A Entrevista clínica e Colaboradores Psicodiagnóstico

FICHAMENTO DE LEITURA

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: TAVARES, M. A entrevista clínica. In: CUNHA, J. A. e colaboradores Psicodiagnóstico V. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 5. ed., 2000, p. 45-56.

RESUMO:

         No texto o autor irá nos descrever que existem várias formas de abordarmos a entrevista Clínica, e que vai de acordo com a orientação do entrevistador e do objetivo especifico da entrevista. Ao decorrer do texto falaremos sobre os principais objetivos de cada tipo de entrevista e suas estratégias, definição de entrevista clínica, diferença dos tipos em que podem ser classificados e os aspectos das competências do entrevistador.

DEFININDO A ENTREVISTA CLÍNICA

Para a psicologia a entrevista clínica é um conjunto de técnicas de investigação, que possui tempo delimitado, é dirigida por um entrevistador treinado, que se apropria de conhecimentos psicológicos, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos do indivíduo (os), podendo fazer recomendações, encaminhamentos ou sugerir alguma intervenção.

Para essa definição são utilizados alguns elementos, como: a Técnica que é uma série de procedimentos que possibilitam investigar os temas que estão em pauta. A Investigação viabiliza alcançar objetivos primordiais da entrevista que são Descrever e Avaliar, que presume levantar informações, a partir das quais se torna possível relacionar eventos e experiências, fazer inferências, estabelecer conclusões e tomar decisões.

O texto ainda nos afirma que a entrevista é parte de um Processo, que basicamente é concebido por um processo de avaliação, que pode ocorrer em apenas uma sessão e ser dirigido a fazer um encaminhamento ou definir os objetivos de um processo psicoterapêutico. A entrevista clínica também pode ter características de ser Dirigida, onde é necessário um reconhecimento por parte do entrevistador, de seus objetivos, como já falado no início do texto os objetivos são i que definem cada tipo de entrevista e as estratégias que serão utilizadas.

        O entrevistador e o entrevistado têm nesse processo, atribuições diferenciadas de papéis. A função especifica do entrevistador coloca a entrevista clínica no domínio de Relação Profissional, e ele está incumbido da responsabilidade da condução do processo e pela aplicação de conhecimentos psicológicos em benefício das pessoas envolvidas. E o entrevistado deve fornecer todas as informações solicitadas.

        Existe uma complexidade alta mediante a tais procedimentos específicos de cada entrevista, sendo assim é necessário que os psicólogos envolvidos tenham um Treinamento Especializado, pois o resultado de uma entrevista depende da experiência e da habilidade do entrevistador, além da técnica que este deve possuir. O treinamento tem o intuito de antecipar e evitar essas situações e procura apresentar e discutir vários aspectos práticos do procedimento. Além do treinamento formal nos cursos de graduação e especialização, a prática supervisionada é reconhecida como a melhor estratégia para a consolidação dessa aprendizagem.  

        O autor cita também que a entrevista clínica deve ter como, Beneficiado, direto sempre as pessoas entrevistadas. Mas em alguns casos, podem haver alguns conflitos de interesse o entrevistador deve estar ciente dessa questão e das questões éticas envolvidas, mesmo quando a entrevista tem penas a finalidade de encaminhamento.

        Importante citar também sobre a necessidade de Delimitação Temporal, que tem a função de explicitar as diferenças de objetivos dos dois procedimentos e dos papéis diferenciados do profissional nas duas situações. Essa delimitação define o setting e fortalece o contrato terapêutico, que pode ser consolidado como conclusão das entrevistas iniciais.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO ASPECTO FORMAL

Em aspecto forma, as entrevistas podem ser divididas em: Estruturadas, Semi estruturadas e de Livre Estruturação.

• Entrevistas Estruturada: São pouco usadas em clínica, são mais frequentes em pesquisas. As perguntas são quase sempre fechadas, buscam respostas especificas de perguntas especificas, privilegiando a objetividade e comparação dos dados.

• Entrevista Livre ou Não-Estruturada: Está entrevista, supõe, na verdade exige, alguma forma de estruturação. É necessário que se conheçam suas metas, o papel de quem a conduz e os procedimentos pelos quais é possível atingir seus objetivos. Estes e outros elementos próprios das entrevistas lhes conferem uma estrutura, mesmo que o entrevistador não a reconheça explicitamente. O entrevistador nesse caso, se apropria do discurso espontâneo do entrevistado e segue o fluxo natural de suas ideias.

• Entrevista Semi-Estruturada: o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que tipo de informação é necessária para atingi-los, de como essa informação deve ser obtida , se através de perguntas sugeridas ou padronizadas, quando ou em que sequência, em que condições deve ser investigada e como deve ser considerada (utilização de critérios de avaliação), essas entrevistas são de grande utilidade em settings onde é necessário a padronização de procedimento e registro de dados, como em clinicas sociais, na saúde pública, na psicologia hospitalar, etc.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS OBJETIVOS

         Uma entrevista para a avaliação na clínica psicológica pode ter por finalidade características vinculadas, ou pode ter por objetivo uma combinação de aspectos relacionados a mais de tipo de entrevista. Logo cada modalidade de entrevista define seus objetivos.

Abaixo cada tipo de entrevista:

• Entrevista de triagem: tem como objetivo principal avaliar a demanda do sujeito e fazer encaminhamento. Geralmente é utilizada em serviços de saúde pública ou em clinicas sociais, onde existe uma contínua procura por serviços psicológicos, fazendo-se necessário avaliar a adequação da demanda em relação ao encaminhamento pretendido. A triagem é também fundamental para avaliar a gravidade da crise, pois, nesses casos torna-se necessário ou imprescindível o encaminhamento para um apoio medicamentoso;

• Entrevista de Anamnese: tem por finalidade avaliar, fazendo um levantamento detalhado da história do sujeito, principalmente da infância. Pode ser estruturada cronologicamente.

• Entrevista Diagnóstica: Prioriza os aspectos sindrômicos, descrição de sinais, (baixa autoestima, sentimento de culpa) ou psicodinâmicos, descrição de sintomas (humor deprimido, ideação suicida) para a classificação de um quadro ou síndrome (Transtornos depressivo maior). O Diagnóstico Psicodinâmico visa a descrição e a compreensão da experiência ou do modo particular de funcionamento do sujeito, tendo em vista uma abordagem teórica. Tanto o diagnóstico sindrômico quanto o psicodinâmico visam a modificação de um quadro apresentado e benefício do sujeito.

• Entrevista Sistêmica: A busca para avaliar casais e famílias está se tornando cada vez mais importante, pode focalizar a avaliação da estrutura ou da história relacional ou familiar. Podem também avaliar aspectos importantes da rede social de pessoas e famílias.

• Entrevista de Devolução: Tem como finalidade comunicar ao sujeito o resultado da avaliação e também permitir ao entrevistado expressar seus pensamentos e sentimentos em relação às conclusões e recomendações do avaliador. Destaca-se também a importância de ajudar o sujeito a compreender as conclusões recomendações e a remover distorções ou fantasias contraproducentes em relação a suas necessidades.

Competências do Avaliador e a Qualidade da Relação