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A Introdução a Psicanálise

Por:   •  29/9/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.752 Palavras (12 Páginas)  •  181 Visualizações

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RELATÓRIO DE FICHAMENTO -  FORMAÇÃO PSICANÁLISE CLÍNICA – 1490h – EAD

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DISCIPLINA:  INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA PSICANÁLISE

TEXTO: Histeria e borderline; A história e a constituição da psicanálise; Freud, Klein, Lacan e a constituição do sujeito.

AUTOR (A) DO TEXTO: Nishikawa; Carloni; Couto.

NOME ALUNO (A):  MARCIA REGINA MARAFIGO WEHLE ODERDENGE

FICHAMENTO DO TEXTO:

  1. A HISTÓRIA DA PSICANÁLISE

A psicanálise surgiu trazendo à tona aquilo que também tinha sido recusado, provocando escândalo ao por no centro dos transtornos mentais o tema da sexualidade, a qual está na base da constituição do humano (Três ensaios sobre a teoria da sexualidade – Freud, 1905).

  1. Histeria

Na história da medicina, CHARCOT diferenciou a histeria da epilepsia e lhe aferiu identidade visual. Criou um arquivo fotográfico, para eficaz registro médico. Charcot fotografava as pacientes histéricas com recursos cênicos: montava um quarto adequado, pintado de negro, com luzes especiais e gravuras assustadoras, que induziam as pacientes a manifestar crises. Assim obtinha registro dos gestos e a teatralização tanto dos sentimentos quanto da experiência clínica.

A fotografia registrava o espetáculo da enfermidade: convulsões, espasmos, sonambulismo, contrações, letargias, delírios, síncopes e outros ataques.

O estudo dos sintomas histéricos por Charcot demandou que o corpo do paciente viesse ocupar lugar de agente do discurso:

De um lado o conhecimento está com o médico, do outro lado a verdade está com o paciente, numa relação de sedução em que o histérico põe seu corpo em cena para que o olhar do médico produza conhecimento.

Mais tarde, FREUD considerou que a histérica busca de escapar continuamente, sendo sustentada pela fantasia como sintoma neurótico, em que o sujeito é o sujeito do prazer sexual do outro, num cenário em que ela mesma é excluída do prazer.

A princípio, a histeria foi tida como um transtorno das sensações, do humor, um mal próprio do feminino (vínculo com período menstrual).

CHARCOT – nova conceituação de doença nervosa

BERNHEIN – princípio do tratamento psicológico

FREUD – a hipnose será substituída pela associação livre.

Assim nasce a psicanálise e o desenvolvimento de seu arcabouço teórico: a formação de um aparelho psíquico, regido não mais pela consciência, mas sim perlo inconsciente, formado por meio de uma ação psíquica, o recalcamento, mecanismo de defesa básico da histeria. Concomitante, a TEORIA DO SONHO, o desvelamento da sexualidade infantil.

  1. Borderline

Podemos considerar 1953 como marco na relação entre psiquiatria e psicanálise: foi o inicio da introdução da medicação psicotrópica e a clorpromazina foi a primeira medicação a ser considerada como eficaz no tratamento dos processos psicóticos e de ansiedade.

Os termos BORDERLINE, CASOS LIMÍTROFES, FRONTEIRIÇOS, tem sua origem de maneira insidiosa no século XX, sendo considerados nessa categoria casos intermediários entre neurose e psicose.

Em 1938, STERN, psicanalista americano, observou o número crescente de pacientes com características que ele denominou NEUROSE BORDERLINE. Os pacientes apresentavam grau de insegurança e imaturidade mais intensos na transferência, que o paciente neurótico.

Em 1953, KNIGHT, considerava mais importante que o diagnóstico, a compreensão psicodinâmica dos pacientes “estados borderline”, principalmente em relação à estruturação do ego. A terapia seria conduzida com o propósito de melhorar, fortalecer as funções adaptativas e defensivas do ego.

Nas ultimas décadas, o diagnóstico de histeria praticamente desapareceu e o de borderline deixa de ser uma categoria intermediária entre a neurose e a psicose para ser considerado um distúrbio de personalidade.

Em 2015, no DVM-V (Classificações Americanas das Doenças Mentais), a HISTERIA e o BORDERLINE são classificados dentro de TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE, constituindo o grupo de indivíduos dramáticos, emotivos ou erráticos que inclui Transtornos da Personalidade Antissocial; e Borderline; Histriônica e Narcisista.

