TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A FUNÇÃO DO BRINCAR PARA A CRIANÇA: UM OLHAR PSICANALÍTICO

Por:   •  8/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  898 Palavras (4 Páginas)  •  266 Visualizações

Página 1 de 4

FACULDADE ASSIS GURGACZ

JAILINE NICOLE JANKOSKI

VICTÓRIA BLANCO LIMA

A FUNÇÃO DO BRINCAR PARA A CRIANÇA: UM OLHAR PSICANALÍTICO

CASCAVEL

2015


O brincar tem início desde os primeiros dias de vida, nesse relacionamento simbiótico com a figura materna, e vai sofrendo modificações e acréscimos ao longo do desenvolvimento do sujeito (MELO, 2003). O período da transicionalidade pode ser considerado como o momento em que a criança começa a se separar da mãe – separação que já vem se fazendo com o processo do desmame –, a poder substituir a mãe por alguma outra coisa, chamado de objeto transicional (FULGENCIO, 2008). É nesse ponto que surge a capacidade do brincar, que é também, para Winnicott, uma maneira de o ser humano encontrar a si mesmo (WINNICOTT, 1971 apud FULGENCIO, 2008).

Segundo Fulgencio (2008), o objeto transicional é usado tal como se fosse a mãe; ele guarda a relação de familiaridade que o bebê tem com a mãe, fazendo as vezes da mãe, desde que ela permaneça sendo, efetivamente, uma presença para a criança. Este objeto jamais pode ser dado à criança: é ela quem o cria. Por um lado a criança cria o objeto, ou seja, é sua ação espontânea que dá valor e vida ao objeto. Por outro, a criança encontra o objeto que já preexiste no mundo exterior.

Melo (2003) relata que a criança traz objetos ou fenômenos oriundos do mundo externo, mas utiliza-os a serviço de algum aspecto derivado de sua realidade, dando significado a essas situações e, assim, elaborando e construindo o seu mundo. Pode-se perceber que a criança repete, em seus jogos, tudo o que lhe causou uma forte impressão na vida real, tanto prazerosa quanto desagradável. Dessa forma, ela pode obter o controle da situação e revivê-la, dando um novo significado à percepção dos fatos.

De acordo com Fungencio (2008), o brincar, como modelo para a prática analítica, é concebido em função do encontro com o si mesmo, da comunicação e da interseção entre a realidade subjetiva e a objetivamente percebida, encontro que contribui para o amadurecimento, uma vez que corresponde a um tipo de integração da pessoa. Fungencio (2008) ainda acrescenta que, para Winnicott o brincar é, em si mesmo, psicoterápico, não propriamente por causa dos elementos simbólicos que veicula ou expressa, mas pelo que realiza: “É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem da sua liberdade de criação” (WINNICOTT, 1968i apud FULGENCIO, 2008).

Já Melanie Klein vê a brincadeira como uma forma de comunicação extremamente importante para a sessão com crianças, como relata Franco (2003). O importante, para ela, era o fato de que a brincadeira era uma maneira de a criança expressar o seu mundo interno, ou, noutros termos, a brincadeira era uma maneira pela qual as fantasias inconscientes infantis eram expressas. Então, a interpretação da brincadeira correspondia nada menos do que à interpretação dos conteúdos das fantasias inconscientes que a brincadeira tornava possível apreenderem a partir de seu simbolismo (HINSHELWOOD 1992 apud FULGENCIO, 2008).

A psicoterapia se efetua na sobreposição de duas áreas do brincar, a do paciente e a do terapeuta. A psicoterapia trata de duas pessoas que brincam juntas. (WINNICOTT, 1968i apud FULGENCIO, 2008). A análise infantil apoia-se sobre o brincar, que se constitui na forma utilizada pela criança para associar, bem como na sua via de acesso para o inconsciente (MELO, 2003). Se não houver uma adesão do paciente e do analista àquele espaço e tempo fora do espaço e tempo comuns, então não há brincadeira. O desafio é brincar com a realidade subjetiva de ambos (paciente e analista) que se presentifica ali mesmo na sessão, de um modo tão concreto que se pode quase tocar (FRANCO, 2003).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (5.8 Kb)   pdf (116 Kb)   docx (13.1 Kb)  
Continuar por mais 3 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com