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A Psicologia Social Assistência Social

Por:   •  17/6/2020  •  Trabalho acadêmico  •  3.406 Palavras (14 Páginas)  •  146 Visualizações

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AUTOINSTRUCIONAL

NOME: Julia Mara Castro Fonseca           TURMA: 302B                  

Da CRUZ, Lílian Rodrigues e GUARESCHI ,Neuza (org). Políticas Públicas e Assistência Social – diálogos com as práticas psicológicas . 2ªEd, Vozes, 2010.

Exclusão e violência: a vida na não cidade

 Alega essa experiência  clínica, que é fundamental abordar da população atendida na assistência social e seu enredo São pontos determinantes que vão evidenciando a diferença deste trabalho e objetivando o lugar de onde intervimos. E por meio da escuta dos sujeitos que a responsabilidade ética de construção de um saber se coloca Saber este que leva em conta a dimensão social e a dimensão do sujeito de forma não dissociada, segundo propõe Freud . Esta violência se inicia muitas vezes pelo precariedade que viveram na infância, pela falta de reconhecimento de sua origem e de sua história, até a violência de não ter um lugar para viver, estando expropriados de seus bens em prol de interesses políticos, sociais e econômicos, alijados dos espaços da cidade e sem lugar no tecido social. O depoimento de adolescentes que pronunciam-se de sua condição de esquecidos na sua vila/periferia, identificada como um espaço do qual a cidade não quer saber, designa a violência que sofrem pela expulsão do espaço urbano e a sua desilusão em poder se unir ao mesmo. Essa debate se repete, quando em um grupo de atendimento as mulheres dizem que «a cidade não é mais nossa». Declaram de uma ausência de cidadania, pois sobreviver na cidade é muito diferente de sentir-se fazendo parte dela. São moradores clandestinos, ilegais que vivem áreas de risco, invasões, áreas desconformes por isso, desatendidos em suas precisões de urbanização, esgoto agua encanada, energia elétrica, sem endereço sujeito de comprovação, vivendo na não-cidade. Ao desejar uma cidade só para si - limpa, rica e segura - as instituições, grupos e cidadãos idealizam um objeto excepcional que vai sendo pouco a pouco mudado à medida que é conquistado. Sobreviver nesta não cidade diz de uma categoria de trabalho precarizado, no qual , muitas famílias a geração de renda ocorre através da catação de lixo e mendicância como alternativas de sobrevivência, pois estão excluídas de outras formas de trabalho valorizadas socialmente. As crianças e adolescentes perdem a infância e tempo para a organização da estrutura subjetiva - porque muito desde cedo entram na luta pela sobrevivência através do trabalho infantil, abandonando a escola e espaços educativos importantes para o seu crescimento Não têm um trabalho formal, com carteira assinada uma vez que não apresentam as condições necessários para competir no mercado e, através do trabalho informal, se conectar-se somente dele, a família passara fome. Ou ainda, eles necessitam de um encaminhamento do profissional da Assistência Social para que consigam ir fazer sua carteira de identidade.

Desamparo constitutivo e desamparo social

Providenciamos a noção de desamparo na obra de Freud com a intenção de associar o que é constitutivo do sujeito com o que é vivido no social. O desamparo refere-se à encargo de prematuridade com a qual o bebé humano vem ao mundo, levando-o a necessitar totalmente do outro para viver. Logo o sujeito se forma a partir da relação com o outro. E composto pelo outro através de significantes que o inscrevem em uma cultura e o marcam desde o seu berço. O pai, ao retirar a criança do ambiente de objeto da mãe, inscreve a enquanto sujeito de desejo. Freud vai fixar que a origem da criação dos deuses pelo homem reside neste desamparo «Assim, seu anseio por um pai assume motivo idêntico à sua necessidade de proteção contra as consequências de sua »debilidade humana. Desta forma, o estado de desamparo faz parte da constituição. Os sujeitos com os quais trabalhamos além de lidar como desamparos psíquicos constitutivo enfrentam-se, também com circunstâncias de privação em que são submetidos ao discurso social dominante que lhes atribui lugares de criminalidade. Consequentemente ficam Jogados a outro desamparo - aquele que trata das condições básicas para sobrevivência, dos mínimos sociais essenciais organizadores da vida e também constituintes da sua identidade. O desamparo social resume à falta de ações integradas e integradoras das políticas públicas que forneçam a esta população as circunstâncias necessárias a uma vida digna. No desamparo social, o sujeito está à obséquio de situações de vida traumáticas em seu cotidiano atualizando constantemente o desamparo psíquico distintivo. Nesta direção a consequência da ruptura das causas do contrato social, aponta Pujo, e a irrupção do traumático, considerado aqui como a desorganização subjetiva subsequente da emergência de quilo que está fora do sentido e da significação.

