A Trajetória de um caso clínico
Por: Marcos Pimentel • 29/5/2015 • Trabalho acadêmico • 641 Palavras (3 Páginas) • 525 Visualizações
O texto intitulado O Vôo de Ícaro - A Trajetória de um caso clínico sob as Luzes da Psicanálise Infantil é da autora Maria da Graça Gastal Borges Fortes (2007), que expõe, dentre outras coisas, a técnica da psicanálise infantil, como ela é entendida hoje e a forma como seus elementos aparecem no setting, a maneira como são manejados e a possibilidade de produzir mudanças, crescimento e “cura”. Neste intuito, é exposto trechos do processo terapêutico de uma criança desde sua etapa inicial, quando ela não conseguia sequer brincar, passando por momentos em que ficam claras as transformações que ela atinge em busca do seu verdadeiro self.
Nesse processo de exposição da técnica da psicanálise infantil em busca de produzir mudança, crescimento e “cura” tanto a criança quanto o terapeuta percorrem um caminho desconhecido, no entanto, o terapeuta tem como objetivo que a criança se aproprie do seu amor próprio, abrindo-se para a vida, como é colocado por Ferro (1995) A “cura” se produz ao conectar o mundo interno de fantasias do paciente com sua realidade externa. Na psicanálise infantil entender de forma correta o desenvolvimento do lúdico na hora da analise é primordial, pois como é exposto por Fortes (2007) é através da “atenção lúdica” que o analista poderá sentir compreender e dar sentido ao conteúdo daquilo que a criança expressa. Este conteúdo deve ser devolvido, na brincadeira e na linguagem da própria criança, por intermédio de uma “interpretação lúdica”. No momento do jogo a criança pode buscar tanto o que lhe é prazeroso como doloroso, ou seja, está relacionado com todas as suas emoções. “É no brincar que a criança pode vivenciar a realidade temida, encontrando soluções para situações catastróficas e irremediáveis, pois adentra em um mundo distante no tempo e no espaço... No mundo da fantasia” (FERRO, 1995).
É inegável a importância sobre os estudos e praticas da psicoterapia voltada para infância, mas é necessário refletirmos sobre alguns aspectos, é importante discorrer como a clínica psicanalítica direcionada à infância, principalmente à primeira infância, nos coloca diante de certa mudança de paradigma, de uma clínica baseada no significante e na linguagem (verbal), para uma clínica voltada para a ideia de construção dos significados por meio do brincar. A sutileza que deve permear as interpretações do terapeuta é de grande importância, pois o necessário será dito, mas de forma diferenciada, ou seja, não verbal. Além desse aspecto anteriormente citado é necessária uma reflexão acerca da relação puramente analítica, pois Posteriormente ao relatar o caso de Ícaro à autora demonstra a dificuldade de manter com a criança uma relação puramente analítica, o que nos remete a Anna Freud (1971) que não acredita poder estabelecer com a criança uma relação puramente analítica. Não se pode afirmar que é impossível, no entanto, não poderia declarar facilidade dependendo dos motivos pelos quais a criança foi encaminhada além de contarmos com o processo de transferência e contratransferência. Outro aspecto relevante é a maneira como deve ser conduzido à participação dos pais no tratamento dos seus filhos por que muitos autores divergem nesse aspecto como por exemplo, Priszkulnik, (1993, p.68) afirma que ... dependendo da angústia que a análise da criança desperta nos pais, negar a possibilidade
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