A HIPOCRISIA DEVASTADORA - ABORTO
Por: Camila Baggio • 30/11/2016 • Trabalho acadêmico • 656 Palavras (3 Páginas) • 564 Visualizações
HIPOCRISIA DEVASTADORA
O caso da morte de Jandira Santos que chocou o país no ano passado, não está longe de ser o primeiro e muito menos o último caso de abortos clandestinos que geram a morte de milhares de brasileiras todos os anos. Está claro que mulheres abortam independente da legalidade do mesmo. Ele acontece e muito nos últimos tempos, e ao invés de salvar vidas, como é o argumento mais defendido pelos contrários, acaba gerando mais mortes e trazendo sérios problemas à vida dos envolvidos. Cabe ressaltar aqui, que, segundo especialistas, o aborto até os três meses de gestação é extremamente seguro para a mulher e não é dolorido ao feto, que ainda se encontra em uma fase de inconsciência permanente.
As pessoas costumam julgar muito as mulheres que desejam interromper sua gravidez, taxando-as como desumanas, sem coração. Porém, como uma criança poderá vir ao mundo sem ser desejada por sua própria genitora? Nossa sociedade impõe às mulheres a maternidade, tratando-a como a experiência mais complexa de suas vidas e não duvidamos que possa ser mesmo, porém, existem mulheres que não pensam da mesma forma e elas possuem informações, bases, apoio para seguir sua escolha? Não. Infelizmente não! Mas isso não as faz mudar de ideia; alguém que arrisca sua saúde, seu corpo, sua vida em um aborto clandestino realmente não está preparada e não quer gerar esta vida. E o que fazer com estas mulheres desesperadas em busca de ajuda? Prendê-las? Condená-las? Seguir o exemplo dos nossos vizinhos Uruguaios e legalizar o aborto até os três meses de gestação seria uma solução palpável para esta situação amedrontadora. Com isso, as mulheres poderiam usufruir das suas maiores conquistas: a independência e a autonomia para com seu corpo e decisões.
No Brasil, a prática abortiva é permitida em casos de fetos anencéfalos (sem parte do cérebro), risco de vida para mãe e estupro. E o que nos choca nesta história é que mais uma vez a hipocrisia vence, pois mulheres que têm dinheiro podem realizar o procedimento com segurança e apoio, enquanto o restante não tem opções. Jandira pagou caro pelo procedimento e, mesmo assim, teve sua vida interrompida. Então, pense: o que acontece com as que não têm dinheiro nenhum?
Com isso a seguinte questão poderia ser levantada: por que uma mulher não desejaria ser mãe? Existem diversos possíveis motivos para isso: financeiro, profissional, familiar, psicológico, entre outros. E se essa mulher não deseja ser mãe, por que engravidou? Gravidez é algo que pode acontecer e a opção de interrompê-la de forma segura precisa existir! Todos os métodos contraceptivos podem falhar, as pessoas são pessoas, podem errar, sejamos realistas, sejamos humanos.
O fato de o Brasil ser um dos países mais punitivos e conservadores em relação ao aborto pela influência das religiões, principalmente católica, trata-se de uma contradição por se tratar de um estado laico, onde a “igreja não interfere nas decisões do estado”. As mulheres não têm liberdade e coragem para falar sobre o assunto, o que acaba por gerar um desconhecimento das causas que levam essas mulheres a abortarem.
Com a legalização do aborto, além de as causas serem descobertas e ter-se números de abortos concretos, poder-se-iam criar políticas públicas visando extinguir essas causas e assim, como em outros países em que ele é legalizado, diminuir esta prática. Além de tudo isso, diversos estudos comprovam que filhos não desejados têm maior propensão em desenvolver doenças psiquiátricas, a ter empregos de menor remuneração e sofrer de depressão.
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