Dispositivos de intervenção clínica

O trabalho neste âmbito é estabelecido por situações de riscos graves, nos quais, em muitos ciclos a vida do sujeito está ameaçada dando limite entre viver e morrer, matar ou se deixar matar. Cada situação crítica dita acima exige do psicólogo um empenho em sustentar um espaço de escuta que leve em conta os desdobramentos e particularidades dos sintomas psíquicos que estão em jogo para cada um. Antes de tudo o sujeito busca o Centro de Assistência Social para a solicitação de bolsa-auxilio. Ao mesmo tempo em que essa situação marca sua posição de miserável, abre também uma via de trabalho fundamental. A partir de um contrato de transferência de renda com o governo, o sujeito circula pelo Centro, comparece aos atendimentos, constitui laços sociais com seus colegas e com a equipe técnica. Isso amplia muito o trabalho desenvolvido, transformando a bolsa-auxilio em um dispositivo de intervenção clínica fundamental para constância dos atendimentos. A clínica na assistência implica em finalizar a identificação do sujeito que recorre à Assistência Social como alguém que vem «pedir algo», tendo em vista não devolver a resposta somente na via do recurso material mas, sim, abrir um espaço de fala Isso restitui a condição de sujeito desejante e de enigma sobre o ser. Esse desejo a coloca em movimento, fazendo-a inscrever-se socialmente, através da confecção de seus documentos que passam a lhe fazer sentido, o valor da documentação atribuído pelo social, como condição de pertencimento e circulação na cultura, adquire para Rita uma categoria de cidadania. Sugerimos a clínica da assistência social provendo um lugar de Investimento libidinal, pois muitas vezes papel do psicólogo oferecer seu desejo, sustentando um lugar de escuta através dos atendimentos individuais, grupais e outros dispositivos de intervenção clinica. Transmitem a ver que é possível se adaptar da cidade de outra maneira, usufruindo sua condição de cidadão, valorizando o lazer, o conhecimento adquirido nesses locais, enfim, enriquecendo sua vida. E necessário que o profissional através de seu reconhecimento, escuta e intervenção lhe empreste muitas vezes seu desejo. Pois de todo este lugar de desvalia, de dejeto em que se encontra o sujeito miserável, o que lhe sobra é um emplacamento da posição desejante. Algo de uma operação psíquica capaz de fazer frente a toda essa violência vivida, decorrente da exclusão e do desamparo. Através da garantia da palavra se propicia que o ato violento e o emudecimento não calem o tormento destas situações, que é muitas vezes inominável. Temos como visada relançar o desejo para esse sujeito, à medida que possa ir reconstruindo sua história, seus determinantes e referências simbólicas individuais e coletivas. A escuta e o atendimento vêm justamente amparar, proteger, dar uma referência para alguém que se encontra tão desprovido. Constitui-se, assim, um lugar de pertencimento, onde o sujeito vai endereçar sua fala. O trabalho clínico desenvolve-se possibilitando um lugar estruturante de reconhecimento subjetivo, através do acolhimento da palavra, e social, pela inclusão no espaço institucional.

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