  1. Clínica

Citados como exemplos:

  1. “Uma moça arlequim” – que se remenda na sexualidade, confunde amor com atenção e quer despertar dó e,
  2. “Lilite – deusa e demônio” com suas fases boas e ruins:

GREEN considera a HISTERIA dentro de um quadro neurótico, mesmo quando o paciente adentra o campo da psicose, propondo-se, em primeiro plano, questões ligadas à sexualidade e ao desejo (CASO 1). Enquanto o não psicótico se move no mundo dos sonhos, a personalidade psicótica fica aprisionada num mundo em que a possibilidade de contato com a realidade sofre mutilações em função do predomínio dos aspectos destrutivos, havendo prejuízo no processo de simbolização, na capacidade para o sonho e no desenvolvimento do pensamento, vez que permitiria a criação de uma barreira de contato que possibilita a separação do CONSCIENTE/ INCONSCIENTE, como explica BION: é a capacidade de sonhar que preserva o indivíduo de um ataque psicótico (CASO 2).

Winnicott aponta que “falhas do meio ambiente interferem no desenvolvimento emocional.

Três conceitos metapsicológicos atuais estão imbrincados e são considerados importantes na clínica com os pacientes borderline.

I – O inconsciente não recalcado que busca na realidade, nela incluindo a figura do analista, o cenário representacional para comunicar os estados emocionais, que precisa do outro para expressar como gestos psíquicos não pensados verbalmente (SAPISOCHIN, p. 96, 2012).

II – A simbolização era denotada como a ligação entre aqueles dois sujeitos ( LEVY, 2013). O símbolo é criado no intercâmbio da relação primária (mãe – bebê), dentro de uma experiência emocional (BION), e/ou no espaço entre os dois (WINNICOTT). A necessidade básica, característica do humano é a necessidade de simbolização (LANGER, 1989). A mente tende a operar com símbolos muito abaixo do nível da fala.

III – Intersubjetividade – o inconsciente é também feito, não simplesmente recuperado ou descoberto (RUSTIN, 2008).

“O protótipo mítico de nossa época não é mais Édipo,

mas sim Hamlet”.

“Ser e não ser” – é a nossa questão.

(GREEN, p.66, 1988).

  1. A HISTÓRIA E A CONSTITUIÇÃO DA PSICANÁLISE:INTRODUÇÃO AOS PRINCIPAIS CONCEITOS FREUDIANOS PARA ENTENDER A SUBJETIVIDADE HUMANA

Freud tentou entender a gênese da histeria e se esbarrou na sexualidade humana e, a partir disso criou o conceito de INCONSCIENTE.

Como explicar a constituição do APARELHO PSÍQUICO:

1ª Teoria

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Há um fluxo constante entre as três instantes.

2ª Teoria

LIBIDO

É a energia erótica que possibilita a vida, unindo os homens para fins reprodutivos.

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No plano inconsciente, o SUPEREGO acusa o ID, e o EGO trata de reprimí-las antes mesmo que cheguem ao consciente, gerando o sentimento da culpa.

PSIQUISMO = INSTINTO

O homem é capaz de renunciar à satisfação imediata e ao prazer, em nome da satisfação adiada, que gera segurança, para constituir a vida em sociedade.

A SUBLIMAÇÃO ocorre quando a libido é desviada do objeto de reprodução humana e dirigida para a realização de outras atividades cuja finalidade é a reprodução da cultura.

Essa energia está ligada à PULSÃO DE VIDA (Eros) com o INSTINTO DA MORTE (Tânatos).

Enquanto EROS tende a manter a união, TÂNATOS é a força que tende a manifestar-se por meio da agressividade e da destrutividade.

Essa relação constitui o PSIQUISMO.

FASES DA LIBIDO não são lineares, mas podem se sobrepor, de acordo com a fase, o investimento libidinal se encontra em um órgão ou parte do corpo.

  • Oral
  • Anal sádica
  • Fálica
  • Latência
  • Genital

Estas fases são de fundamental importância para entender:

  • O Complexo de Édipo
  • O Complexo de Castração

O COMPLEXO DE CASTRAÇÃO diz respeito à ameaça de mutilação por meio de uma experiência psíquica vivida, é inconsciente e decisiva na constituição do indivíduo.

É preciso que a criança entenda e internalize que não pode ter todas as suas vontades atendidas. Os limites impostos pelos progenitores, serão fundamentais para a constituição psíquica da criança.

Ela descobre que seus desejos não podem e não serão atendidos imediatamente. Assim, a Castração aliada ao Édipo inaugura o NÃO na vida do indivíduo.

O COMPLEXO DE ÉDIPO diz respeito ao conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. O menino ao eleger a mãe como objeto de amor, identifica-se com o pai e vê nele um rival, que compete pelo amor materno. A ameaça da castração por parte do pai, que faz a interdição da relação com a mãe, e o medo de perder a proteção do pai, leva a criança a abandonar o Complexo de Édipo.

