A Matriz da Indenidade

INTRODUÇÃO

Moreno ressalta que a identidade está relacionada as fases mais tenras do universo infantil, perpassando por seu crescimento, amadurecimento, chegando ao seu convívio social. O conceito de Matriz de identidade é a base da dos pensamentos morenianos, sendo o inicio da rede relacional de um sujeito. A teoria está baseada em que que ser ao nascer, apresenta seu tempo particular de desenvolvimento. A identidade surge a partir do momento em que a mesma toma consciência de si (EU), do outro (TU) e do coletivo (NÓS).

A Matriz representa o processo evolutivo, cada novo sentimento, novas consciências e relações despertam a nova identidade. Sendo mutável, cada nova experiência compartilhada poderá dar origem à nova identidade construindo novos sentidos

A FUNÇÃO DO PROCESSO DE AQUECIMENTO PREPARATÓRIO E A MATRIZ DE IDENTIDADE

Moreno ressalta que a criança apesar de nascer com um aparato biológico e anatômico preparado para entrar em contato com o mundo não possui um próprio mundo dentro de si do qual possa operar, é apenas um ator sem verbalização e quase desprovido de córtex cerebral. O bebe nasce e necessita se aquecer para desempenhar determinadas funções como, alimentar-se, evacuar, exercitar a visão e olfato. Para isso é importante focalizar num processo imediato de aquecimento para ter um aumento na atenção dirigida para esse ato  imediato, assim encoraja-se uma tendência à especialização de numerosos caminhos para o correspondente processo de aquecimento.

Nesse processo de aquecimento, o ego auxiliar atua de maneira fundamental também para o desempenho infantil de papeis, pois é fato que os bebes e crianças necessitam ser ajudados para desempenhar atividades como comer, defecar, dormir deslocar-se no espaço a sua volta, assim como para identificar-se e se reconhecer. Para a criança esse ego auxiliar é uma extensão de seu próprio corpo.

Moreno refere que a matriz da identidade dá condições à criança que possibilitem  seu desenvolvimento físico, social e psicológico durante seus primeiros anos de vida. A matriz da identidade é a base de construção dos primeiros processos de aprendizagem emocional do ser humano. Na criança ocorre o despertar em saber quem ela é, onde está e qual seu papel no mundo e em suas relações. Moreno (1975) refere que  a identidade está vinculada à fase mais precoce da criança e que a acompanhrá em seu percurso de vida, para que tenha um bom convívio social adulto. A construção da identidade surge no momento que a criança se descobre e reconhece o Eu, descobre o outro reconhecendo o Tu e o social através do Nós. Inicialmente a  criança descobre quem  é de fato e posteriormente irá descobrir os outros papéis das pessoas que a cercam. Junto com esses novos papeis dos outros que a pessoa descobre veem permeada as questões e regras sociais, características culturais. Sua Moreno ressalta que o homem está subdividido entre sua dimensão privada e seus desejos e sua dimensão social e papeis desempenhados. Sendo portanto, o papel a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos. A matriz de identidade é o local onde a criança se coloca desde que nasce, onde são inseridas suas raízes. Suas relações e interações são estabelecidas na matriz da identidade, a criança passa a identificar que não vive só e não é o centro do mundo e suas interações e descobertas são concretizadas na matriz da identidade. O primeiro universo da criança se encontra na matriz de identidade, um universo que circula desde o nascimento onde proporciona a criança “segurança, orientação e guia”. (MORENO, 1975, p.114). Nesse Primeiro Universo a criança desenvolve seus alicerces para o desenvolvimento do processo emocional, onde cada criança tem seu tempo e desenvolvimento. O encerramento desse Primeiro Universo ocorre quando a vivência infantil de um mundo real vai tomando o espaço a um mundo de realidade e fantasia, onde se inicia o Segundo Universo. Esse Segundo Universo é o momento em que “a personalidade passa a estar normalmente dividida” (MORENO, 1975, p. 123), inicia-se a aparição de dois grupos de aquecimento preparatório, onde a realidade e fantasia passam a se organizar. Partindo do Segundo Universo que os indivíduos iniciam um desenvolvimento de dois tipos de papéis: o papel social (ligado a realidade) e o papel psicodramático (ligado as fantasias). Moreno destaca que a matriz da identidade é a “placenta social da criança”, pois estabelece a comunicação entre a criança e o universo social da mãe. A matriz de identidade é dividida em três fases. A primeira fase é a Matriz de Identidade Total indiferenciada ou fase do duplo, onde após o nascimento a criança acredita que não exista uma relação entre ela e a mãe e ambas sejam a mesma pessoa. A  criança ainda não executa as iniciativas de ação e assim depende de terceiros para realizar essas tarefas por ele.

A Matriz de Identidade total Diferenciada compreende a segunda fase, a fase do espelho e  se baseia na etapa em que a criança passa a  perceber que ela e a mãe não são a mesma pessoa, que ambos são diferentes,  e a partir de então essa criança começa a se identificar como um sujeito.

A terceira fase  está  caracterizada pela inversão de papéis, quando a criança se identifica como sendo diferente de todos os outros sujeitos. Percebe que ocupa um lugar no mundo, e que é afetada pela ação de outros e pela suas ações os outros também são afetados. Surge o momento em que ela será capaz de se colocar no lugar do outro e de permitir que o outro também ocupe o seu lugar em uma troca de papeis.

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