TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Responsabilidade e os questionamentos do eu contemporâneo

Por:   •  3/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.545 Palavras (7 Páginas)  •  120 Visualizações

Página 1 de 7

SÃO PAULO

2017

ÍNDICE

1. Eu como mercadoria afetiva

2. A responsabilidade e os questionamentos do eu contemporâneo

3. A Máquina de Narciso e o eu moderno

4. Bibliografia

  1.  Eu como mercadoria afetiva

A partir do século XX, a forma de lidar com a política, as relações econômicas e sociais e, até, de enxergar o outro sofreram mudanças significativas. No Romantismo, a visão de mundo passa a se centrar no indivíduo, delineando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e emoção do eu. Com isso, o século XX se instaura assimilando alguns aspectos da herança romântica, constituindo uma cultura de intensa valorização das emoções. A sociedade do consumo moldou as relações sociais criando uma cultura afetiva. Quando surge a terapia, os símbolos de identidade se voltam para a noção do eu, dando mais atenção para os sentimentos humanos tanto na sessões voltadas para o individual, quanto aquelas voltadas para a produtividade empresarial.

A psicologia centralizada no trabalho surgiu quando o mercado se tornou mais inseguro por causa da competição de serviços formando “especialistas do conhecimento”, na qual estabelecia-se um gerenciamento afetivo. Esse “projeto” foi eficiente, pois a comunicação trouxe mecanismos capazes de interpretar a conduta, sentimento e produtividade do trabalhador. "Ao buscar seu próprio interesse, o indivíduo frequentemente promove o interesse da sociedade de maneira mais eficiente do que quando realmente tem a intenção de promovê-lo." (SMITH, Adam. 1988). Enquanto as relações econômicas se tornam, cada vez mais, afetivas, os relacionamentos íntimos se estabelecem como mercadorias por meio de critérios econômicos.  

Assim como as diversas áreas da sociedade contemporânea, o amor, também, passou por transformações. Quando se ama, há uma predisposição para a felicidade e, também, para o sofrimento - fato que muitos indivíduos ignoram.Para se blindarem do rumo que a maioria dos relacionamentos amorosos se direcionam, os indivíduos modernos tomam duas posições frente a uma situação afetiva: ou demonstram desapego e autonomia, ou negam a possibilidade de amar intensamente. "[...] as experiências correntes do sofrimento emocional - não sentir-se querido, ou sentir-se abandonado, torturar-se com a distância ou o desapego de outros - estão impregnadas de valores e instituições centrais para os modernos" (ILLOUZ, 2011, p. 429). Por estes motivos que eles acabam recorrendo a sites de relacionamentos - objeto de estudo de Eva Illouz em O Amor nos Tempos do Capitalismo.

Neste livro, a autora desenvolve diversas interpretações sobre o indivíduo contemporâneo que mescla o público e o privado, emocional e econômico, e o romântico e racional. Ao orientar a vida como um produto do capitalismo, o ser humano perde seu caráter único e se encaixa no mesmo nível dos bens comercializados, logo a natureza do ser marginaliza-se colocando, acima de tudo, a natureza do ter. E como resultado da lógica capitalista, a mercadoria não tem mais um aspecto duradouro - tudo é efêmero -, portanto, o outro, também, é visto como mercadoria fazendo dos relacionamentos íntimos uma zona de rotatividade dos objetos amorosos.


2. A responsabilidade e os questionamentos do eu contemporâneo

        A passagem do século XIX para o século XX foi marcada pela principal ideologia do sistema capitalista: a busca pelo sucesso. Teoricamente, o indivíduo não se vê mais prisioneiro de sua classe social e econômica, das escolhas de seus familiares, da posição que sua família ocupa na pirâmide social hierárquica, entre outras amarras. A escolha de sua profissão, de seus relacionamentos, de suas vontades, não depende mais de ninguém. O poder de escolha está nas mãos do eu contemporâneo.

        A ideia de liberdade surgiu como uma das promessas do Iluminismo e, assim como as outras duas, não se deu por completo, tornando-se uma frustração da sociedade atual. A autora Marlene Theodoro discute e desenvolve o tema, suas causas e consequências em seu livro "A Era do Eu S/A - Em busca da imagem profissional de sucesso". Sua linha principal de raciocínio segue a ideia da mercantilização do eu, assim como Tom Peters resume em "Você é a sua própria empresa". Cabe ao indivíduo única e exclusivamente a responsabilidade por sua felicidade e/ou sua tristeza, por atingir seus objetivos ou fracassar.

Mitos como o da meritocracia, presentes na ideia anterior, por exemplo, são os principais causadores das chamadas "doenças psíquicas modernas", como a depressão, a ansiedade e a síndrome do pânico. O próprio mercado de trabalho contemporâneo se viu na posição de criar uma nova divisão social do trabalho, que levasse em conta fatores novos como a concorrência individual, a necessidade de uma especialização, a lógica racional, o paradoxo entre "vestir a camisa da empresa" e a descartabilidade do funcionário, o chamado downsizing, a busca por visibilidade na massa, entre outros.

A modernidade trouxe consigo também mudanças não só no âmbito relacional e profissional, mas pessoal e existencial. A questão da identidade nunca foi tão desafiada e posta em risco como atualmente, em um contexto social em que o indivíduo é incessantemente impulsionado à competir, à possuir e exibir seu diferencial, à ser único. Autores como Lasch, com a ideia de que "o mundo é um espelho", Baudrillard, com "ser X aparecer" e a sociedade do simulacro, entre outros, iniciam uma discussão sobre a ações humanas perante tal contexto.

A partir dessa mudança radical na forma como os indivíduos se relacionam com os outros e consigo mesmo, surgem novos questionamentos existenciais do eu contemporâneo estudados pela filosofia, psicologia, antropologia, entre outras áreas de estudos humanos. É possível, então, que o eu seja livre ? O que é possível saber de si ? Quem determina os limites ? Como manter-se um ser social livre e conservar sua identidade ?

3. A Máquina de Narciso e o eu moderno

A máquina de Narciso de Muniz Sodré desenvolve-se a partir de questionamentos em relação ao papel da televisão e, consequentemente, das mídias na sociedade moderna. Ao começar sua linha de pensamento, o autor nos apresenta um sujeito, que ao ser questionado sobre quem gostaria de ver na televisão em uma pesquisa, desejou que ele mesmo fosse mostrado naquela mídia.        

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10 Kb)   pdf (133.6 Kb)   docx (515.2 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com