COMPLEXO DE ÉDIPO FEMININO diz respeito ao FALO que é entendido como poder. É fundamental para compreender alguns mecanismos de dominação da sociedade capitalista. Dentro desse sistema, o poder possibilita a força e perpetua a dominação. O poder é buscado como uma promessa de salvação em meio à insegurança e ao desamparo dessa sociedade competitiva.

“A vida no CAPITALISMO tardio é um contínuo rito de iniciação. Todos tem que mostrar que se identificam integralmente com o poder de quem não cessam de levar pancadas”. (HORKHEIMER e ADORNO, 1985, p. 144).

A FELICIDADE, sinal de poder e diferença social, é prometida a todos.

“Todos podem ser como a sociedade todo poderosa, todos podem se tornar felizes, desde que se entreguem de corpo e alma, desde que renunciem à pretensão de felicidade”.

Para que se possa viver em sociedade, “os instintos tem de ser desviados de seus objetos, inibidos em seus anseios”. (MARCUSE, 1969, p. 33).

Por esse motivo, o COMPLEXO DE CASTRAÇÃO aliado ao ÉDIPO, introduz a criança na vida em sociedade. O indivíduo passa a investir libidinalmente em outros objetos, para além do seu próprio corpo ou das figuras parentais.

É esse o processo de produção das NEUROSES, mas é também o movimento que propiciou que o homem pudesse tornar-se um ser civilizado, pela sublimação.

  1. O trauma do nascimento e a incompletude humana

Com o nascimento, o indivíduo se torna um ser que passa a ter necessidades e, portanto, instaura-se o desejo. A partir de então, ele busca por toda a vida aquele estado de satisfação, a completude sentida no útero materno, ou, a FELICIDADE.

A sociedade capitalista se apropria da incompletude humana e estabelece a promessa da felicidade pelo consumo.

  1. FREUD, KLEIN, LACAN E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

Para FREUD – sujeito se relaciona à existência de satisfação da pulsão sexual como: a sucção, a defecação e a masturbação, por meio de zonas erógenas. A busca do prazer é encontrada no próprio corpo e não em um objeto externo.

Para KLEIN – o bebê já é um sujeito capaz de estabelecer interação com o mundo já nos estágios iniciais do desenvolvimento.

Para LACAN - o sujeito não é o indivíduo, pelo contrário, é um sujeito marcado pela divisão consciente/ inconsciente.

  1. Freud - A sexualidade infantil

As fases do desenvolvimento são resultados de um processo que inclui o acionamento de mecanismos de defesa como o recalque e a projeção, que por sua vez implicam fixações para caracterizar sua estruturação mais dinâmica.

Cada fase diz respeito a uma etapa de desenvolvimento da libido em que há a preponderância de uma zona erógena e uma modalidade específica de relação com o objeto.

I - A FASE ORAL é a fase que dá início à organização sexual infantil– a boca é o destino certo de tudo que está próximo ao bebê. A boca propicia a ele o conhecimento do mundo à sua volta e o seio da mãe é o primeiro objeto da pulsão sexual.

II - A FASE SÁDICO-ANAL – a mucosa do intestino é fonte de excitações intensas, facilmente observadas por meio dos frequentes distúrbios intestinais da primeira infância. O objeto que caracteriza esta fase são as fezes (prender/ soltar). O valor simbólico que as fezes adquirem é tal, que a criança as “entrega de presente” para quem cuida dela. Nessa relação de troca com o outro, há perdas e ganhos: renúncia ao prazer da retenção, para ganhar o respeito social.

III - A FASE FÁLICA – primazia do falo: o menino supõe que todos, como ele, possuem pênis, todavia esta fase não se reduz ao pênis, mas a qualquer objeto investido pela libido. Para LACAN, o falo representará um significante que define como homens e mulheres se posicionam na relação entre os sexos. Nessa fase o que há é masculinidade e não feminilidade. Somente na puberdade quando a organização sexual se completa é que se reconhece uma polaridade sexual entre masculino/ feminino. O menino experimenta o sentimento de angústia pela possibilidade de perder o falo e a menina sofre por já tê-lo perdido. Esta fase é importante porque “assinala o ponto culminante e o declínio do Complexo de Édipo pela ameaça da Castração” (Garcia-Roza, 2004, p. 106).

