ecclesiae.

Professor: Edvaldo

PONTA GROSSA

2022

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo o estudo da doutrina de Fédon, da imortalidade da alma escrito por Platão conta a história que se passa com Sócrates. Sócrates tinha sido condenado à morte por envenenamento e, no dia da execução da pena, alguns amigos foram visitá-lo. O livro trata, dessa conversa, onde Sócrates argumenta o motivo por estar tranquilo para a sua morte. Para Sócrates o corpo e a alma são coisas totalmente diferentes. O corpo é visto como algo impuro, enquanto a alma como algo sem mácula. O filósofo busca sofrer o mínimo de influência possível do corpo sobre sua alma. Busca a neutralidade. Sócrates parte do pressuposto de que a morte é a separação entre corpo e alma. Assim, na morte o filósofo poderá encontrar-se com a verdade, sem sofrer a influência de seu corpo corrupto. A morte, por assim dizer, é o momento mais esperado na vida do filósofo. Mas como saber se depois da morte, a alma também não morre? Através do argumento do paradoxo, Sócrates aponta suas possibilidades.

PLAVRAS-CHAVES: Platão. Fédon.Imotalidade da alma.

                


INTRODUÇÃO

        Falar do Fédon é também retratar a complexa estrutura argumentativa que é assegurado pelo tema da alma. Dentre outros assuntos, em suas linhas, o Fédon trata da questão dos prazeres, do conhecimento, da verdade, da geração e da corrupção, da vida filosófica, da morte, do medo da morte, da justiça, da imortalidade da alma e também sobre mitos. Outro aspecto fundamental do diálogo será a sua enunciação do suprassensível, das formas, realidade fundamental para o filósofo ateniense. No Fédon teria, então, “a primeira e a mais audaz tentativa de fundamentação do realismo filosófico: a teoria das Ideias de Platão. O processo é o que julgamos como critério para a salvação que o diálogo apresenta, o filósofo que purifica a sua alma a salva da ilusão dos conhecimentos sensíveis, bem como de um eventual ciclo de reencarnações, como tratado miticamente e logicamente no diálogo. A salvação é dupla: em vida e após a morte. Platão, com isso, relacionará a filosofia como uma atividade anímica que se realiza no puro, e em direção a ele.

        Platão definirá a filosofia como o discurso sobre o puro, elemento esse que remete a outro mundo, outra realidade, a do inteligível. Sendo assim, a filosofia platônica será um exercício continuo de ascese e temperança, afastando a alma do corpo e de suas paixões. Este cuidado excessivo com a alma não será o proporcional desprezo ao corpo, mas apenas um destaque para o único aspecto do homem que se dirige à phrónesis (sabedoria pratica), grande objeto do desejo erótico do filósofo e que só será alcançado plenamente pela alma após a morte do corpo.

        Platão apresentará, ao nosso entendimento, quatro argumentos em favor da imortalidade da alma. Eles satisfarão Cebes e Símias, principais interlocutores de Sócrates, que fará ainda um discurso mítico sobre o destino das almas. Tal narrativa, comporá a beleza e riqueza literária do diálogo, que paira com imagens tão peculiares do pensamento mítico-religioso. O relato mítico não auxiliará o lógos, mas será juntamente com ele pintado por Platão nesse quadro belo que o discípulo preparou para a memória de seu mestre, o eternizando na história.

TEORIA DA ALMA EM PLATÃO

        Platão desenvolve uma teoria, baseada na tripartição da alma: (i) alma intelectiva, correspondente à parte superior do corpo (cabeça), à qual se liga a figura do filósofo; (ii) alma irascível que corresponde à parte mediana do corpo humano (peito), caracterizada pela coragem como virtude cavalheiresca; (iii) alma concupiscível, correspondendo à parte inferior do corpo humano, à qual se ligam os desejos humanos.

        O virtuosismo platônico tem relação direta com o domínio das tendências irascíveis (ira, raiva) e concupiscíveis ou apetitivas humanas (inclinação a gozar os bens materiais; apetite sexual; sensualidade - alma apetitiva), tudo com vistas à supremacia da alma logística. Então, virtude significa controle, ordem, equilíbrio, em que às almas irascíveis e apetitivas se submetem aos comandos da alma racional, que é a alma logística. Assim, a boa conduta será a que se afinar com a alma intelectiva. Ressalta-se que onde predomina as partes inferiores (peito - alma irascível e baixo ventre - alma apetitiva) com relação a alma racional (intelectiva), aí está implementado o reino da desordem, isso porque ora manda o peito, e suas ordens e mandamentos são incontroláveis (ódio, rancor, inveja, ganância etc.), ora manda a paixão ligada ao baixo ventre (sexualidade, gula etc.). Deste modo, buscar a virtude é afastar-se do que é normalmente valorizado pelos homens, que é o que mais ainda o liga ao corpo e ao mundo terreno, e procurar o que é valorizado pelos deuses, e que mais a distância do corpo e do mundo terreno. “O corpo nunca nos conduz a algum pensamento sensato”, de acordo com Platão.

  1. MUNDO SENSÍVEL E MUNDO INTELIGIVEL

        

        O itinerário filosófico que está no cerne do pensamento de Platão no diálogo Fédon sintetiza-se no Mito da Caverna, presente no livro VII da República: a alegoria ― que narra a saída de um homem da caverna, onde sempre viveu agrilhoado com seus outros companheiros, em direção à luminosidade do dia lá fora ―, trata da ascensão do filósofo, que sai do mundo sensível em direção ao mundo inteligível. O problema central da filosofia de Platão é possibilitar a ascensão, notadamente do filósofo, até o mundo inteligível, lugar da estabilidade e da verdade. Toda alma já teve contato com ele, porém esquece-se do que viu assim que perde suas asas e cai da região inteligível nalgum corpo terreno, que passa a controlar.

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