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A Relação Entre Depressão, Alterações Cognitivas e Instrumentos de Avaliação Neuropsicológica: Análise via Teorias da Desesperança e do Processamento Emocional

Por:   •  16/2/2024  •  Artigo  •  6.701 Palavras (27 Páginas)  •  80 Visualizações

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Relação entre Depressão, Alterações Cognitivas e Instrumentos de Avaliação Neuropsicológica: análise via Teorias da Desesperança e do Processamento Emocional

Naura Clívia Ortiz Bernardo

e-mail: nauraclivia@hotmail.com

Especialização em Neuropsicologia

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Campo Grande, Mato Grosso do Sul  MS, 8 de outubro de 2023

Resumo

Este artigo apresenta uma revisão sobre a avaliação neuropsicológica da depressão, enfatizando duas teorias explicativas relevantes: a Teoria da Desesperança e a Teoria do Processamento Emocional. Enquanto que a primeira sugere que a depressão está associada a uma visão negativa de si mesmo, do mundo e do futuro, levando a dificuldades cognitivas, como falta de concentração e memória prejudicada, a segunda postula que indivíduos deprimidos têm dificuldades em regular e processar emoções, resultando em um viés negativo na interpretação de informações emocionais e problemas na memória emocional. O artigo também explora os principais instrumentos de avaliação neuropsicológica da depressão, como o Beck Depression Inventory (BDI) e o Teste de Stroop. O BDI é um questionário amplamente utilizado para avaliar a gravidade dos sintomas depressivos, enquanto o Teste de Stroop é usado para investigar o viés cognitivo negativo e a interferência emocional em indivíduos deprimidos. Outras ferramentas, como a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS), também são mencionadas como instrumentos úteis na avaliação da depressão.

 

Palavras-chave: Depressão. Avaliação Neuropsicológica. Teoria da Desesperança. Teoria do Processamento Emocional.  Instrumentos de Avaliação. Beck Depression Inventory. Teste de Stroop 

Introdução

A depressão está classificada como um transtorno de humor no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V) e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em2008, esse distúrbio tem sido a  principal causa da carga global de doenças.

As manifestações da depressão abarcam um conjunto de sinais e de sintomas que afetam as esferas cognitiva, emocional e física, variando em grau leve, moderado e/ou grave. A nível cognitivo (mental), esse transtorno  provoca alterações nos campos da memória, da atenção, da concentração, da flexibilidade cognitiva e da capacidade de abstração, exigindo  a compreensão acurada e cuidadosa desse processo para a  elaboração de um diagnóstico preciso, de intervenções efetivas voltadas à melhoria da qualidade de vida das pessoas deprimidas.

Um dos caminhos utilizados na pesquisa e no entendimento do funcionamento da mente deprimida é a avaliação neuropsicológica, que possibilita acessar o processamento mental, registrando os déficits de velocidade do pensamento, bem como da função executiva, do processo de aquisição dos tipos de memória e de tantas outras funções específicas.

Diante disso, este artigo apresenta a seguinte metodologia: como objetivo principal adotou-se a relação entre depressão, alterações cognitivas e instrumentos de avaliação neuropsicológica. Para atingir esse objetivo será necessário a adoção do objetivo específico de revisão bibliográfica de algumas obras voltadas a avaliação neuropsicológica da depressão, tais como a Teoria da Desesperança e a Teoria do Processamento Emocional, bem como de  alguns  dos principais instrumentos utilizados nesse tipo de avaliação (o Beck Depression Inventory (BDI), Teste de Stroop  e  a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS)) para a identificação dos quadros depressivos através da mensuração dos déficits cognitivos. O resultado esperado com a adoção desses objetivos é a compreensão do quadro depressivo em duas vias: a via cognitivo- comportamental (através do estudo das teorias anteriormente citadas) e a via neurológica (através do estudo dos testes citados), relacionando-as ao final do trabalho.

2. Sobre a Avaliação Neuropsicológica.

Para melhor compreender a avaliação neuropsicológica é interessante enteder a sua gênese: a avaliação psicológica. Esta se refere a “uma  atividade restrita aos psicólogos, cujo desenvolvimento foi  iniciado  na época em que os testes  foram  inaugurados,  no final  do  século  XIX  e  início  do  século  XX”   (CUNHA 2007, pg. 9). Além disso, “é um  processo flexível e não-padronizado que tem por objetivo chegar a uma determinação sustentada a respeito de uma ou mais questões psicológicas através da coleta, avaliação e análise de dados apropriados ao objetivo em questão” (MALONEY;  WARD,  1976  apud  URBINA,  2007,  p.  33); por fim, é importante ressaltar a diferença entre testes psicológicos e avaliação psicológica, pois enquanto “os testes constituem-se de procedimentos sistemáticos  de  coleta  de  informações  úteis  e  confiáveis, a avaliação psicológica  é mais ampla e complexa” (NASCIMENTO; SOUZA, 2004 apud PRIMI, 2010, p. 2).

A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados,  estudos  e  interpretação  de  informações  a  respeito  dos  fenômenos  psicológicos,  que  são  resultantes  da  relação  do  indivíduo  com  a  sociedade,  utilizando-se,  para  tanto, de   estratégias   psicológicas métodos, técnicas e instrumentos. (CONSELHO. 2003, p. 3).  

No que se refere a avaliação neuropsicológica, para entende-la é mister interessante abordar os seus principais objetivos, que são basicamente “auxiliar o diagnóstico diferencial, estabelecer a presença ou não de disfunção cognitiva e o nível de funcionamento em relação ao nível ocupacional e localizar alterações sutis a fim de detectar disfunções ainda em estágios iniciais” (MÄDER, 1996. Pg.20)

A avaliação neuropsicológica  é  um  tipo  bastante  complexo  de  avaliação  psicológica  porque  exige  do  profissional  não  apenas  uma  sólida  fundamentação  em  psicologia  clínica  e  familiaridade com a psicometria, mas também especialização e  treinamento   em   contexto em   que   seja   fundamental   o   conhecimento do sistema nervoso e de suas patologias. Lezak (1995 apud  CUNHA, 2000, p. 171)

Mas quando deverá ser solicitada esse tipo de avaliação? Para os autores Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo e Cosenza (2008), uma avaliação neuropsicológica pode ser solicitada diante das seguintes necessidades:

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