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A Estamira Lixo Extraordinário

Por:   •  14/11/2018  •  Resenha  •  1.172 Palavras (5 Páginas)  •  262 Visualizações

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Psicopatologia do Adulto

Monique Pereira Gonçalves

UM ELOGIO À LOUCURA: ESTAMIRA

RIO DE JANEIRO

2018

                               

 

Estamira é um documentário surpreendente lançado em 2006 e que retrata a história de Estamira Gomes de Souza,63 anos, que vive de um lixão na grande Rio (Duque de Caxias), foi acompanhada por mais de dois anos pela equipe do cineasta Marcos Prado, expondo a admirável história de uma mulher aparentemente insana. Vencedor de 23 prêmios nacionais e internacionais, o elogiado documentário alcançou sucesso ao valorizar a personagem sua vida ali e outras perspectivas de vida.

Da pobreza e vida marcada pelo passado de sofrimento ela retira coragem para acreditar que por ser “deus e que o mundo inteiro depende dela, sua vida está em total controle”.

 O local recebe mais de oito toneladas de lixo e, no meio do entulho e numa vida sub-humana, ela declara adorar aquele lugar. O cineasta busca “dar voz através das telas” as pessoas do dia a dia, pessoas cujas vozes não se ouvem, anônimas na sociedade.

Neta de militar, autoritário e rígido que destratava sua mãe, ela conta que foi abusada pelo seu avô na infância e levada aos doze anos para trabalhar em uma casa de prostituição.  Aos 17 anos conheceu seu primeiro marido que a levou para sua casa, teve com ele o primeiro filho, separou-se dele pelo fato de sofrer constantes traições.

 Após isto, casou-se novamente, teve mais uma filha com ele e separou-se novamente por motivos de traição. Um dia quando voltava do serviço foi estuprada por um estranho na rua. Consequentemente indo morar no lixão com os filhos, teve mais uma filha que foi adotada por uma outra mulher a pedido do irmão. Todavia, segundo sua filha, foi por ocasião da violência do segundo estupro que ela perdeu a fé, abriu mão de Deus e mergulhou em um mundo que é mistura de alucinações, lucidez e fantasias.

 Estamira revela que vive em função de “revelar a verdade e cobrar a verdade”. Vivendo no lixo da civilização ela consegue superar sua condição miserável e colocar em questão valores perdidos da sociedade. Este documentário propiciou a milhares de pessoas de ouvir o discurso de Estamira a partir de diversos lugares.

 Escutá-la através da psiquiatria – é refletir sobre o diagnóstico de esquizofrenia que ela recebeu – ou do lugar da psicologia – é observar como ela faz parte do meio em que está inserida e como ela se relaciona com o espaço (da família, o do lixão, o dos órgãos de saúde).Através da escuta o autor levanta a esquizofrenia que esta senhora revela de suas histórias de vida, que por vezes realidade e alucinações estão reunidos.

De acordo com (Kaplan 2017), a esquizofrenia abrange um grupo de transtornos com etiologias heterogêneas e inclui pacientes com representações clinicas, resposta ao tratamento e cursos da doença variáveis. O transtorno costuma começar antes dos 25 anos, persiste durante toda a vida e afeta pessoas de todas as classes sociais. Incluem alterações na percepção, na emoção, na cognição, no pensamento e no comportamento. É considerada pela psicopatologia como um tipo de sofrimento psíquico grave, caracterizado principalmente pela alteração no contato com a realidade (psicose).

Segundo o DSM-IV, é um transtorno psíquico severo caracterizado por dois ou mais dentre o seguinte conjunto de sintomas por pelo menos um mês: alucinações visuais, sinestésicas ou auditivas, delírios, fala desorganizada (incompreensível), catatonia ou/e sintomas depressivos juntamente com a paranoia (transtorno delirante persistente, na CID-10, o transtorno esquizofreniforme e o transtorno esquizoafetivo, as esquizofrenias compõem o grupo das psicoses.

No turbilhão das suas emoções ela traz verdades que possibilitam perceber os fenômenos patológicos que são descritos pelos teóricos. “Ai, manter controle, manter controle. O cometa é grande, é por isso que eu passo mal, a carcaça, a carne. Porque ele é muito grande. Ele não é do tamanho que vocês vê. Ele não é lá em cima não, ele é aqui embaixo. Lá, o que vocês vê é o reflexo. A lua é lá no morro acolá, ó. Não é lá, não, assim, não, é o reflexo, é o contorno. Ai, manter controle, manter controle. Ai, Ai.

Nesta fala Estamira manifesta o “mundo” da doença mental uma realidade para ela também para nós onde, a partir do conhecimento da psicopatologia foi encontrado. O domínio da Psicopatologia estende-se a “todo o fenômeno que se possa aprender em conceitos de significado constantes e com possibilidade de comunicação” (Karl Jaspers).

Através do que ela relata delírios e alucinações são notórios, pelo qual demonstrações qualitativas da consciência no processo de pensamento do esquizofrênico se dão. A personagem traz experiencias do delírio que é uma alteração do juízo falseado, traz convicção extrema e certeza subjetiva o que é marcado por perseguição ou grandeza. As experiencias de alucinações vividas são representadas de maneira comum onde os objetos se tornam reais existentes, visual e auditiva.

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