IV – A FASE GENITAL – a polaridade sexual que se dividia entre passivo/ ativo na fase sádico-anal e entre possuir o falo/ ser castrado na fase fálica, agora, na fase genital, o desenvolvimento sexual atinge seu ápice: tem-se a polaridade sexual masculino/ feminino. A fonte de excitações sexuais é a zona genital, como objetos, o pênis e a vagina, com finalidade de reprodução. É a desvinculação dos pais, o que permite a inserção na comunidade social, dessexualizando-se dos pais e dirigindo os desejos libidinais para um objeto de amor real, no mundo externo.

  1. Melaine Klein – o bebê sádico

Klein contribuiu muito para o avanço da teoria psicanalítica. Se baseou em sua vasta experiência com clínica de crianças. Fez suas próprias descobertas no que diz respeito aos estágios iniciais do desenvolvimento da criança, ainda que tenha confirmado a teoria freudiana do desenvolvimento libidinal. Klein considera que cada criança nasce com um quantum de pulsão de vida e de morte, cujo equilíbrio se mantém quando o bebê está livre de tensões internas e/ ou externas. Descreveu os primeiros meses de vida do bebê a partir de duas posições:

I – ESQUIZO-PARANÓIDE -  entre o nascimento e o 3º ou 4º mês de vida. O EGO se identifica com os objetos bons internalizados. Esta posição é caracterizada pela ansiedade gerada pelo medo que o bebê sente de ser destruído.

II – DEPRESSIVA – se instala entre o 4º e 5º mês de vida. O bebê passa a introjetar o objeto como um todo (amado e odiado), além de sintetizar as emoções relacionadas a ele.

O desenvolvimento gradual do EGO proporciona um aumento na capacidade do bebê em demonstrar seus sentimentos e comunicar-se com as pessoas.

A realidade experimentada pelo bebê no início de sua vida, é uma realidade fantástica que só cede lugar à verdadeira realidade quando o EGO se desenvolve.

Klein formulou uma nova forma de se pensar o ÉDIPO: surge no primeiro ano de vida, com o início da posição depressiva. Os sentimentos depressivos são expressos pelo medo da criança de perder os objetos amados, por causa de seu ódio e agressividade dirigidos a eles, que dá forma às relações de objeto e ao Complexo de Édipo.

Para Klein, a criança cujas pulsões agressivas estão em seu sadismo (rasga, corta, quebra, molha, queima, ou seja, ataca objetos que em sua fantasia, apresentam pais e irmãos).

Quando as ações construtivas aparecem (pintar ao invés de sujar a sala com as tintas), as consequências positivas são trazidas para a relação da criança com os pais e irmãos, tornando-a mais madura e desenvolvendo o sentimento social.

Klein enxergou já no bebê, um sujeito que é capaz de estabelecer, à sua maneira, uma interação com o mundo.

  1. Jacques Lacan – O advento do sujeito

Lacan transformou o termo SUJEITO em ponto central de seu ensino: o sujeito não é o indivíduo, no sentido de uma unidade, mas um sujeito dividido entre consciente e inconsciente. Aquele que está para além do que diz. Lacan não fala em desenvolvimento da criança como Freud, nem mesmo do bebê como Klein, mas na emergência do sujeito do inconsciente.

O processo de constituição do sujeito, do ponto de vista lacaniano, é efeito de duas operações fundamentais:

I – ALIENAÇÃO – distingue dois campos: o campo do “outro” e o campo do “ser vivente”. O campo do Outro se refere ao EU Simbólico, da linguagem, essa que já marca o ser vivente mesmo antes do seu nascimento.

II – SEPARAÇÃO – o embate deixa de ser do sujeito alienado com o Outro da linguagem, e passa a ser com o Outro do desejo, que ao encarnar o desejo não é completo, é faltoso.

Lacan propõe os três tempos do Édipo:

1º. A criança tenta preencher a falta da mãe. A lei é a mãe e a criança é o falo da mãe.

2º. A lei é paterna e o pai interdita a mãe. O pai tem função imaginária.

3º. A função paterna é simbólica, do que é o falo para aquele que tem o falo.

O COMPLEXO DE ÉDIPO se dissolve quando a criança, ao renunciar ser o falo da mãe, se identifica com aquele que tem o falo, o pai.

É assim que a criança se insere na ordem da cultura como um sujeito, ou seja, pensar a criança não como objeto de discurso do Outro, mas como sujeito capaz de produzir um discurso singular.

Referências:

Nishikawa, E. Histeria e borderline. Jornal da Psicanálise, 2017.

CARLONI, P. A história e a constituição do sujeito da psicanálise: introdução aos principais conceitos freudianos para entender a subjetividade humana. s/d.

COUTO, D. P. Freud, Klein, Lacan e a constituição do sujeito. Psicologia em Pesquisa, 2017.

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