A Percepção dos Moradores Sobre os Impactos Sociais e Familiares Vivenciados
Por: jorgelnsilva • 8/2/2017 • Artigo • 1.481 Palavras (6 Páginas) • 402 Visualizações
1.1. A Percepção dos Moradores Sobre os Impactos Sociais e Familiares Vivenciados
Como meio de compreender sobre os impactos sociais vivenciados pelos moradores do conjunto habitacional Nova Suíça foi incluído o questionamento sobre qualidade de vida aos beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida.
Três pontos foram relevantes nesta pesquisa que consiste em avaliar os impactos sociais e familiares vivenciados pelos moradores do conjunto habitacional Nova Suíça em Montes Claros Minas Gerais, 1° a distribuição da população entrevistada por sexo, e a relação dessa disponibilidade atrelada à falta de emprego no sexo feminino; 2° a correlação do tempo de moradia no conjunto habitacional, com a participação destes em reuniões de associação de bairros; 3° a interação e relação entre os vizinhos.
A pesquisa com os moradores do conjunto habitacional Nova Suíça do PMCMV demonstrou que 71,70% dos entrevistados são do sexo feminino, conforme consta no gráfico 1. Esta predominância feminina mostra um grande potencial de mulheres para o mercado de trabalho, porém, a maioria delas, vive ocupada com os afazeres do lar e do cuidado da família. Diante desse quadro, percebe-se a necessidade de incentivos e da efetivação de políticas públicas que viabilizem o direito da mulher na igualdade de gênero.
Gráfico 1 – Distribuição dos entrevistados da população por sexo
Fonte: Dados da pesquisa, coletados pelos pesquisadores
Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) 2002, do IBGE, sobre estudo da desigualdade de gênero, aponta expressiva diferença em oportunidades de emprego das vagas disponíveis no mercado de trabalho entre homens e mulheres, o mesmo vale para a comparação salarial, conforme dados que fazem parte da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) 2015, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar de ter melhorado o resultado, ainda há desigualdade, sendo que em 2015 elas ganharam em média 75,4% do rendimento deles, leve alta em relação a 2014 quando o resultado apresentou74, 2%.
Diante disto, percebe-se que esta realidade se confirma com os dados apresentados na presente pesquisa, na qual as mulheres ainda nos dias atuais se encontram em situação menos privilegiada que os homens, sendo que a maioria não tem empregos e enfrentam muita dificuldade financeira por terem pouca renda ou nenhuma. Conforme ilustra o gráfico 2.
Gráfico- 2 Relação entre estilo de vida e renda
Fonte: Dados da pesquisa, coletados pelos pesquisadores
Apesar do aumento de inúmeros projetos sociais no Brasil, abrangendo o PMCMV ainda assim a pesquisa mostra que a renda familiar é insuficiente para garantir o sustento da família e melhores condições de vida.
A Lei Nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006, sancionada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, diz que: Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL,2006).
Estes direitos, assegurados por lei, na verdade não tem contemplado de forma integral a população feminina ora entrevistadas, visto que esta tem sofrido com a falta de políticas públicas que façam cumprir seus direitos, que as possibilitem a construção de autonomia e que estas possam conciliar o cuidado da família com a realização profissional.
Outro aspecto verificado e salientado nessa pesquisa relacionada aos impactos sociais nota-se que o tempo de moradia da maioria dos habitantes consta aproximadamente entre 4 e 5 anos, a porcentagem de interação e participação reuniões de bairro pressupõe uma perda de vínculos sociais, uma vez que de acordo com BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, (1999), o indivíduo torna membro de um determinado conjunto, apropriando-se do conjunto de conhecimentos já sistematizados, aprendendo seus códigos, normas e regras através de um processo de socialização de formação de crenças, valores e significações. Isto leva a reflexão sobre a falta de envolvimento da população em discussões de condução a melhoria de acesso da população em diversos aspectos, dentre eles a construção do sentimento de pertencimento ao grupo. ( Angela favor colocar citação da autora que fala sobre pertencimento)
Gráfico 3 - Tempo de moradia
Fonte: Dados da pesquisa, coletados pelos pesquisadores
Embora a pesquisa indicar pouco envolvimento e interação com a população em geral no que trata dos assuntos relacionados ao residencial Nova Suíça, analisando o gráfico 4 quanto ao relacionamento dos moradores com os seus vizinhos 52% dos moradores tem uma boa relação com os seus vizinhos e 37% mantêm uma ótima relação. Demostrando uma interação 89% entre eles no conjunto habitacional Nova Suíça podendo assim ser um fator agregador na permanência no local. A constituição das identidades desses moradores fica evidente no conteúdo trazido por eles diante das experiências no processo de aquisição da casa própria. Segundo Jacobi (2000) as práticas do cotidiano vinculadas ao bairro e ao domicílio, o acesso a serviços públicos, as condições de habitabilidade da moradia e as formas de interação com os vizinhos são aspectos importantes das condições de moradia.
Gráfico 4- Relacionamento entre vizinhos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As políticas públicas são geradoras de dois aspectos fundamentais, um produto físico que podem ser mensural e gera um impacto que pode ser físico e mensurável, quanto subjetivo, concomitantemente resulta em mudanças de comportamento, opiniões e atitudes FIGUEIREDO; FIGUEIREDO (1986).
O Governo Federal, em 2009, lançou o programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), cujo objetivo principal é fornecer subsídios para a aquisição de unidades habitacionais, diminuindo assim a deficiência e a desigualdade habitacional no país. De acordo com Maricato (2011), o programa mostra-se alheio á fundamental condição urbana das unidades habitacionais,
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