A Elaboração Do Luto Na Infância: Suas Consequências E A Contribuição Da Psicologia

              A ELABORAÇÃO DO LUTO NA INFÂNCIA: SUAS CONSEQUÊNCIAS E A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA

Glenda Giacomoli

 

INTRODUÇÃO  

         O presente artigo tem por objetivo geral investigar quais são as possíveis formas de facilitar o processo de elaboração do luto para as crianças . Para isso nos colocamos o seguinte problema de pesquisa : Uma vez que o  luto é um processo comum na vida de todos, tendo que a morte é algo natural a vida, se faz necessário então analisar como as crianças costumam encarar tal processo,  acima de tudo como facilita-lo na infância e como a psicologia pode intervir e contribuir para este? Para responder ao nosso problema de pesquisa analisaremos quatro grandes pontos importantes para tal situação, a saber, identificar a forma mais “comum”  que  se dá a elaboração do processo do luto, e quanto passar por tal processo pode se tornar traumático e afetar o individuo durante toda a vida, dissertar sobre a percepção do conceito social, em torno, da morte e do luto  e  como esta afeta a concepção das crianças, averiguar como a intervenção do grupo familiar, pode interferir complicando ou facilitando este processo através da forma de acolhimento que esta vai representar e por ultimo verificar quais formas didáticas podem ajudar neste processo ,  compreender qual é o papel da psicologia em torno deste e  como pode ajuda-lo através de suas técnicas .

        A escolha do tema deu-se e  justifica-se como relevante e merecedor de ser estudado, primeiramente através de uma situação analisada, onde uma criança, em torno dos sete anos de idade, perde uma pessoa próxima, e não encontra meios de realizar seu processo de elaboração do luto corretamente, sofrendo com suas consequências até a sua adolescência, onde em sessões psicoterapêuticas, volta a falar disto e consegue então alterar positivamente sua percepção dos fatos que a afetaram, trazendo á tona um grande interesse em torno de tais processos.

        A temática definida para esse estudo apesar de muito vivenciada pela sociedade,  ainda é pouco introduzida ao meio acadêmico, tendo sido o luto mais estudado em adultos, esta pesquisa visa contribuir para a sociedade e área da psicologia analisando o impacto nas relações interpessoais, desenvolvimento emocional, comportamento, desempenho acadêmico e saúde mental das crianças, trazendo novas percepções em torno destas, uma vez que dentro desses âmbitos não apenas a criança seria afetada como todos em sua volta.

        Segundo a pesquisa realizada por Maria Helena Pereira Franco e Luciana Mazorra em um estudo clinico que objetivou investigar fantasias da criança enlutada pela morte de um ou ambos os pais e sua relação com o processo de elaboração do luto, foram identificados após intrevistas clinicas que o sentimento de desamparo parece ser aquele que predomina na mobilização das fantasias das criança enlutadas , porém que além disto as crianças podem tomar  outras coisas para si, se não forem devidamente acompanhadas, como por exemplo, a fantasia de identificação com o genitor morto , ou seja, que precisariam ocupar o lugar do genitor morto, fato que traria incontáveis consequências para estas crianças, além disto, as autoras acima citadas, ainda chegaram a outras conclusões como que as crianças elaboram o luto,porém têm um modelo próprio de elaboração, sendo equivocado impor-lhes o modelo adulto, e que existem variados fatores para serem analisados como por exemplo características da criança  sendo elas idade, sexo, momento de desenvolvimento cognitivo, a relação da criança com o falecido e muitos mais, pois todos estes interferem diretamente na elaboração do luto. Observando estes estudos as justificativas técnicas para este artigo, já se fazem presentes uma vez que todos estes fatos se não continuarem a serem analisados, podem afetar uma quantia de crianças, tornando-lhes além de crianças que sofrem, adultos que tem extensos traumas e sofrimentos psíquicos.

        Para desenvolvermos o nosso Artigo Cientifico faremos uso da Pesquisa Bibliográfica, da Pesquisa Documental e a Pesquisa explicativa que consiste em utiliza-se de livros, artigos científicos, revistas da psicologia, jornais entre outras publicações além de fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, pintura, escultura, desenho entre outros, buscando fornecer uma explicação para o tema estudado.

 A percepção do conceito social, em torno, da morte e do luto e como esta afeta a concepção das crianças:

Como cita o sociólogo Robert Hertz (1907,S/P) em seu ensaio sobre a contribuição para um estudo sobre a representação coletiva de morte,   a morte é um evento que “não se resume aos fenômenos fisiológicos: ao acontecimento orgânico, acrescenta-se um conjunto complexo de crenças, emoções e atos que lhe conferem um caráter próprio”

Em análise de contexto social se observa que o momento da perda de um ente querido, desencadeia uma série de rituais , onde o corpo deve ser enterrado o mais rápido possível, quase sempre precedido de um velório, onde o recém falecido , tem roupas escolhidas pelos familiares, especialmente para aquele momento, rituais que demonstram obviamente que para o homem, a perda não é só um processo físico e biológico, mas extremamente emocional.

As crenças automaticamente ligadas a tudo isso, e que tem função extremamente importantes neste processo são construídas em base, do contexto social em torno da morte, que obviamente variam em torno de cada sociedade.

 No século XV, por exemplo, os cemitérios europeus eram bons lugares para namorar, jogar bola, dançar, comer, beber e fazer compras, costumes que  em nossa cultura, seriam vistos como inapropriados e inconcebíveis. Porém ainda hoje em  culturas dos países como Japão e México , a morte não é vista como algo ruim, pelo contrário , seria apenas uma passagem do mundo físico para o espiritual.

‘’Há uma crença no Japão de que a morte não representa tristeza. É vista apenas como passagem espiritual, tanto que familiares dos falecidos preparam banquetes’’explica Antonio Nokai, (2021) vice-presidente da Associação Nikkei de Vitória., para um artigo realizado para a Gazeta que relatou melhor detalhes sobre essas culturas especificas .

O mesmo artigo exemplificou ainda citando a comemoração do  ’’Día de los Muertos", comemoração do México que dura 48 horas e representa um retrato fiel do significado da morte, e do luto, para a sociedade mexicana: festa, reencontro e celebração.