A PERSPECTIVA DO SUJEITO ADOLESCENTE FRENTE AOS DISPOSITIVOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Por: brenda sandyele • 19/10/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 4.795 Palavras (20 Páginas) • 244 Visualizações
A PERPESCTIVA DO SUJEITO ADOLESCENTE FRENTE AOS DISPOSITIVOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Andria Nobre Silva
Bruna Emanuele Oliveira
Cristian Caetano Silva
Glenda Polyane Alkmin
Jéssika da Silva Gomes
Mirla Suellen Souza
RESUMO
Objetivou-se neste trabalho apresentar os serviços socioassistenciais voltados para a adolescência sob a perspectiva do sujeito adolescente. Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada com adolescentes no CRAS, efetuada no município de Montes Claros-MG, por acadêmicos do 5º período do curso de Psicologia. No procedimento do trabalho, foi realizada uma entrevista estruturada, a fim de investigar as estratégias dos serviços socioassistenciais. Resultou-se em analisar as relações entre os impasses da adolescência e o grupo como a possibilidade de laço, analisar a produção de vínculos sociais dos adolescentes, mediada pelas estratégias dos serviços oferecidos pela Assistência Social, analisar as vivências de empatia dos adolescentes, enquanto fundamento da construção de vínculos. Em conclusão, nota-se que diversas variáveis podem influenciar a formação grupal dos adolescentes, comprometendo seu desenvolvimento pessoal e social, e cabe a este trabalho analisar como são desenvolvidos os dispositivos socioassistenciais dentro do CRAS, fazendo por meio deste, destacar as questões subjetivas no processo grupal.
Palavras-chave: adolescentes, grupos, serviços socioassistenciais.
INTRODUÇÃO
O jovem tem sido foco de atenção por parte das instituições sejam públicas ou privadas (Gonzáles & Guareschi, 2009, p.104), aparecendo mais recentemente associados à inserção nos processos sociais, através de órgãos oficiais do governo e da sociedade civil, procurando-se certificar a institucionalização de políticas públicas e desenvolvimento de seus benefícios, onde a exclusão dos jovens não é um problema somente deles, mas do conjunto da sociedade.
Mediante a preocupação com relação aos jovens no que diz respeito a sua integração na ordem social, envolvendo vários aspectos de sua vida, vê-se uma grande necessidade de pesquisa e de conhecimento em torno da juventude. Desta forma, institui uma necessidade de controle social que deve ser exercido através da participação cidadã da população, desde seu processo de formulação até o controle das ações, se apresentando como forte desafio para a Assistência Social. (Gonzáles & Guareschi, 2009, p.104)
A Assistência Social se define como “direito da cidadania, com vistas a garantir o atendimento ás necessidades básicas dos segmentos populacionais vulnerabilizados pela pobreza e pela exclusão social” (PNAS, 2005, p 68), que por sua vez tem como funções políticas a inserção, prevenção, promoção e proteção, que ao se integrarem cumprem o papel de resgatar e concretizar direitos antes negados. É possível ver que, para cada momento histórico é apresentada uma ideia do que venha ser a juventude, passando a valer em âmbito geral, como o modelo de análise do jovem concreto em suas relações (Gonzáles & Guareschi, 2009, p.106), o que nos traz maior visibilidade do modo de ser, como efeito de campo de forças em constante luta no quais nos situamos.
Os jovens, ora são vistos como geradores de problemas, ora como um setor vitimizado da população que precisa ser objeto de maior atenção (Gonzáles & Guareschi, 2009, p.107). Este lugar incerto destinado aos jovens se atualiza em tempos mais recentes, o que nos exige um olhar crítico e analítico diante da questão. Nosdiscursos, os jovens aparecem associados à ideia de inserção nos processos sociais. Assim, o governo e a sociedade fazem campanhas para se institucionalizar políticas públicas e potencializar os benefícios desta classe, ressaltando que, a exclusão dos jovens não é um problema somente do governo, e sim, também, da sociedade em geral.
No entanto, numa perspectiva de incluir, onde diferenças vividas como desigualdades geram sofrimento ético-político, Sawaia (2009) citado por Torres & Gouveia (2012), diz que [...] “é preciso realizar pesquisas com aqueles que estão sendo instituídos sujeitos desqualificados socialmente (deixando-se ser ou resistindo), isto é com aqueles que estão incluídos socialmente pela exclusão dos direitos humanos, para ouvir e compreender os seus brados de sofrimento. [...] não basta definir as emoções que as pessoas sentem, é preciso conhecer o motivo que as originaram e as direcionaram, para conhecer a implicação do sujeito com a situação que os emociona”.
Cabe-nos, de início, colocar em questão as práticas psicológicas que instituem e legitimam modos de ser juvenil (Gonzáles & Guareschi, 2009, p.120), por via de um discurso científico ligados a subjetividade do indivíduo, incluído ou não na sociedade, sob a perspectiva do sujeito adolescente.
Se a proposta é de “analisar os serviços socioassistenciais voltados para a adolescência sob a perspectiva do sujeito adolescente”, mostra-se fundamental a necessidade do aprofundamento do estudo das concepções de juventude no âmbito geral e acadêmico, no que diz respeito ao trabalho dos dispositivos que abrangem regiões de vulnerabilidade social. Falar de juventude requer compreender o jovem enquanto produtor atuante em seus variados contextos: histórico, cultural, e social.
Nesse sentido, o papel além de prático, é também um discurso político da Psicologia no âmbito das Políticas Públicas, visando sempre identificar e indicar estratégias no sentido de promoção crítica em prol da democratização social e defesa dos direitos humanos, buscando a compreensão dos diversos momentos históricos de juventude como um processo. Analisar qual o olhar do sujeito adolescente e produção de sentido destes em relação ás estratégias propostas pelos serviços sócio-assistenciais voltados para a adolescência.
É essencial a compreensão sobre a atuação do psicólogo dentro das instituições e programas de assistência social, tendo em vista refletir criticamente os discursos tradicionais do estado e de razão acadêmica proferidos nas últimas décadas. Os jovens ora são vistos como geradores de problemas, ora com um setor vitimizado da população que precisa ser objeto de maior atenção (Gonzáles & Guareschi, 2009, p.107).
Este processo envolve um olhar amplo do psicólogo para com o sujeito adolescente incluído por inteiro, o que constitui suas relações subjetivas, políticas e sociais com o outro e com o meio em que vivem o que acaba por sua vez, gerando sempre um incômodo na ordem social.
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