A Origem Do Conhecimento Em Descartes
Casos: A Origem Do Conhecimento Em Descartes. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: sfsantana • 10/2/2015 • 1.770 Palavras (8 Páginas) • 742 Visualizações
O filósofo francês René Descartes é considerado por muitos o autor inaugural da
modernidade, uma vez que a filosofia anterior estava preocupada com questões acerca da
natureza do mundo. O sujeito não tinha lugar central na filosofia; o homem usava o intelecto
para conhecer as coisas, e não ele mesmo. Com Descartes houve uma mudança de foco: ele
jogou a luz no sujeito; não busca mais entender o mundo exterior e, sim, se volta para seu
interior, pois acredita que nele que está fundada a condição de conhecer o mundo. A
modernidade pode, assim, ser entendida como uma série de sistemas que partem do sujeito
para conhecer o mundo.
Para Descartes, a forma de alcançar o verdadeiro conhecimento é através da razão; se esta
não for capaz de alcançá-lo, isso acontece porque é falha. Em vez de seguir os
conhecimentos recebidos, basta seguir o bom senso, já que o homem é racional. Nisso vê-se
que o racionalismo está apresentado como uma espécie de naturalismo. Descartes
considerava a razão como algo natural; além de ser comum a todos os homens, ela é una.
Segundo o filósofo, as ciências exatas são o lugar onde a razão está mais bem expressa; por
esse motivo, ele pegou emprestado o método matemático para aplicá-lo em seu sistema
filosófico.
Ele acreditava que o rigor da disciplina poderia conduzir o pensamento de forma mais exata.
Assim, Descartes passou a colocar em dúvida tudo que existe e não seja claro e distinto – dos
objetos simples aos mais compostos, dos objetos mais imediatos até os mais universais.
Descartes entendia que a verdade seria encontrada se o sujeito se voltar para dentro de si e
afastado de tudo, ou seja, sem nenhuma ideia preconcebida por mestres e sem levar em
conta os costumes. Vê-se bem o que caracteriza o racionalismo: a absoluta falta de contato
com o mundo externo; nada de fora influencia a razão.
Na Meditação Primeira, a solidão e a razão são os aliados de Descartes na sua busca pela
verdade, pois ele se dá conta que muitas opiniões que considerava verdadeira, não o eram de
fato. Assim, tendo esperado alcançar maturidade suficiente para se desprender de todas as
suas antigas opiniões, percebeu que tentar provar a falsidade de suas crenças, uma por uma,
seria uma empresa realmente extensa, quiçá interminável; encontrou, então, um método
mais eficaz: a menor suspeita de incerteza presente em uma delas é suficiente para não
aceitar todo o restante. O que era colocado em questão era o alicerce, os fundamentos de
cada verdade estabelecida. Tudo passou a estar sob suspeita: “o menor motivo de dúvida
bastará para rejeitas todas”. Tudo aquilo que é duvidoso é considerado falso. Tal
procedimento distinguia-se da dúvida natural, em que o que é menos duvidoso tende a ser
verdadeiro, ou seja, quanto mais provável mais o conhecimento está próximo da certeza.
Descartes seguia o caminho oposto, na medida em que aquilo que ele negava era justamente
o provável, pois ele considerava que o conhecimento devia ter um caráter necessário (assim
como as verdades matemáticas). Muitas das opiniões tidas como verdadeiras lhe foram
apresentadas pelos sentidos, os quais já o enganaram algumas vezes; desse modo, rejeitava
toda crença nos conhecimentos provenientes deles, já que não eram uma fonte inteiramente
segura.
Descartes negava a objetividade do mundo. Para ele, o que é oriundo da percepção perde a
objetividade e torna-se uma mera aparência. Mas, ao pôr em dúvida o que vê, não coloca em
dúvida a visão; ao colocar em dúvida o que ouve, não coloca em dúvida a audição; ao
duvidar de um cheiro, não põe em dúvida o olfato.
No fim, ele radicalizou a dúvida e colocou em questão até mesmo os sentidos, duvidou da
gênese da percepção. Ainda assim, olhando para ele mesmo, percebeu que há coisas mais
difíceis de serem postas em dúvida pelos sentidos, como o fato de ele estar onde está,
vestido de determinado jeito, agindo de determinada forma. E se tais coisas não passarem de
um sonho? Ou se tudo aquilo que vê – por exemplo, as próprias partes de seu corpo – não
passarem de meras ilusões? Nesse momento ele já não conseguia mais distinguir o real do
ilusório.
O procedimento da dúvida consistia em não se fiar naquilo que já nos enganou ao menos
uma vez. Assim, nossa percepção, nossos sentidos são postos em dúvida, uma vez que todos
eles já nos enganaram. Em um primeiro momento, nossas ideias sobre as coisas é que são
postas em dúvida, pois não é certo que elas representem aquilo que elas representam.
Gradualmente vemos que há um alargamento nos estágios de dúvida: vai dos objetos
exteriores até o sujeito mesmo; depois vai para a própria percepção, que é colocada em
dúvida no argumento do sonho, não mais o conteúdo da percepção como no primeiro
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