A PSICOLOGIA E VIOLÊNCIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Por: leticnunes • 7/12/2017 • Trabalho acadêmico • 1.120 Palavras (5 Páginas) • 420 Visualizações
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO[pic 1]
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Análise do documentário “Olhos Azuis”
Relatório apresentado como exigência parcial para obtenção de nota na disciplina de PSICOLOGIA E VIOLÊNCIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO, do curso de Relações Internacionais da Faculdade de Ciências Sociais, ministrada pelo (a) Prof. Talitha Ferraz de Souza.
Letícia Nunes de Souza RA00168531
São Paulo
2016
O documentário Olhos Azuis de Jane Elliot
Para retratar a idéia do documentário escolhi utilizar a seguinte ordem: falar um pouco sobre a autora afim de compreender seu histórico e estudos; resumir sem delongas a ideia principal proposta em seu documentário; relacionar com o texto “Uma cara que não agrada – Albert Jacquard”; e por fim trazer tal fato para o âmbito das Relações Internacionais.
Bom, Jane Elliot é uma ex-professora norte americana de terceiro grau, ativista antirracismo e educadora, além de ser também ativista feminista e LGBT. É conhecida pela sua experiência “olhos azuis – olhos castanhos”, e tal atividade coincidentemente ocorreu um dia antes da morte de Martin Luther King.
O documentário Olhos Azuis (Blue Eyes), que foi produzido em 1996, relata a discriminação e o sofrimento de um modo bem crítico, apesar de sua filmagem não ser de extrema profissionalidade e qualidade, não diminui a questão que vem a ser abrangida, que é a questão racial dos Estados Unidos. Ao observar o racismo por meio de questões fenótipas, Jane Elliot reverte a situação e divide os candidatos de seu workshop em duas categorias: pessoas de olhos castanhos x pessoas de olhos azuis. As pessoas de olhos azuis foram remanejadas para uma sala quente, sem conforto algum, nada de água e comida. Apenas algumas pouquíssimas cadeiras para os 17 participantes ali presentes, que foram marcados com marcadores verdes afim de retratar como os escravos eram tratados no período da escravidão. Já o grupo de olhos castanhos foram responsáveis por tratarem de maneira ríspida e ignorante o outro grupo, de modo a demonstrar somente sentimentos negativos. Tal atitude faz com que os participantes de olhos azuis se sintam rebaixados, desamparados, demonstrando não ter valor o seu sentimento.
Durante todo o workshop, Jane Elliot age de modo autoritário e arrogante, similar a Hitler, de modo a fazer com que os membros do grupo azul se sentissem no fundo do poço, se sentissem chicoteados, mas não fisicamente e sim moralmente, considerando que esses são considerados burros por possuírem olhos claros, pessoas sem poder racional.
Na entrevista dada por Jacquard, ele diz que o racismo existe apesar de que o conceito de raça não tenha um fundamento biológico. Em sua concepção, é possível que duas pessoas da mesma cor, tipo de cabelo, e fisionomia semelhantes não se identifiquem entre si e acabem por dizer que não são semelhantes. Com isso, Jacquard diz: “Se não existem raças, inventa-se uma para poder justificar o desdém. ”
Outro ponto que acho notório da entrevista foi quando Jacquard diz “para o psicanalista, o fenômeno do racismo teria sua origem no individuo, no ódio a si mesmo. E este determinaria, no fim, a expulsão social do outro. ”
Concordo plenamente com o que Pontalis, entrevistador, diz no final do texto/entrevista:
“Mas porque deveríamos, afinal de contas, ser todos idealmente semelhantes, se todos somos, na realidade, diferentes? O paradoxo é que só se pode descobrir a identidade consigo mesmo não sendo idêntico aos outros. O racismo, como fenômeno de massa, só desaparecera com a resolução desse paradoxo, o que pressupõe identidades múltiplas, heterogêneas e moveis, e não o triunfo do Um, necessariamente destrutivo. ”
Na minha concepção, a entrevista e o experimento social de Jane Elliot conversam totalmente entre si, pois quanto ela mostra na prática como a descriminação ocorre, Jacquard e Pontalis discutem e analisam entre si a parte teórica de tal feito.
Dentro das RI, o que pude relacionar foi com a teoria feminista de Cynthia Enloe, pois em certo ponto ela mostra o desequilíbrio gerado pelas bases militares na sociedade, por meio de medidas que evitariam a miscigenação. Por exemplo, entre soldados norte-americanos negros e as mulheres brancas inglesas; e o reflexo dos papéis de gênero (doação de produtos de limpeza às mulheres que se estabeleciam nas bases militares para ficarem com seus maridos, que lutavam na guerra; estratégia da presença feminina nas bases militares como forma de apaziguamento, etc.)
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